Um grupo de cientistas da Universidade de Medicina de Harbin, em Heilongjiang, na China, realizou o “primeiro transplante de cabeça humana”, anunciou esta sexta-feira em conferência de imprensa o professor italiano Sergio Canavero.
Segundo o jornal britânico The Telegraph, a operação de 18 horas, que foi realizada num cadáver, demonstrou que é possível refazer com êxito as ligações da coluna vertebral, dos nervos e dos vasos sanguíneos entre a cabeça e o corpo.
A intervenção foi dirigida pelo médico chinês Xiaoping Ren, cirurgião que o ano passado terá transplantado com êxito a cabeça de um macaco.
O professor Sergio Canavero, director do Grupo de Neuromodulação Avançada da Universidade de Turim, em Itália, considera que está agora iminente a realização de uma operação semelhante num ser humano vivo.
“Foi realizado o primeiro transplante de cabeça em cadáveres humanos. A próxima etapa é uma troca completa entre dadores de orgãos que se encontrem em morte cerebral, e esse será o passo final até ao transplante formal de cabeça em seres humanos vivos, que está iminente”, declarou o cirurgião italiano.
Segundo o diário britânico, Sergio Canavero, que anunciou em 2015 que no prazo de dois anos iria realizar o primeiro transplante de cabeça humana, não apresentou até agora nenhuma prova concreta do sucesso das duas intervenção de Xiaoping Ren, mas garante que “o estudo será publicado dentro de dias” em revista científica a anunciar.
“Todos disseram que era impossível. Mas a cirurgia foi um êxito”, assegura Canavero.
A comunidade científica, no entanto, continua a acompanhar com cepticismo os anúncios de Canavero e as pesquisas de Ren, cujo trabalho agora não recebeu qualquer validação científica pelos seus pares.
A equipa de Canavaro publicou até agora uma série de artigos sobre as suas técnicas de seccionamento e reatamento de ligações da medula espinhal em diversos animais vivos, mas os estudos não receberam validação científica – particularmente por não descreverem com exactidão a técnica usada e não terem qualquer controlo de variáveis.
Entretanto, particularmente interessado em saber novidades acerca dos avanços de Canavero e Ren estará certamente Valery Spiridonov, o programador russo de 32 anos que foi escolhido para se tornar o primeiro humano a ter um transplante de cabeça.
Spiridonov sofre de uma rara condição de perda muscular genética, conhecida como doença de Werdnig-Hoffmann. Não há actualmente nenhum tratamento conhecido, e a única saída para o jovem programador é, literalmente, perder a cabeça.
“A única coisa que tenho é um sentimento de impaciência agradável, como se tivesse estado a preparar-me para algo importante toda a minha vida”, dizia o programador. Dois anos mais tarde, ainda está à espera de Canavero – e de um corpo novo.