Dezenas de médicos de Lisboa investigados por picar o ponto uns pelos outros

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Mais de duas dezenas de médicos de hospitais no centro de Lisboa estão sob investigação por falsificarem entradas e saídas ao serviço, ao picarem o ponto uns pelos outros.

A investigação do Ministério Público perdura desde 2019 e teve origem na queixa de outro clínico.

De acordo com o Público, todos os médicos que foram constituídos arguidos continuam em funções. Em causa podem estar crimes de falsidade informática e burla.

Os hospitais usam dois tipos de sistemas de controlo de assiduidade. Um deles obriga ao médico a introdução de uma palavra-passe no seu computador quando inicia o dia de trabalho. O segundo sistema é mais sofisticado e obriga à utilização da impressão digital.

O primeiro é, obviamente, mais fácil de contornar e, como tal, foi através deste sistema que os profissionais de saúde em questão contornaram o controlo de assiduidade.

“Recorda-se que este centro hospitalar possui cerca de 8.300 profissionais que circulam por seis unidades, tão distantes entre si como o Hospital de São José e o Hospital de Curry Cabral, circunstância que justifica a manutenção de um registo redundante por entrada na rede informática”, sublinha a fonte do gabinete de comunicação do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC) em declarações ao Público.

Os dois sistemas mantêm-se, em grande parte, devido à contestação dos médicos face à utilização do sistema biométrico.

Em 2007, o então ministro da Saúde, Correia de Campos tentou introduzir este método de controlo de assiduidade nas unidades de saúde, mas a sua ideia não foi bem recebida entre os profissionais de saúde.

O então bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, argumentava que este novo sistema iria reduzir a produtividade.

“Qualquer aluno de gestão do primeiro ano sabe que um controlo que provoca rigidez diminui a produtividade. Temos a certeza de que o Ministério encontrou outra forma de poupar dinheiro que é diminuir o que os médicos fazem, ao tratar menos doentes. Só temos que dar os parabéns ao ministro por esta esperteza”, atirou Pedro Nunes, na altura.

Em 2013, a Inspeção-geral das Atividades em Saúde (IGAS) descobriu casos de médicos a receber indevidamente remunerações extraordinárias por cirurgias que realizaram durante o horário normal de trabalho. Em causa poderão ter estado custos irregulares na ordem dos 1,3 milhões de euros, correspondentes a seis médicos.

ZAP //

17 Comments

    • Aparentemente, parece que se cansam mais depressa no público do que no privado… Mas no público podem cansar-se menos… se receberem mais !?! É estranho este conceito de cansaço!

    • Eles fazem no publico, para acederem ao privado, e assim, ganham por dois “carrinhos”, sempre foi, é e será se ninguém colocar travão :/ Já para não falar de clínicas privadas, de “sr.drs” , que tal umas ” investigaçõesitas” ?

  1. “Os dois sistemas mantêm-se, em grande parte, devido à contestação dos médicos face à utilização do sistema biométrico.” Porque é que será que houve contestação? Assim não haveria possibilidade de batotas.

    Mas isto é um clássico na função publica. Trabalhei na função pública há 40 anos e já nesse tempo era um hábito um marcar o ponto de todos que já estão no café à espera. Porque há de agora ser diferente?

  2. Nada de novo no reino.
    Estas “reformas” nunca serão aceites pelos profissionais, quer sejam de saúde ou de outra qualquer área pública, a pergunta é: Para que servem os governantes? Não será para trabalharem para o bem comum? Se sim como parece óbvio, porque é que não aplicam e fazem aplicar normas que qualquer cidadão comum entende e aceita.
    Tem sido este o problema do nosso país daí nunca conseguirmos ser produtivos e estarmos sempre com “problemas” para resolver, criados por interesses particulares contrários ao bem público, afinal custa tanto “obrigar” a cumprir a lei? Se os governantes não conseguem para que raio precisamos de governo?
    Neste caso concreto, mais uma vez vamos ouvir a lenga lenga do costume, quem prevaricou que seja castigado e a justiça que actue, tudo isto seria diferente se os políticos governassem para o bem comum sem medo de lobbies e de poderes fácticos.

  3. Pior só mesmo a”juiz de direito” que assinou as atas de audiência de julgamento, mas não compareceu a qualquer uma das citadas audiências, é verdade, está documentado, mas os vigaristas do CSM e do MP omitem a verdade material, tendo eles em sua posse os dois elementos probatórios que inculcam que com toda a probabilidade as juízas serão condenadas e não absolvidas!
    Até quando!?

  4. Os dois sistema mantêm-se porque quem manda nos serviços de saúde públicos são normalmente médicos.

    O regabofe acaba, quando se contratarem gestores.

  5. Não vou dizer nada que quem de direito não saiba já, porém aqui vai.
    .SNS só será viável se:
    1) Ordenados e carreiras competitivos como os privados.
    2) Regime de exclusividade obrigatório para todos
    3) Trabalho por objectivos.
    4) Controle de qualidade e produtividade.

    • Esqueceu-se do fundamental: formar mais médicos. Havendo médicos em abundância acabam todos os problemas. Verá que nessa altura não reclamam do salário… mas do desemprego.

  6. Os infratores são os mesmos que depois dizem que os políticos são todos corruptos, que votar não serve para nada, que não pedem fatura no mecânico para não pagarem IVA, ou que não passam recibos das consultas para fugirem ao IRS.

  7. Estas associações de interesses na TVI/CNN falam 32 dias por mês e 25 horas por dia, é uma televisão privada para a defesa dos seus acionistas Privados e interesses de capitais do sistema, podia comparar o crime de um doutor português formado á biqueirada, com o cartão de militante do partido politico, com o seu guarda sol e o papel da baixa passado pelo senhor doutor colega, apanhando seus banhos de sol, indiferente ao sofrimento e perda de vidas, com o Sr. Doutor na Ucrânia a lutar por salvar vidas dos ataques á bomba do criminoso Putin, quem é o mais criminoso ?

  8. grande novidade. grande descobera. No hospital de Torres Novas fazem exactamente o mesmo. Até existe um médico que distribui város automoveis pelo parque de estacionamento para pensarem que ele está lá quando já saiu noutro automovél.
    No Centro de Saude Torres Novas é o msmo em relação às enfermeiras e auxilares. Para não falar que 30 minutos antes do fecho já não atendem ninguem e que antes da hora do fecho estão todos encostados ao relogio de ponto a aguardar pelas 20h.
    Na CP do Entroncamento é pratica corrente sair mais cedo e deixar o cartão a u colega para marcar o ponto. Nesta empresa o email do trabalho serve para tratar assuntos pessoais como férias e a escola dos filhos.
    No Arsenal do Alfeite depois das 16h termina o trabalho porque a hora de saia é às 17h mas a esta hora o banho já está tomado.
    Alguem que ponha ordem nesta trampa …………………………….

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