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Menina que morreu após duas idas às Urgências sofreu ruptura do baço. Médica não percebeu

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Leonor Martinho, a criança de 12 anos que morreu no Hospital Garcia de Orta em Almada, no passado dia 22 de Dezembro, sofreu uma ruptura do baço que não foi detectada pela médica que a atendeu nas Urgências da CUF do Monte da Caparica, no mesmo concelho. A menina foi duas vezes àquela unidade de urgência, seguindo para casa sem fazer exames.

O caso está a ser investigado pelo Ministério Público que abriu um inquérito-crime, conforme anunciou o Público. A pediatra que atendeu a criança nas Urgências terá, entretanto, sido suspensa, enquanto decorre o inquérito interno aberto na CUF, segundo a SIC Notícias.

Essa pediatra não terá detectado a ruptura do baço, de acordo com o Correio da Manhã (CM). A médica não terá aconselhado a realização de nenhum exame e terá chegado a dizer à mãe da criança que as queixas que ela apresentava eram apenas “uma chamada de atenção” e que devia ser consultada por um pedopsiquiatra.

Foi já no Hospital Garcia de Orta, também em Almada, que foi detectada a ruptura do baço, após duas idas às Urgências da CUF, vinca o CM. Foi neste estabelecimento hospitalar que ela acabou por falecer.

Nessa altura, “pouco ou nada havia a fazer”, refere uma fonte hospitalar ao jornal, salientando que além da ruptura do baço, a TAC ao tórax que lhe foi realizada “detectou acumulação excessiva de fluido entre as membranas que envolvem o pulmão”. Esse “derrame pleural” pode ter sido causado pela ruptura do órgão que tem por missão filtrar o sangue, para o depurar de bactérias, como admite ao CM o director do departamento de Hematologia do Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Manuel Abecasis.

“O baço está abaixo do tórax, que tem como função proteger os pulmões. Ora, se existe uma complicação ao nível do baço, sobretudo se este aumentar de volume, que pode levar à ruptura, é possível que daí surjam complicações como o derrame pleural“, aponta Manuel Abecasis.

A ruptura do baço, acontece “normalmente devido a impactos violentos como quedas ou acidentes de viação”, refere ainda o médico que, contudo, avisa que há doenças do sangue que fazem “inchar” o órgão.

Os resultados da autópsia devem chegar dentro de “três meses”, como referiu a mãe da menina ao CM, e podem ajudar a esclarecer as causas da morte da criança.

ZAP //

25 Comments

  1. Boa tarde. As minhas respeitosas condolências à Família e muita força para superar tão grande desgosto. Também sou mãe, de um rapaz de 16, e nem consigo sequer conceber o que estarão estes Pais e familiares a sentir…
    Pese a tragédia que envolve toda a situação, alguém me consegue explicar porque é que uma autópsia demora TRÊS MESES? As minhas desculpas.

    • Cara Maria João,

      Infelizmente será mais um penoso processo que esta família terá que suportar. Os meus votos é que efetivamente sejam “apenas” os 3 meses anunciados, para que possam fechar este doloroso processo. Em meu caso particular posso lhe dizer que aguardo o resultado da autopsia de meu pai desde abril passado. 8 meses volvidos e até agora nada!
      Os porquês desta infeliz ineficiência não lhe consigo responder sem mais que um: É o país que temos…

      • Caro Sr. Alexandre A (por acaso o nome do meu filho e o A, um dos meus apelidos), boa tarde e muito obrigada por me responder.
        Os meus sentimentos pela perda do seu Pai e que tudo se resolva o melhor possível. Felicidades para si, c/esperança e força renovada neste ano que agora começa.

    • A autópsia em si, demora poucas horas. Mas depois existe uma bateria de análises, inspecções nos próprios órgãos, culturas biológicas que serão necessárias fazer, etc. E após isso tudo, reunir a informação recolhida, interpreta-la, redigir o relatório e respectivas conclusões. Demora o seu tempo. Muitas vezes, pensa-se que a causa da morte foi uma, e no fim descobrir que foi uma outra completamente diferente.

      • Boa tarde, muito obrigada pelos seus esclarecimentos. Entendo tudo isso, mas mesmo assim, acho tanto tempo… mas lá está, não sou médica e havendo suspeitas ou a mínima possibilidade de dúvida, concordo que todas as hipóteses devam ser analisadas até se chegar à conclusão inequívoca. Bom ano.

    • Conheço a mãe em questão, que no seu comunicado informa que só se serviu do privado dado que as urgências pediátricas do público se encontram encerradas entre as 20h e as 08h. Mais amor, por favor.

      • Eu não fiz qualquer juizo de valor, apenas constatei os factos!
        Não vi o comunicado, mas há alguma coisa que não bate certo nisso de “as urgências pediátricas do público se encontram encerradas entre as 20h e as 08h”.
        Encerradas?!
        Isso pode acontecer num hospital em particular, não em todos – como e óbvio!!
        .
        De qualquer modo, o meu comentário era só para realçar que a saude/hospitais privados é que sao bons e é tudo bem tratado e tal, mas quando corre mal, vão logo a correr para o público!

    • sra que se intitula de eu! informe se antes de dizer disparates! infelizmente as pessoas tem que recorrer a hospitais privados ja que os publicos! estes que sao pagos por todos nos e de fato para onde voce tambem contribui toda a vida uma fortuna para quando precisa recorrer, estarem fechados que foi o caso do garcia da orta nas urgencias de pediatria. o problema das redes sociais e que qualquer um pode dar opiniao e nao toda a gente a sabe dar…

  2. Tudo isto é bem revelador do estado a que o Estado chegou. Pagamos uma brutalidade de impostos e a verdade é que grande parte da população não tem acesso a serviços mínimos de saúde. Repito: não tem acesso a serviços de saúde. De que vale uma intervenção cirúrgia daqui a dois ou três anos? De que vale uma consulta para daqui a 2, 3 ou 4 meses? Será que também posso pagar os meus impostos daqui a 3 ou 4 anos?
    Pagamos muito em impostos e o Estado nada nos dá. Assim torna-se recorrente dar prioridade a hospitais privados e clínicas privadas. Curiosamente exerci medicina ao longo de uma vida e, quer eu quer os meus colegas (atualmente todos reformados), optamos sempre por um determinado hospital privado aqui da nossa região. Por que será?
    Independentemente de ser público ou privado, o Estado deveria assegurar que todos os utentes têm realmente acesso em tempo útil a cuidados de saúde. Não perceber isto é não compreender nem ter consideração pela vida humana. É um princípio básico que os nossos políticos aparentemente não demonstram ter.

  3. Eu não fiz qualquer juizo de valor, apenas constatei os factos!
    Não vi o comunicado, mas há alguma coisa que não bate certo nisso de “as urgências pediátricas do público se encontram encerradas entre as 20h e as 08h”.
    Encerradas?!
    Isso pode acontecer num hospital em particular, não em todos – como e óbvio!!
    .
    De qualquer modo, o meu comentário era só para realçar que a saude/hospitais privados é que sao bons e é tudo bem tratado e tal, mas quando corre mal, vão logo a correr para o público!

  4. O que parece haver aqui é negligência e deixa andar, o resultado está à vista e infelizmente para a menina está morta e seus familiares vão ter que conviver o resto das suas vidas com este trauma. Mais condições na saúde e mais profissionalismo é condição urgente, pois a vida das pessoas não é para brincadeiras!.

  5. Uma laceração do baço só pode resultar de um trauma violento ( queda de grande altura , acidente de viação ou violência) ….sou só eu a questionar : O que aconteceu a esta criança ANTES de ir ao hospital??
    Privado ou público, negligências podem ocorrer e deveram ser analisadas e consequências apuradas se as houver, mas querem me fazer crer que se tivessem dito a esta médica que a criança sofreu um trauma violento ela não iria requisitar TC e RM ??
    Antes de se atirarem a instituições e profissionais de saúde que nem uma horda de desmiolados que não raciocinam, se calhar deveríamos indagar:O que levou a criança a sofrer uma laceração hepática…

    • Apoiado. Parece que os pais estão a ocultar algum acontecimento que ocorreu antes.
      Qualquer médico/a que soubesse os antecedentes teria mandado fazer exames.
      Não digam só mal da médica. Esperem para ver………

    • Na minha vida profissional tive conhecimento de algumas situações análogas que não resultaram necessariamente de acidentes rodoviários ou atos de violência. Nos apelidados desportos de contacto ou mesmo em outros desportos “mais ligeiros” mas onde possam ocorrer situações de choque e queda é possível haver ruptura do baço.

  6. Apoiado. Parece que os pais estão a ocultar algum acontecimento que ocorreu antes.
    Qualquer médico/a que soubesse os antecedentes teria mandado fazer exames.
    Não digam só mal da médica. Esperem para ver………

  7. Os médicos antigamente, a primeira coisa que faziam era apalpar as pessoas e perguntar dói aqui, dói acolá. Hoje em dia parece que têm nojo de tocar nos doentes e fazem diagnósticos a olho nu. É provável que uma ruptura no baço fosse diagnosticada com um toque.

  8. Pena é terem reduzido os horários de trabalho dos profissionais de saúde no sector público de 40h para 35h semanais. Seria o suficiente para manter as urgências abertas. Então se fosse junto com algum discernimento onde vale ou não a pena investir milhões… É uma desgraça o Garcia de Orta e outros hospitais importantes fecharem a urgência pediátrica.
    O Quill não leu que pode dever-se a doenças do sangue e não imagina que as crianças possam magoar-se numa brincadeira e nem falar nisso.
    Os mais profundos sentimentos à família que está a passar por este horror. Que possam um dia ter paz.

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