A coordenadora da resposta da Casa Branca à pandemia da Administração Trump admitiu que as mortes ligadas à covid-19 “podiam ter sido reduzidas de forma substancial”.
Numa entrevista ao canal televisivo CNN, transmitida no domingo, Deborah Birx, coordenadora do combate à pandemia durante a Administração Trump, sugeriu que o ex-Presidente é o grande responsável pela maioria das mortes registadas no país.
“Na primeira vez, temos uma desculpa. Nesse pico inicial houve cerca de 100 mil mortes. Estou convencida de que todas as outras mortes podiam ter sido mitigadas, ou reduzidas de forma substancial”, disse a médica, citada pelo jornal Público.
A profissional revelou também que foi chamada para uma reunião com Trump, em agosto do ano passado, depois de ter aconselhado as comunidades das zonas rurais a usarem máscara e a manterem o distanciamento durante o verão.
Birx disse que “toda a gente na Casa Branca ficou transtornada” com as suas declarações, por irem contra a narrativa de que a transmissão do vírus ia abrandar com o calor, e admitiu que a conversa com o antigo chefe de Estado foi “muito desconfortável, muito direta e muito difícil”.
Numa outra entrevista à CNN, conta o mesmo jornal, o antigo chefe dos Centros de Prevenção e Controlo das Doenças (CDC), Robert Redfield, acusou o então secretário da Saúde de Trump, Alex Azar, de o ter pressionado a alterar os números do relatório semanal de morbilidade e mortalidade.
“Pode desmentir, mas essa é a verdade. Numa das vezes, não só fui pressionado pelo secretário da Saúde e pelos seus advogados, como também fui pressionado por telefone, pelos mesmos advogados e pelo chefe de gabinete, e durante mais de uma hora, quando ia a conduzir para casa”, disse.
O ex-chefe da Food and Drug Administration (FDA), Stephen Hahn, também denunciou pressão política, sobretudo na altura em que a Administração Trump lhe retirou a autoridade para avaliar os testes que estavam a ser desenvolvidos por laboratórios privados no país.
Coronavírus / Covid-19
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