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Maria Luís Albuquerque na liderança do PSD: “Não se deve dizer nunca”

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A ex-ministra das Finanças não exclui a possibilidade de suceder a Passos Coelho como líder do PSD, embora assegure que, para já, não tem essa vontade.

Em entrevista ao Diário de Notícias, Maria Luís Albuquerque afirmou que a hipótese de vir a ocupar a liderança do PSD “não está em cima da mesa”, até porque considera “um hábito pouco saudável em relação a líderes que acabam de ser reeleitos com uma maioria esmagadora estar já a falar de quem é que os sucede”.

No entanto, a ex-ministra admite que, em matérias dessa natureza, “não se deve dizer nunca” e que “depende muito das circunstâncias”.

“Se me pergunta se tenho vontade ou se tenho essa intenção: não a tenho, mas nestas matérias, afirmações absolutas de nunca parece-me contraproducente”, afirma.

Relativamente ao Programa de Estabilidade proposto pelo atual Governo, a deputada social-democrata não tem dúvidas: “é francamente um programa mau”.

“O PE e o PNR acabam por espelhar aquilo que é a inconsistência de uma governação que simultaneamente diz que quer cumprir compromissos mas que é apoiada por uma maioria que rejeita até a legitimidade desses compromissos e aquilo que é necessário para os atingir”, acusa a ex-ministra.

Relativamente a Mário Centeno, o socialista que a sucedeu na pasta das Finanças, Maria Luís refere que não tem de o avaliar como ministro, até porque o que a preocupa mesmo é “a falta de qualidade das políticas”.

“Ainda só temos três meses de execução orçamental e há já vários sinais preocupantes“, declara, sublinhando o crescimento dos pagamentos em atraso que, na sua opinião, “revela descontrolo e uma provável inconsistência entre as metas traçadas pelo orçamento e aquilo que são as necessidades dos diversos setores”.

Banif, Banco de Portugal e Arrow

Quanto ao desfecho do Banif, a ex-ministra assegura que o Governo do qual fazia parte estava “muito confiante de que com aquele plano de reestruturação haveria um um desfecho que teria para os cofres do Estado um impacto que seria uma pequena parcela daquilo que foi efetivamente”.

“O que aconteceu no fim, os valores que estiveram envolvidos, foram uma surpresa e é uma matéria que tem de ser esclarecida”, remata.

Apesar disso, Maria Luís Albuquerque diz manter a confiança no governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, reconhecendo que “a manutenção da confiança num regulador, com a importância que é o banco central, é um elemento fundamental da própria estabilidade financeira”.

Para a ex-governante, a criação de um “banco mau” para concentrar o crédito mal parado, tal como aconteceu em Espanha e Itália, não lhe parece ser “urgente”, uma vez que “aquilo que o sistema financeiro diz repetidamente é que não há procura de crédito de qualidade para que ponham os fundos disponíveis ao serviço do investimento”.

Em relação à polémica gerada com a sua contratação por parte da Arrow, Maria Luís garante que “a questão foi colocada logo de início de forma errada”, considerando que foi revelada “uma enorme ignorância sobre o que é a atividade de uma empresa destas” e “um princípio errado de que era uma atividade que teria tutelado enquanto ministra das finanças”.

“Quem está na vida política tem de estar preparado para que o impacto das suas decisões e para sentir críticas e, portanto, isso é uma coisa que vem no pacote. Faz parte”, explica.

A antiga ministra diz que decidiu colaborar com o grupo britânico porque lhe “pareceu interessante a possibilidade de ter uma experiência nova e de aprender mais coisas”.

ZAP

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