Jornalistas querem limitar uso de inteligência artificial na profissão. Utilização descontrolada pode colocar em risco a deontologia.
O “queremos” no título refere-se ao universo dos jornalistas portugueses (ou à amostra que respondeu a este inquérito).
O “nesta profissão” no título refere-se ao jornalismo, como é fácil de entender.
O barómetro de media Sonda +M / Central de Informação abrange 49 jornalistas portugueses em cargos de edição/chefia, em mais de 30 órgãos de comunicação social de âmbito nacional.
A conclusão destacada está relacionada, sem surpresas, com o rápido avanço da Inteligência Artificial (IA), que de repente passou a fazer parte do dia-a-dia de milhares de pessoas, incluindo de jornalistas.
Este inquérito confirma que maioria dos jornalistas (64%) utiliza IA no seu trabalho: 54% para pesquisar informação, 10% para adaptar textos – embora seja curioso que nenhum usa IA para produzir notícias.
No entanto, apesar de utilizarem esta inovação, 95% diz que é necessário – e urgente – criar regras que limitem a IA no jornalismo: para 68% dos inquiridos, a sua utilização descontrolada pode colocar em risco os códigos deontológicos; para 27%, o seu desenvolvimento tem sido muito rápido e descontrolado. Apenas 5% acha que é urgente informar, mas não limitar o uso.
A julgar por esta amostra, e segundo o comunicado enviado ao ZAP, os jornalistas (86%) não acreditam que serão substituídos pela IA. 59% lembra que a IA não tem critérios jornalísticos, 27% considera que a IA não permite a diferenciação do trabalho do jornalista.
No entanto, 14% dos inquiridos acha que, um dia, a IA vai substituir os jornalistas; para 9%, isso irá acontecer porque as ferramentas IA serão mais rápidas e eficazes, e para 5% a IA vai funcionar melhor na entrega de conteúdos com base no histórico e localização dos leitores.