Marcelo recua nas condecorações. Capitães controversos ficam de fora

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O Presidente da República terá decidido recuar na homenagem aos membros da Junta de Salvação Nacional que governou Portugal a seguir ao 25 de Abril.

Segundo avançou no início do mês o Público, Marcelo Rebelo de Sousa tinha decidido condecorar todos os membros da Junta de Salvação Nacional, no âmbito das celebrações dos 50 anos do golpe militar que pôs fim à ditadura.

O presidente da Associação 25 de Abril e ex-capitão de abril Vasco Lourenço tinha sugerido que Costa Gomes, Rosa Coutinho e Spínola fossem homenageados, mas o chefe de Estado decidiu alargar as condecorações a todos os envolvidos.

Mas, diz este sábado o semanário Nascer do Sol, perante inúmeras reações e fortes críticas que se sucederam ao anúncio desta intenção, o presidente poderá deixar de fora algumas condecorações mais polémicas — como Vasco Gonçalves, Rosa Coutinho, Costa Gomes e António de Spínola.

E, diz o semanário, a acontecerem estas condecorações, será só “lá para 2024”. A ideia deste “adiamento” será apaziguar os ânimos que se exaltaram tanto à esquerda como à direita perante a hipótese de distinção de personalidades que estão “muito longe de reunir consenso” na sociedade portuguesa.

Vasco Gonçalves foi primeiro-ministro dos II, III, IV e V Governos Provisórios, no período que ficou conhecido como Processo Revolucionário em Curso (PREC).

Conhecido como “companheiro Vasco”, a sua nomeação enquanto primeiro-ministro foi considerada uma derrota das forças mais moderadas e uma vitória dos elementos mais radicais, ligados ao PCP com quem sempre mostrou proximidade.

Fazia parte da linha mais dura do Movimento das Forças Armadas, tendo afirmado que só existiam duas posições políticas, não havendo campo para meio termo: ou se estava pela revolução ou se era reacionário.

Francisco da Costa Gomes foi o décimo-quinto Presidente da República Portuguesa, o segundo após a Revolução de 25 de Abril.

O seu mandato ficou marcado como um período de radicalização do PREC, sob a influência do PCP e de partidos de extrema-esquerda. Apesar da ambiguidade que muitos veem nas suas posições, reconhecem-lhe o mérito de ter evitado a guerra civil.

O almirante António Rosa Coutinho foi um dos elementos da Armada designados para integrar a Junta de Salvação Nacional (JSN).

A sua actuação ao longo de 1975, com posições próximas do PCP, valeram-lhe o epíteto de “almirante vermelho“. Viu o seu nome ligado à preparação de “legislação revolucionária” e à radicalização do processo político.

Durante a tentativa de Golpe de 25 de Novembro de 1975, no entanto, cumpriu as instruções do presidente Costa Gomes no sentido de desmobilizar as forças navais da Margem Sul, inicialmente favoráveis aos golpistas — o que terá ajudado então a evitar uma guerra civil no país.

António de Spínola foi o décimo quarto presidente da República Portuguesa e o primeiro após o 25 de Abril de 1974.

Renunciou ao cargo a 30 de Setembro do mesmo ano, após a histórica manifestação falhada de 28 de Setembro de 1974 em que apela à “maioria silenciosa” para que se faça ouvir contra a radicalização política que se vivia então.

Tentou intervir ativamente para evitar a aplicação completa do programa do MFA, e terá estado envolvido na tentativa de golpe de estado de direita de 11 de Março de 1975,e presidiu MDLP, organização terrorista que se manteve ativa durante o período que se seguiu à revolução.

A sua importância no início da consolidação do regime democrático foi no entanto reconhecida oficialmente em 1987, pelo então Presidente Mário Soares, que que o designou Chanceler das Antigas Ordens Militares Portuguesas e o condecorou com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada.

ZAP //

12 Comments

  1. Já não há dinheiro para medalhas, façam como fizeram a mim por participar na guerra colonial, uma medalha de latão!

  2. Só há mais um a condecorar: Spinola … vermelhos já morreram no caixote do lixo da História! Incluindo o “Rolha”

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