Dos bares e discotecas aos hotéis e alojamentos locais, as medidas de combate à pandemia de covid-19 anunciadas ontem por António Costa não estão a ser bem recebidas.
Após a reunião do Conselho de Ministros desta terça-feira, António Costa veio confirmar as notícias que já estavam a ser avançadas pela comunicação social.
As medidas previstas para a semana de 2 de janeiro foram mesmo antecipadas, com a obrigatoriedade de teletrabalho a vigorar já a partir das 00h00 de dia 25 de dezembro, o fecho de creches e ATL’s, mas também de bares e discotecas.
Bares e discotecas: medidas não têm “algum sentido”
A Associação Portuguesa de Bares, Discotecas e Animadores vai recorrer “a formas de luta” contra o encerramento destes estabelecimentos caso o Governo não clarifique nos próximos dias as restrições anunciadas esta terça-feira para o setor.
“Há um grupo alargado [de empresários] que pretende pôr uma providência cautelar, há um grupo muito grande que pretende vir para a rua e convidar os clientes das casas a vir para a rua. Portanto, temos de tudo um pouco. Vamos ter que perceber junto dos empresários nos próximos dias, para entre todos decidirem quais as formas de luta”, disse Ricardo Tavares à Lusa.
Ricardo Tavares considerou que não tem “algum sentido” estes empresários estarem impedidos de abrir e de realizar eventos no final do ano, quando outros estabelecimentos vizinhos os podem fazer.
O responsável apontou que muitos empresários já fizeram avultados investimentos, de “dezenas de milhares de euros”, para a realização de festas de final de ano, têm já “as compras feitas, o ‘staff’ e as animações contratadas” e agora vão enfrentar mais um prejuízo, quando estavam “a sair de debaixo de água”.
O empresário questionou ainda se os apoios previstos pelo Governo para compensar o encerramento se aplicam a todos no setor, “visto que, durante a pandemia, houve muitos empresários que tinham a sua situação regularizada, mas que, por falta de condições financeiras, começaram a dever ao Estado, nomeadamente às Finanças e à Segurança Social”.
António Costa referiu que os bares, discotecas e espaços de diversão noturna terão neste período de encerramento apoios no âmbito do ‘lay-off’ simplificado e do programa Apoiar, para ajudar a suportar os seus custos fixos.
Medidas vão “afugentar os clientes” dos restaurantes
Adicionalmente, nos dias 24, 25, 31 de dezembro e 1 de janeiro será obrigatória a apresentação de teste negativo para se poder aceder a restaurantes, casinos e festas de fim de ano.
A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) sugere que esta medida vai resultar em estabelecimentos vazios, argumentando que as farmácias não terão capacidade para dar resposta à realização de testes à covid-19.
“O primeiro-ministro teve o cuidado de dizer que se evitaram medidas mais drásticas, como encerrar os estabelecimentos, porque as empresas já se tinham comprometido com ‘stocks’, etc, e isto teria um grande impacto económico. Mas não encerrando, temos à mesma cancelamentos. O que vai acontecer na prática é que, com isto, vamos afugentar os clientes”, diz a secretária-geral da AHRESP, Ana Jacinto, em declarações ao Expresso.
“As pessoas não vão conseguir fazer os testes necessários, porque as farmácias não têm disponibilidade, e já têm filas de espera grandes. Era preciso ampliar enormemente os centros de testagem, e há várias semanas que a AHRESP tem vindo a dialogar com autarquias em todo o país com vista a este objetivo”, acrescentou.
Ana Jacinto refere ainda que estas restrições nos restaurantes vai levar as pessoas as pessoas a fazerem festas ilegais, “como sabemos que vão acontecer”.
A secretária-geral da AHRESP sublinha ainda que “a restauração vai ter cancelamentos com estas medidas, e não são só os bares e discotecas, todo o setor do alojamento e da restauração deve ser apoiado”.
A apresentação de teste negativo está também prevista em estabelecimentos turísticos, alojamentos locais, cerimónias familiares (como casamentos e batizados), eventos empresariais, espaços culturais e recintos desportivos — independentemente da sua lotação.
Hotéis antecipam perda de “metade da faturação”
Os hotéis e alojamentos locais também preveem uma vaga de cancelamentos face às novas medidas anunciadas por António Costa. A Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP) apela que o Governo crie com urgência um “reforço enorme” dos sistemas de testagem gratuitos.
“Arranjem testes, e locais para se fazerem os testes, em vários locais sobretudo em zonas do interior onde muitas vezes não se consegue fazer um teste num raio de 50 quilómetros, esse é o ponto de partida”, diz o presidente da ALEP, Eduardo Miranda, ao Expresso.
“Mas qual é a lógica de fazer esta exigência a uma família restrita que se quer justamente isolar na noite de Natal ou do Ano Novo, numa moradia ou num apartamento, para fugir das festas e dos ajuntamentos e estar em maior segurança?”, questiona.
O presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Raul Martins, garante que vai haver uma perda de “metade da faturação”, principalmente com uma redução de festas de Natal e Ano Novo, “que eram um balão de oxigénio para os hotéis”.
Centros comerciais: “Não faz sentido”
Os espaços comerciais também terão uma redução de lotação — será permitida uma pessoa por cada cinco metros quadrados —, de forma a evitar aglomerações no habitual período de trocas e saldos.
Ao Expresso, o diretor-executivo da Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC), Rodrigo Moita de Deus, diz que “não faz sentido criar constrangimentos nas entradas através destas limitações”.
“Corre-se o risco de estar a criar os ajuntamentos, que se deveriam evitar, à porta dos espaços comerciais”, atira. O cumprimento das regras sanitárias e o elevado investimento feito seriam razões suficientes, segundo Moita de Deus, para não haver este tipo de restrições nos centros comerciais.
Parabéns pelo esforço de vacinação povo, tomem la a vossa prenda de natal! HoHoHo!
Mas afinal a vacina serviu para quê se para entrar em qualquer sítio vacinado ou não preciso sempre de um teste negativo?
Equipa ZAP …acho que tem um lapso… nos centros comerciais acho que o permitido passa a ser 1 pessoa por 5 m2 e não 2…!
Caro leitor,
Obrigado pelo reparo, está corrigido.