Fernando Medina e Carlos Moedas protagonizaram esta terça-feira um debate aquecido, que ficou marcado por trocas de acusações. Se Medina acusou Moedas de ser um “camaleão”, o candidato social-democrata disse que o autarca lisboeta era um “diretor de marketing”.
Medina acusou Moedas de aproveitamento político de casos que envolveram a Câmara Municipal de Lisboa e desvalorizou as suas propostas para ajudar os jovens a comprar casa e para combater os problemas de mobilidade na cidade.
Face às acusações, o candidato do PSD justificou-se com a “necessidade de escrutinar” os 14 anos de governação socialista na câmara lisboeta. “Há algo errado neste serviço de urbanismo”, salientou, citado pelo jornal Público. “Não são casos nem casinhos. São problemas sérios”.
Foi então que Medina acusou Moedas de ser um “camaleão” que “vai dizendo umas coisas num sítio e o seu contrário noutro”. “Quer estar bem com Deus e com o Diabo. Isto é fatal em política”, acrescentou.
Moedas ripostou, dizendo que Medina é um “diretor marketing” da autarquia.
“O Fernando fala como se o programa [Renda Acessível] estivesse a funcionar. No fundo, é um ótimo diretor de marketing, mas não é presidente da câmara”, atirou o ex-comissário europeu, citado pelo Expresso.
Das acusações à discordância
Com uma fotografia de uma casa camarária degradada, onde uma família numerosa vive sem o mínimo de condições, Moedas acusou Medina de não conhecer esta realidade e de ter 1.600 casas fechadas na Gebalis, a empresa que gere os bairros sociais. O presidente da Câmara lisboeta negou esta alegação.
Além das trocas de acusações, Medina e Moeda falaram daquilo que defendem para a cidade em diferentes dossiês. Discordaram totalmente nas políticas de mobilidade, de habitação, nas taxas e impostos ou nas políticas ambientais.
Carlos Moedas disse que “as pessoas estão fartas de pagar impostos” e que, por isso, quer devolver 32 milhões de euros de IRS aos lisboetas.
“A Câmara de Lisboa é a autarquia na AML que tem os impostos mais baixos”, ripostou Medina. O autarca salientou ainda que a câmara reduziu o seu passivo em cerca de 1.000 milhões de euros, enquanto o PSD a levou à “bancarrota” quando governou Lisboa.
O caso do ex-vereador Manuel Salgado, arguido num inquérito judicial relacionado com a construção do Hospital CUF Tejo, e que continua a ser consultor de Medina, foi usado como arma de arremesso por Moedas.
“Temos tido uma postura institucional correta. Queremos que as investigações decorram com celeridade e vamos colaborar. Não há ninguém acusado, pronunciado nem julgado de nenhum crime. O meu papel é diligenciar para que todas as irregularidades sejam apuradas. É recorrente aparecerem aproveitamentos políticos em tempo de campanha eleitoral”, justificou o socialista.
O facto de a número dois de Fernando Medina na lista para as autárquicas, Inês Lobo, ter um contrato de 800 mil euros com a Câmara Municipal de Lisboa também foi trazido à conversa.
Medina disse que se trata de “uma das mais prestigiadas arquitetas do nosso país” e, de acordo com o DN, acusou Moedas de deixar “os problemas de Lisboa para segundo plano”. “Não assento a minha campanha em capas do Correio da Manhã”, acrescentou.
O debate desviou-se para um dos temas centrais: a habitação. Moedas disse que Medina não ter cumprido o objetivo de disponibilizar as 6.000 casas municipais que prometera há quatro anos é “um dos seus maiores falhanços”.
Uma das medidas do social-democrata é isentar o pagamento do IMT aos jovens até 35 anos que comprem a sua primeira casa até 250 mil euros na capital.
É um “descontozinho”, retaliou Medina. Segundo o autarca, “o que vai fazer a diferença não é o desconto do IMT, mas ter os 50 mil euros para dar de entrada”.
“O programa do PSD é mais uma bola de Natal”
Quanto à mobilidade na capital portuguesa, Fernando Medina considera que o reforço e melhoria das redes ferroviárias e a expansão do metropolitano são essenciais.
“O que é notável é que um candidato em 2021, com o conhecimento que tem, é capaz de, num capítulo inteiro sobre alterações climáticas, não ter uma palavra sobre a redução de emissões dos transportes, que é a maior fonte de emissão na cidade de Lisboa”, atacou Medina. “É chocante”.
Por sua vez, Carlos Moedas propõe a construção de parques dissuasores à entrada da cidade e a gratuitidade do transporte público para jovens até aos 23 anos e pessoas com mais de 65 anos.
Face às críticas do seu adversário, Moedas lembrou que, enquanto comissário europeu, foi responsável por criar um fundo de 3,5 mil milhões de euros por ano para o combate às alterações climáticas.
Medina lembrou ainda que introduziu o passe metropolitano, que reduziu para 40 euros o custo de todas as viagens na Grande Lisboa — medida que foi recusada pelo PSD.
“Nós fizemos uma reforma da maior importância social e ambiental. O programa do PSD é mais uma bola de Natal”, atirou.
Em resposta, Moedas realçou que “a coligação Novos Tempos tem cinco partidos”, sublinhando que tem as suas próprias ideias.
O Medina considera-se uma pessoa não rica, no entanto vive num apartamento em Lx, quase dado pela T. Duarte, com um valor de mercado de 1 milhão de €….será verdade que não é RICO?