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Meteorito ou supervulcão? Cratera em Marte intriga cientistas

ESA / DLR / FU Berlin

Imagem captada no dia 1 de janeiro de 2018 pela Câmara de Alta Resolução da Mars Express da ESA

A Agência Espacial Europeia não sabe a origem da cratera denominada Ismenia Patera, apontando ter sido provocada por um meteorito ou por um vulcão extinto.

As imagens da sonda Mars Express da ESA mostram uma cratera, denominada Ismenia Patera, no Planeta Vermelho. A sua origem permanece incerta: um meteorito atingiu a superfície ou poderia ser o remanescente de um supervulcão?

Ismenia Patera – patera que significa “bacia plana” em latim – fica na região da Arabia Terra, em Marte. Esta é uma área de transição entre as regiões norte e sul do planeta, uma parte da superfície especialmente intrigante.

A topografia de Marte é claramente dividida em duas partes: as planícies do norte e as terras altas do sul, esta última com até alguns quilómetros de altura. Esta divisão é um tema-chave de interesse para os cientistas que estudam o Planeta Vermelho.

Ideias de como esta divisão dramática se formou sugerem um único impacto massivo, múltiplos impactos ou placas tectónicas antigas, como observado na Terra, mas a sua origem ainda não está clara.

Ismenia Patera tem cerca de 75 km de diâmetro e o seu centro é cercado por um anel de colinas, blocos e pedaços de rocha que se acredita terem sido ejetados e lançados para a cratera por impactos próximos.

O material lançado por esses eventos também criou pequenas quedas e depressões que podem ser vistas dentro da própria Ismenia Patera. Fossas e canais serpenteiam da borda da cratera até ao fundo, que se encontra coberto por depósitos planos e gelados, que mostram sinais de fluxo e movimento – estes são provavelmente semelhantes a glaciares rochosos e ricos em gelo, que se acumularam ao longo do tempo, no frio e árido clima.

Estas imagens foram obtidas no dia 1 de janeiro pela câmara de alta resolução da Mars Express, que circunda o planeta desde 2003.

As imagens detalhadas lançam luz sobre vários aspetos de Marte – por exemplo, como é que as características que deixaram marcas na superfície se formaram inicialmente e como evoluíram ao largo dos muitos milhões de anos desde então. Esta é uma questão-chave para Ismenia Patera: como se formou esta depressão?

Existem duas ideias principais. Uma delas associa-se a um potencial meteorito que colidiu com Marte. Depósitos sedimentares e gelo fluíram, então, para encher a cratera, até desmoronar para formar a paisagem desigual e fissurada hoje observada.

A segunda ideia sugere que, em vez de uma cratera, Ismenia Patera já foi o lar de um vulcão que entrou em erupção catastrófica, lançando enormes quantidades de magma ao seu redor e colapsando como resultado.

Vulcões que perdem grandes quantidades de material numa única erupção são denominados supervulcões. Os cientistas continuam indecisos sobre se existiram ou não em Marte, mas o planeta é conhecido por abrigar inúmeras estruturas vulcânicas enormes e imponentes, incluindo o famoso Monte Olimpo – o maior vulcão já descoberto no Sistema Solar.

Arabia Terra também mostra sinais de ser a localização de uma província vulcânica antiga e há muito inativa. Aliás, outro candidato a supervulcão, Siloé Patera, também se encontra em Arabia Terra.

Certas propriedades das características de superfície observadas em Arabia Terra sugerem uma origem vulcânica: por exemplo, as formas irregulares, o baixo relevo topográfico, as bordas relativamente elevadas e a aparente falta de material ejetado que, normalmente, estaria presente ao redor de uma cratera de impacto.

No entanto, algumas destas características e formas irregulares também podem estar presentes em crateras de impacto, que simplesmente evoluíram e interagiram com o seu ambiente de maneiras específicas ao longo do tempo.

Mais dados sobre o interior e subsuperfície de Marte irão ajudar os cientistas a entender estruturas como Ismenia Patera, revelando mais sobre a complexa e fascinante história do Planeta Vermelho.

// CCVAlg

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