Marcelo Rebelo de Sousa ouviu os partidos ao longo desta tarde. A renovação de mais um Estado de Emergência está na mira, mas há quem não concorde.
O Presidente da República começou por receber o Iniciativa Liberal. Depois da audiência com Marcelo, João Cotrim Figueiredo referiu que “na reunião começámos por passar em revista aquilo que da parte da manhã foi dito no Infarmed e ficámos ambos de acordo que os dados são positivos e justificam a continuação do desconfinamento”.
O deputado sublinhou ainda que “os dados são bons, per si, mas temos o acompanhamento desses dados com maior testagem e, com isso, maior solidez dos dados e tudo isso que pode estar por trás de uma decisão que de continuar a desconfinar”.
Cotrim Figueiredo considera “crucial manter aquilo que parece estar a esmorecer um pouco que é o sentido de urgência e aceleração dos planos de testagem e rastreio e, sobretudo, no plano de vacinação”.
A deputada d’Os Verdes (PEV), Mariana Silva, voltou a manifestar-se contra a renovação do Estado de Emergência e considera que o país tem “todas as condições” para avançar no plano de desconfinamento.
Por sua vez, o CDS quer que a política de testagem nas escolas aumente e que inclua também os alunos, e não apenas o pessoal docente e não docente.
Foi essa a perceção com que a dirigente do partido Cecília Anacoreta Correia ficou depois de ouvir os especialistas na reunião do Infarmed, uma vez que foi dito que “a frequência de infeção dos estudantes é idêntica à dos profissionais das escolas”.
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, diz que o encerramento compulsivo de atividades económicas não pode ser a solução do Governo para o combate à pandemia e apela à aceleração do plano de vacinação.
Criticando a estratégia do Executivo, o dirigente comunista considerou que as decisões que têm vindo a ser tomadas continuam a não corresponder ao equilíbrio entre o combate à pandemia e a saúde da economia e que o quadro do estado de emergência continua por demonstrar a “eficácia de muitas das medidas” adotadas.
O Bloco de Esquerda está preocupado com “a banalização” do Estado de Emergência, que caminha para a 14ª reedição. Catarina Martins disse que o partido entende que há a dupla necessidade de avançar com o desconfinamento gradual que estava previsto sem pôr em causa os números da pandemia, sobretudo tendo em conta o atraso no plano de vacinação.
Entre avançar ou impor novas medidas, Catarina Martins tem uma certeza: “um país desconfinado não precisa de Estado de Emergência, portanto se a nova fase avançar sem outras medidas”.
Por outro lado, o Partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) confirma que volta a apoiar a renovação do Estado de Emergência, que será votada na quarta-feira no Parlamento.
Por fim, o presidente do Chega, André Ventura, defendeu que o atual desconfinamento das restrições para combater a epidemia de Covid-19 “não pode parar”, sublinhando a necessidade de “testagem massiva”, sobretudo nas escolas, e contínua vacinação da população.
“As escolas são um ponto fulcral. É preciso testar massivamente, continuar a controlar a comunidade educativa e escolar em matéria de novas infeções e controlo de surtos, mas o processo de desconfinamento não pode, efetivamente, parar”, disse André Ventura numa declaração-vídeo.
Rio preocupado com conselhos de risco
No final da audiência com Marcelo Rebelo de Sousa, Rui Rio não tem dúvidas que o próximo passo a dar é pôr um travão nos concelhos que já estão acima do limiar do risco – mesmo que isso envolva surtos localizados. É a única forma de evitar que “daqui a um mês ou dois” o travão tenha de ser posto no país todo.
Segundo o líder do PSD, “a ideia é não continuar o desconfinamento global no país todo, ou seja, não o fazer nos concelhos que estão com o indicador de risco mais elevado, assim como nos concelhos limítrofes”.
Rio defende que “se não travarmos aí vamos ter de travar o país todo outra vez dentro de um mês ou dois”, lembrando o alerta dos especialistas de que dentro de um mês, se continuarmos com este ritmo, podemos duplicar os casos.
Questionado sobre as renovações do Estado de Emergência, e se esta que se segue será ou não a última, Rio chutou para Marcelo e deixou claro que não irá impor barreiras.
“Mal seja possível não haver Estado de Emergência penso que o Presidente da República é o primeiro interessado nisso, confiamos plenamente no que o PR quer fazer e apoiamos. Se já não for necessário renovar mais, tanto melhor”, rematou.
Ana Isabel Moura, ZAP // Lusa