Médicos portugueses vão para a Polónia ajudar refugiados

Ordem dos Médicos junta-se à Missão Ucrânia, uma iniciativa da sociedade civil portuguesa, e envia hoje para Cracóvia, na Polónia, quatro médicos: três portugueses e uma ucraniana.

Os enviados vão tentar fazer uma triagem dos refugiados que querem vir para Portugal e que necessitam de cuidados de saúde.

Esta é uma das várias missões que a Ordem está a pensar desenvolver, no âmbito do Gabinete de Apoio Humanitário, segundo o Diário de Notícias.

A 4 de março, a Ordem dos Médicos anunciava a criação do Gabinete de Apoio Humanitário (GAH), tendo em vista o apoio aos refugiados que pudessem chegar a Portugal e que necessitassem de cuidados de saúde.

Do gabinete coordenado pelo médico Vítor Almeida, fazem parte médicos portugueses, mas também ucranianos e russos que aceitaram o desafio da Ordem.

A primeira missão deste gabinete começa hoje, a 15 de março, com o envio de quatro médicos, no âmbito de uma ação organizada pela sociedade civil, com o nome “Missão Ucrânia”, para a Polónia.

Segundo explicaram, dos quatro elementos que compõem a equipa da Ordem dos Médicos, três têm uma vasta experiência prévia em missões humanitárias, inclusivamente em cenários de guerra.

Um deles é o próprio coordenador do GAH, Vítor Almeida, e “o quarto quarto elemento é uma médica ucraniana que exerce em Portugal e que será vital para facilitar a comunicação entre os profissionais e os cidadãos ucranianos”.

O bastonário referiu que o trabalho destes médicos será, sobretudo, fazer uma “triagem no terreno, organização e produção de registos clínicos essenciais e de acompanhamento ao longo de todo o percurso para Portugal”.

Reforçou ainda que tal só acontece devido “ao contributo de profissionais de excelência que não hesitam em ajudar e em colocar o seu conhecimento ao serviço da humanidade”.

Os médicos que hoje partem para se juntar a um dos comboios humanitários da Missão Ucrânia, que já partiu no domingo, dia 13, e que chega a Cracóvia hoje, terão também como tarefa fazer um levantamento das “condições encontradas no terreno para que possam compreender a dinâmica do processo e para que todas as informações sejam fidedignas e ajudem futuras intervenções humanitárias”.

“Serão também testadas fichas clínicas para refugiados, devidamente traduzidas, para possibilitar a integração dos dados com o Serviço Nacional de Saúde”, referiram.

Todos estes médicos trabalham no Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas vão ter dispensa provisória nos serviços onde exercem, já que tal missão foi também aceite pela tutela.

Ao mesmo tempo, a Cruz Vermelha Portuguesa também se juntou a esta missão, disponibilizando material médico e malas de primeiros socorros.

O regresso deste “comboio” humanitário está marcado para dia 19 de março. São poucos dias, mas Miguel Guimarães afirma que “esta é apenas uma de várias intervenções que o GAH está a preparar e que estão a ser pensadas para facilitar a receção dos refugiados no nosso país”.

Como já tinha argumentado há uma semana, “é mandatório que se crie um cordão humanitário para se fazer chegar aos profissionais que estão no palco do conflito medicamentos, material médico e cirúrgico e até mesmo médicos para que se continue a poder tratar os doentes que já existiam e os feridos desta guerra”.

Em Portugal há 319 médicos ucranianos a exercer e 149 russos, sendo os primeiros uma das maiores comunidades na área médica e muitos deles já com dupla nacionalidade.

Dos 319 clínicos ucranianos, 192 encontram-se em funções na região do Sul e Ilhas, 84 no Norte e 43 no Centro, estando a maioria a exercer nas áreas de Saúde Pública, Medicina Geral e Familiar, Urgências e Medicina do Trabalho.

Em relação aos médicos russos, dos 149 a maioria, 100, também está na região Sul e Ilhas, os restantes estão espalhados pelo Norte (37) e pelo Centro (12).

À semelhança do que acontece com a comunidade médica ucraniana, a maioria dos clínicos russos também está nas áreas de cuidados primários, havendo só 17 especialistas em Medicina Geral e Familiar, dez em Medicina Interna e oito em Medicina do Trabalho.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.