A Marinha Portuguesa tem uma equipa destinada ao desenvolvimento de engenhos de guerra, usando apenas brinquedos tecnológicos do dia-a-dia, como por exemplo carros telecomandados.
A Célula Experimentação Operacional de Veículos Não Tripulados (CEOV) é também apelidada de “Divisão Q“, relativa à personagem dos filmes James Bond, “Q”, que integra o MI-6 e é responsável pela produção de engenhos tecnológicos sofisticados a serem usados pelos agentes.
Tal como nos filmes, os marinheiros portugueses estão a transformar meros brinquedos tecnológicos em protótipos de armas, que podem ser usadas em combate e que têm capacidade para matar. Segundo o Ars Technica, um carro telecomandado de brincar foi equipado com câmaras de filmar e um lança-granadas.
Alguns destes engenhos foram apresentados no evento da NATO, intitulado de Recognized Environmental Picture Maritime Unmanned Systems (REPMUS), que se realizou no final de setembro, na península de Troia. O vice-almirante Gouveia e Melo disse que a principal motivação desta unidade é “combater ameaças assimétricas com um pensamento assimétricos”.
O tenente Tiago Mendes, que lidera a equipa, explica que o processo de aquisição de novas tecnologias de ponta por parte da Marinha Portuguesa é muito lento. De acordo com o Jane’s 360, o próprio assegura que os telemóveis dos marinheiros têm mais poder computacional do que os navios em que navegam. O tenente explica que o próprio Estado Islâmico consegue desenvolver este tipo de tecnologias mais rapidamente.
Os engenhos bélicos criados não têm de ser necessariamente usados pela Marinha Portuguesa contra inimigos. Em vez disso, é uma maneira de explorar o que um inimigo inovador poderia fazer, para que os militares possam, assim, desenvolver contramedidas.
“Somos como a vacina contra a gripe”, explicou Tiago Mendes. “Nós não fazemos a mudança — nós começamos o processo”, atirou.