A privatização dos correios portugueses (CTT) “é ruinosa” para o Estado e sem justificação, vão hoje dizer ao Governo mais de uma centena de ativistas e figuras públicas, através de um manifesto contra a venda da empresa pública.
Denominado, precisamente, “Manifesto contra a venda dos CTT”, o documento será entregue no Ministério da Economia pelo jornalista Daniel Oliveira, pela economista Eugénia Pires e pelos cineastas António-Pedro Vasconcelos e Margarida Gil.
O documento foi dinamizado pela Associação para a Taxação das Transações Financeiras e Ajuda dos Cidadãos (ATTAC Portugal) e tem mais de 100 assinaturas, de professores e escritores, arquitetos, cineastas, políticos e sindicalistas, para demonstrar que há “um conjunto alargado de setores sociais que estão contra a venda”, dizem os organizadores.
“O objetivo é um grupo de cidadãos portugueses oporem-se a uma venda que consideramos lesiva do interesse nacional e do Estado”, disse à agência Lusa Daniel Oliveira, acrescentando que, além de terem uma função fundamental de coesão nacional e soberania do país, os CTT são uma empresa que dá lucro e que numa década o Estado recebe em dividendos o mesmo que prevê receber na privatização.
Uma oferta pública de venda (OPV) dos CTT está já a decorrer até 2 de dezembro, no âmbito de um processo de privatização. Daniel Oliveira considerou que tal não impede que os cidadãos se manifestem e que o Governo entenda que as pessoas “não estão distraídas” perante uma privatização “inexplicável e inaceitável”.
“É um negócio ruinoso para o Estado, não serve os interesses do país e não tem qualquer justificação plausível que não seja a estrita necessidade do momento de acertar contas e assim prejudicar o futuro do país”, disse Daniel Oliveira, lembrando que os CTT são das empresas com melhor imagem junto dos cidadãos e de referência em termos europeus.
Daniel Oliveira considerou errada a ideia de que o negócio postal esteja em decadência, disse que “são pouquíssimos os países que se aventuraram a ter um serviço postal privado” e deixou uma questão: “E quando o Estado já não tiver aeroportos, companhia aérea, banco? Não tem moeda, não tem autonomia fiscal, como é que nos vamos continuar a considerar um Estado? Com que instrumentos? Vamos cobrar impostos e ter prisões, é o que nos resta”.
/Lusa