A primeira-ministra britânica afirmou ser “muito provável que a Rússia seja responsável” pelo envenenamento do ex-espião russo e da filha, Yulia, numa declaração no Parlamento em Londres.
Diante dos parlamentares britânicos, Theresa May sublinhou que a substância utilizada contra o ex-espião e a filha, que ataca o sistema nervoso, é “de qualidade militar” desenvolvida pela Rússia.
Além de ter considerado “altamente provável” que o envenenamento do ex-agente duplo russo tenha autoria russa, a chefe do executivo britânico classificou-o como um ataque “cego e imprudente contra o Reino Unido”.
Para a governante, só existem dois cenários possíveis: tratou-se ou de “um ataque cirúrgico” do Estado russo, ou de uma “perda de controlo” da substância química pelas autoridades russas.
Na mesma intervenção, a primeira-ministra britânica deu um prazo a Moscovo, até terça-feira à noite, para fornecer explicações à Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ).
Em caso de ausência de uma resposta “credível”, o executivo britânico considerará que “esta ação constitui um uso ilegal da força pelo Estado russo contra o Reino Unido”, acrescentou a primeira-ministra.
May recordou que o envenenamento se inscreve “num contexto bem definido de agressão levada a cabo pelo Estado russo”, referindo o conflito em Donbass, a “anexação ilegal da Crimeia”, as “repetidas” violações do espaço aéreo de vários países europeus, campanhas de ciberespionagem, bem como “o ataque bárbaro” a Alexandre Litvinenko, antigo agente secreto russo envenenado com Polónio-210 e morto em Londres em 2006.
Lembrando que as sanções adotadas contra cidadãos russos após o caso Litvinenko “continuam em vigor”, a chefe do Governo britânico declarou-se “pronta para tomar medidas mais fortes“, referindo, nomeadamente, a presença de tropas britânicas estacionadas na Estónia, no âmbito de um destacamento da NATO.
“Espetáculo circense”, acusa Kremlin
A Rússia já reagiu às acusações. “É um espetáculo circense no Parlamento britânico. As conclusões são claras: uma nova campanha de propaganda informativa assente em provocações”, declarou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, afirmou que o Kremlin só vai responder quando o Reino Unido “cumprir as suas obrigações”, quando entregar uma amostra da substância que supostamente foi usada.
O “Reino Unido, como bem devem saber a sua primeira-ministra e o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, é membro, da mesma forma que a Rússia, da Convenção sobre a Proibição de Armas Químicas”, disse Lavrov. Por isso, assim que teve a suspeita do uso de uma substância proibida, “teria que se ter dirigido imediatamente ao país de onde se suspeita que procede essa substância”.
Enquanto isso, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo convocou hoje o embaixador do Reino Unido em Moscovo. Ontem, o embaixador russo no Reino Unido também foi chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros em Londres.
Agente nervoso “muito raro”
Serguei Skripal, de 66 anos, e a filha Yulia, de 33 anos, foram encontrados inconscientes no dia 4 de março, num banco num centro comercial em Salisbury, no sul de Inglaterra.
Na quarta-feira seguinte, o chefe da polícia anti-terrorista britânica, Mark Rowley, revelou que o ex-agente duplo russo e a sua filha tinham sido vítimas de um ataque deliberado com um agente que ataca o sistema nervoso.
Os dois têm permanecido hospitalizados, nos cuidados intensivos, em “estado crítico, mas estável”. Um dos primeiros agentes da polícia a chegar ao local está também internado “em estado grave mas estável”.
Skripal é um ex-coronel dos Serviços de Inteligência da Rússia que foi recrutado pelos serviços secretos britânicos em 1995. A troco de dinheiro, o agente forneceu ao Reino Unido a identidade de vários espiões russos que operavam na Europa, bem como outras informações militares russas, destaca a BBC.
Em 2006, Skripal foi condenado na Rússia, mas, posteriormente, foi alvo de uma troca de espiões levada a cabo entre as autoridades russas, norte-americanas e britânicas. Foi, nessa altura, que se mudou para Inglaterra.
A May ou é burra ou então está a fazer-se a tal. Na posição que ocupa tem a abrigação de saber algumas coisas. Primeiro nao se deve acusar quem quer que seja, sem ter provas do que afirma. Segundo é mentira que a crimeia tenha sido anexada, ela sabe perfeitamente que foi efectuado um pedido da propria crimeia para sair da ucrania e fazer parte da federação russa devido a um golpe militar ilegal, mas isto ela diz porque nao convém, nao é sra. May??? Em terceiro ela tem que indicar qual o espaço aereo de que país houve violação, as noticias dizem-nos que o espaço aereo era internacional, ou seja, de livre acesso a tudo e a todos.
A sra May ainda é adepta que repetir varias vezes muitas mentiras, elas de tornam verdades passado algum tempo, mas nao assim.
Sr. Jorge,
Excelente análise, na minha opinião.
Uma vez mais um governo russo parece mostrar não deixar cair as suas habilidades preferidas de há tantos anos.
Se olharmos a história poderemos fazer uma analise do quanto a Inglaterra tem feito para desacreditar países com este tipo de artimanhas. para quem não se lembra, o MI6 ajudou a Gestapo, a polícia secreta dos nazistas, através da “troca de informações sobre o comunismo” e sobre a princesa Diana muito ainda estará por desvendar já não esquecendo as milhares de pessoas mortas por uma decisão tomada contra o Iraque não verdadeira. Não nos podemos de esquecer que é do interesse inglês que algo se passe para as atenções sobre o brexit sejam desviadas da atenção do povo inglês e melhor do isto não há. Esperemos para ver os acontecimentos esperando que a Europa não vá em cantilenas porque a sua economia é que poderá ficar a perder incluindo Portugal.