A Media Capital esclareceu, esta segunda-feira, que, “até à presente data”, não recebeu as verbas relativas à compra antecipada de publicidade institucional pelo Estado, no âmbito da medida de apoio ao setor devido à pandemia de covid-19.
Para ajudar os media no âmbito do impacto no setor da pandemia de covid-19, o Governo aprovou, em abril, a compra antecipada de publicidade institucional por parte do Estado, no montante de 15 milhões de euros, dos quais 75% (11,2 milhões de euros) visam a comunicação social de âmbito nacional.
Do montante total, 3,3 milhões de euros estão destinados à Media Capital que, “depois de descontado o IVA a entregar ao Estado, resultariam num pagamento antecipado de aproximadamente 2,7 milhões de serviços a prestar pelos meios do grupo”, refere a empresa, num esclarecimento.
“Até à presente data, a Media Capital ainda não recebeu qualquer montante”, acrescenta a dona da TVI.
O grupo refere que a covid-19 “colocou forte pressão na tesouraria das empresas destinatárias desta medida, algumas delas grandes empregadores num setor tão nevrálgico e de grande alcance na prestação de serviços de relevante interesse público”, pelo que, “como em relação a tantas outras medidas, foi entendimento do Governo poder antecipar o pagamento de fundos por conta de serviços a serem prestados no futuro imediato”.
A Media Capital sublinha que “foi sempre um mero adiantamento de fundos para pagamento de serviços a virem a ser prestados e nunca um qualquer subsídio à atividade ou um financiamento a fundo perdido ou sem contrapartida certa”, adianta.
A dona da TVI garante também que “tem prestado os serviços que os diversos organismos do Estado lhe encomendam, num valor que ascende atualmente a cerca de 600 mil euros e que vai aumentando à medida de novas encomendas que são dirigidas à Media Capital, tudo sem que tenha ainda existido qualquer contrapartida financeira”.
Aliás, “o que seria um apoio à tesouraria da empresa tem-se revelado como um constrangimento à tesouraria, dado que é a Media Capital que está a avançar com a prestação dos serviços sem o correspondente recebimento”, aponta.
O grupo salienta igualmente que “nunca existiu qualquer medida governamental que se traduzisse em subsidiar órgãos de comunicação social e a repetição reiterada desta insinuação feita nos últimos meses nunca fez dela uma verdade”.
Este esclarecimento surge na sequência da contratação de Cristina Ferreira para a TVI, anunciada na sexta-feira passada e que apanhou o mercado de surpresa, dado que a apresentadora tinha contrato com a SIC até 2022.
No sábado, o presidente do PSD, Rui Rio, utilizou o regresso da apresentadora ao canal para reiterar as críticas à forma como o Estado apoiou os media.
“Percebe-se agora o apoio de 15 milhões de euros do Governo a este setor; realmente, as despesas são muitas e a crise é grande. Aguardemos agora notícias sobre o apoio público socialista à dispendiosa contratação do novo treinador do Benfica”, escreveu o líder social-democrata no Twitter, com um link para uma notícia do jornal Expresso em que se refere que a SIC exige pelo menos quatro milhões de euros à apresentadora pela saída.
O líder do PSD tem criticado, frequentemente, os apoios anunciados pelo Governo à comunicação social, que passam pela compra antecipada de publicidade paga para compensar a perda de receitas publicitárias devido à pandemia de covid-19.
No início de maio, Rio equiparou o setor da comunicação social, para efeitos de apoios no âmbito da pandemia, a fabricas de móveis ou de sapatos.
“As empresas de comunicação social são empresas iguais às que fabricam móveis, sapatos, têxteis. Se têm uma dificuldade, devem ter todos os apoios que existem para todas as empresas”, afirmou, dizendo discordar de uma subsidiação especial.
Numa outra publicação no Twitter, em meados de maio, o líder do PSD escrevia: “15 milhões de euros de impostos para ajudar a pagar os programas da manhã e o Big Brother que voltou em força. Tanto me têm atacado por eu não compreender esta urgência democrática.”
ZAP // Lusa