Maior matança predatória de sempre: 10 milhões de peixes devorados por bacalhaus na Noruega

izanbar / Depositphotos

Em poucas horas, milhões de peixes foram devorados. “É a primeira vez que se vê uma interação predador-presa em grande escala”, dizem investigadores do MIT.

Nicholas Makris, escreveu, juntamente com outros engenheiros oceânicos do MIT, um artigo onde explicam como observaram a dinâmica do evento que ocorreu na costa norueguesa, e que se afirma ser o maior massacre predatório alguma vez registado, através do eco das ondas sonoras das bexigas natatórias dos animais.

O bacalhau tem grandes bexigas natatórias que têm uma ressonância baixa, como um sino do Big Ben”, escrevem os cientistas. Ao contrário do peixe que foi “comido”, o capelim, que “tem bexigas natatórias minúsculas que ressoam como as notas mais altas de um piano”.

O estudo levado a cabo pelos engenheiros foi publicado na Nature a 29 de outubro e pode ser importante por mostrar que “os eventos naturais de predação catastrófica podem alterar o equilíbrio local entre predador e presa numa questão de horas”, como explica Makris no artigo.

Os dados recém-analisados que datam de 2014 capturaram até 23 milhões de capelins a juntarem-se. Em resposta, 2,5 milhões de bacalhaus do Atlântico, predadores, também se organizaram num cardume, “preparando-se para o banquete”, explica a Science Alert.

“Se estiverem suficientemente perto uns dos outros, estes peixes podem assumir a velocidade média e a direção dos outros peixes que conseguem sentir à sua volta, formando assim um cardume maciço e coerente”, explica Makris, que diz que 97% das espécies de peixes migratórios está atualmente em risco de extinção, o que inclui espécies altamente valorizadas como o salmão do Atlântico.

Felizmente, conta o investigador, existem milhares de milhões de capelins, pelo que este evento terá eliminado apenas 0,2% da população. Mas quando se trata de outras espécies, o caso muda de figura.

A equipa do MIT já utilizou técnicas semelhantes para explorar a dinâmica populacional das populações de bacalhau, que também estão em declínio, explica a Science Alert. Os investigadores descobriram que, se as populações caírem abaixo do número médio de indivíduos num cardume, é muito mais difícil recuperarem.

“À medida em que o número destes hotspots diminui devido às pressões climáticas e antropogénicas, o tipo de evento natural de predação “catastrófica” a que assistimos de uma espécie-chave pode ter consequências dramáticas para essa espécie, bem como para as muitas espécies que dela dependem”.

ZAP //

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