Micro-organismos encontrados em rocha com 830 milhões de anos podem ainda estar vivos

Schreder-Gomes et al

A descoberta pode dar mais pistas sobre a Terra e também tem implicações na busca pela vida extraterrestre, especialmente em Marte, que tem composições semelhantes às encontradas na formação Brown.

Uma nova descoberta pode revolucionar o entendimento científico da Terra antiga. O estudo publicado na Geology detalha a descoberta de pequenos vestígios de vida  procariótica e de algas presos em cristais de halita com mais de 830 milhões de anos.

A halita é cloreto de sódio, ou seja, sal, e a descoberta sugere que este mineral natural pode ser um recurso para os estudos dos ambientes antigos de água salgada que até agora tem sido ignorado. O mais importante: os organismos presos nos cristais podem ainda estar vivos.

Esta pesquisa também tem implicações na busca pela vida fora da Terra, como em Marte, onde grandes depósitos de sal já foram identificados com provas de reservatórios antigos e de grande escala de água salgada.

Micro fósseis antigos já tinham sido encontrados pressionados em formações rochosas, mas o sal não preserva a matéria orgânica da mesma forma. Quando os cristais se formam num ambiente de água salgada, pequenas quantidades de fluido podem ficar presas lá dentro — as inclusões de fluido.

Isto torna-as valiosas cientificamente por reterem informações sobre a temperatura da água, a sua química e até sobre a temperatura atmosférica na altura da sua formação. O método de identificação dos micro-organismos nestes ambientes extremamente salgados também levanta questões sobre se estes têm a mesma idade que a halite.

A equipa de investigadores conseguiu agora debruçar-se sobre esta questão ao analisar uma amostra extraída da formação Brown, na Austrália, em 1997 através de métodos não-invasivos e meramente óticos. Isto deixou a halite intacta, o que garante que qualquer coisa que estivesse lá dentro ficou lá presa na altura da formação dos cristais, escreve o Science Alert.

Os cientistas usaram petrografia transmitida por luz e ultravioleta, primeiro com uma magnificação baixa para identificarem os cristais de halite e depois com uma magnificação 2000 vezes maior para observarem as inclusões de fluido.

Lá dentro, a equipa descobriu orgânicos em estado líquido e sólido consistentes com células procarióticas e eucarióticas, devido ao seu tamanho, formato e fluorescência ultravioleta. O alcance da fluorescência também é semelhante à de alguns organismos modernos, o que sugere que o material não foi alterado.

Os autores especulam até que isto significa que alguns dos organismos ainda estão vivos, caso as inclusões de fluidos sirvam como habitats para pequenas colónias. Esta revelação pode ter implicações em Marte, já que o planeta vermelho tem composições semelhantes às encontradas na formação Brown.

ZAP //

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