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Marcelo: “Agustina está no Panteão do coração de todos os portugueses”

Toms Kalnins / EPA

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse hoje que Agustina Bessa-Luís, escritora que morreu na segunda-feira, “está no Panteão do coração de todos os portugueses”, recordando-a como “um génio que soube retratar as mudanças de Portugal”.

“No campo literário, ela fez tudo. Fez romance excecional, fez biografia, fez teatro, fez crónica, fez tudo. Aquilo que fica em termos de génio é ter sabido retratar, por dentro essa mudança de Portugal, que não era apenas falar de como as pessoas eram, era falar de como a natureza humana é sempre”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República falava aos jornalistas à saída da Sé Catedral do Porto onde assistiu, esta tarde, às cerimónias fúnebres de homenagem a Agustina Bessa-Luís, cujo corpo seguiu para o cemitério de Peso da Régua onde decorrerá o funeral, numa cerimónia reservada à família da escritora.

Questionado sobre se deseja ver Agustina Bessa-Luís no Panteão Nacional, Marcelo Rebelo de Sousa disse que esta é “uma decisão que depende da família, dos deputados” e perguntou: “Como é que Agustina gostaria que fosse?”.

“Neste momento estamos a prestar-lhe homenagem, e ela está no Panteão do coração de todos os portugueses”, afirmou.

Marcelo Rebelo de Sousa, que chegou à Sé Catedral cerca das 15:30 e assistiu à missa de corpo presente junto da ministra da Cultura, Graça Fonseca, e do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, entre outros governantes e políticos portugueses, disse que Agustina Bessa-Luís “ficará para sempre na cultura portuguesa“, como “fica na alma daqueles que a leram, daqueles que partilharam a forma como ela fez o retrato de Portugal”.

O Presidente da República enumerou as ligações de Agustina Bessa-Luís ao Porto e ao Norte, somou as raízes ao Douro e também “um bocadinho ao Minho”, para destacar o “retrato de 100 anos de Portugal” feito pela escritora, um retrato que versou nos séculos XIX e XX e mostrava “como é que um Portugal acabava e como outro Portugal começava”, acrescentou.

“E ao fazer o retrato de famílias, e porventura o retrato da sua família, foi fazendo o retrato da mudança de Portugal. Isso diz muito a todos nós, porque era um Portugal rural, um Portugal que se foi convertendo num Portugal urbano e metropolitano. Ela foi pintando isso através das suas personagens e nós revemo-nos nisso, sobretudo os mais velhos, mas também os mais novos”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

Cristas apoia entrada de Agustina no Panteão

A presidente do CDS, Assunção Cristas, assegurou hoje que o seu partido será o primeiro a apoiar a transladação para o Panteão Nacional da escritora Agustina Bessa-Luís, se a situação se colocar.

Em declarações no final da missa na Sé do Porto, Assunção Cristas concordou com a declaração do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa de que a escritora “já está no panteão do coração de todos os portugueses” e mostrou-se disponível para validar uma futura transladação.

“[Para o panteão nacional] certamente que sim. Da parte do CDS, seremos os primeiros a apoiar e a suscitar essa questão (…). Concordo com o Presidente da República quando diz que já está no panteão de todos os nossos corações”, afirmou a líder centrista.

Sobre a vida e obra da escritora, Assunção Cristas afirmou: “o mais que podemos dizer é que estamos profundamente gratos por aquilo que foi, pelo que nos deixou como obra e sabemos que ela não morre e continuará por gerações e gerações em todos aqueles que a leem e apreciam”.

Convidada a refletir sobre o desafio deixado pela escritora na sua obra de cada um ser capaz de se olhar ao espelho e fazer autocrítica, a líder centrista respondeu tratar-se de uma obra que todos podem e devem “revisitar porque é de uma extraordinária profundidade”.

“É de um conhecimento rigoroso e muito profundo daquilo que é a natureza humana e tem sempre um apelo permanente a afundarmo-nos em nós próprios, em olharmo-nos ao espelho e fazermos uma autocrítica e em crescermos todos”, disse.

// Lusa

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