Mãe da criança do “Supernanny” recebeu mil euros da SIC

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(dr) SIC

A mãe da primeira criança que participou no programa da SIC “Supernanny” já foi ouvida pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ). A mulher de 36 anos terá recebido dinheiro para participar com a filha de 7 anos no reality show.

O Correio da Manhã apurou que a mãe que participou no primeiro episódio de “Supernanny”, exibido este domingo, na SIC, recebeu mil euros como contrapartida, comprometendo-se a ficar disponível durante uma semana, para a realização das gravações em casa.

O mesmo tipo de condições se aplicará a todos os pais que participem no programa em que uma psicóloga ensina a lidar com as birras e com o mau comportamento dos filhos.

A Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ) já veio alertar que o programa tem “elevado risco” de “violar os direitos das crianças”. E o caso abordado no primeiro episódio já estará a ser analisado pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens da zona onde a família reside.

A presidente da CNPDPCJ, Rosário Farmhouse, refere, em declarações ao Observador, que a mãe da menina do primeiro episódio já foi ouvida. “A mãe expôs a criança a este perigo mas gostaríamos que outras crianças não fossem expostas ao mesmo”, diz ainda.

“Já na semana passada fomos contactados por familiares da criança, que referiram que já estava a ter problemas na escola só por causa das promos”, antes de o programa ser exibido, nota ainda esta responsável.

O Instituto de Apoio à Criança e a UNICEF Portugal também já se manifestaram contra o programa, apelando à intervenção do Estado. E a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) anunciou ter recebido várias queixas contra o reality show.

À Ordem dos Psicólogos também chegaram várias queixas contra a “super-ama” que conduz o programa, a psicóloga Teresa Paula Marques.

O Diário de Notícias refere que, em 2016, a Comissão de Ética da Ordem já tinha dado um parecer negativo sobre a “prática de psicologia nos media”, que tinha sido apresentado pela Warner Bros Portugal, a produtora de “Supernanny”.

“Pais não têm domínio total sobre direitos dos filhos”

E enquanto a SIC assegura, através de um comunicado, que cumpriu a lei, uma vez que garantiu as “necessárias autorizações” para filmar e divulgar a intimidade das crianças, há especialistas jurídicos que consideram que “os pais não têm o domínio total sobre o direito à imagem e à privacidade dos filhos”.

Aquela ideia é defendida pelo constitucionalista Reis Novais que, em declarações ao DN, salienta que “há limites que não se podem ultrapassar”, nem pelos próprios pais.

O constitucionalista dá o exemplo das Testemunhas de Jeová e nota que um pai “pode recusar uma transfusão de sangue para si, mas se o fizer para um filho o Estado é obrigado a intervir“. “Em termos puramente constitucionais, o Estado tem dever de protecção dos direitos de toda a gente e mais ainda daqueles que não se podem defender por si próprios, como é o caso das crianças”, conclui Reis Novais.

Uma ajuda “útil” para os pais

Mas entre estas críticas legais, bem com os reparos em termos de métodos psicológicos e de apoio parental, há também quem note que o que “a psicóloga está a transmitir aos pais é extremamente útil“. “É possível que tenhamos muitos pais e mães a identificarem-se com aquela situação”, destaca no Observador Isabel Abreu Lima, docente na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP).

Isabel Abreu Lima realça as “estratégias positivas apresentadas no programa”, nomeadamente “a imposição de regras, a criação de rotinas e a definição de limites”, cita o jornal online.

A docente refere ainda que o programa “mostra a lacuna que existe ao nível da formação de pais e da informação dada aos pais”. “Não tenho dúvidas que a maior parte dos pais precise de ajuda e que ninguém lhes esteja a dar essa mesma ajuda”, conclui.

SV, ZAP //

16 Comments

  1. Não é preciso ser muito inteligente para perceber que esta criança ao estar a ser exposta na sua intimidade desta maneira para todo um pais ver, ia ser vitima de gozo por parte dos colegas, eu própria disse isso quando vi algumas partes do programa, tendo em conta que hoje em dia o bullying é frequente entre crianças e jovens, era de esperar que isso acontece-se, mas o dinheiro fala mais alto e as audiências também, então é o vale tudo e a SIC está muito mal a nivel de programas de entertenimento, não acertam uma e quando acertam retiram passado poucas semanas, alguma coisa vai mal com a pessoa que faz as escolhas dos conteúdos

    • A SIC está a explorar a privacidade,ou melhor, a falta dela,da criança e a ignorância da mãe da criança…parece que hoje em dia tudo é válido na TV…desde que tenha audiências! Só de pensar que a mãe ganhou mil euros pela participação no programa…200contos, é quanto vale a privacidade da menina em questão!!!

  2. Este programa serve para alertar os pais, que deixam os filhos fazer o que lhes apetece, que eles devem agir enquanto têm algum domínio sobre os filhos, que há solução para os seus problemas com os filhos, pois caso contrário, um dia os filhos é que irão mandar nos pais. Há pais que não sabem como, nem o que fazer, perante a tristeza ou revolta dos filhos … Estas instituições: Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ), a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ), só vêm os direitos das crianças, a vergonha das crianças, eu pergunto: E os direitos dos pais? Quem os defende? Agora os pais não podem dar a educação que eu tive da minha mãe, e que hoje lhe agradeço, pois nunca a envergonhei. Se fizesse birra, a se sonhasse bater-lhe sabia que depois em casa iria ter castigos, ou mesmo, dependendo da gravidade dos meus atos, poderia bater-me com um chinelo. Eu tinha e tenho-lhe RESPEITO, AMOR, GRATIDÂO, coisa que muitas crianças de hoje não sabem o que é isso. Isto tanto em casa como na escola. Acho que as crianças “manhosas” devem mesmo ter vergonha se se portam como o caso relatado. Já dizia a minha avó: “Quem dá o pão dá a criação.” é por isso que temos a sociedade que temos.

  3. Esta gente devia ir toda para a cadeia como é possível ganhar dinheiro para expor um filho,.Será que a psicólogo não pode ser superbacana para os pais?. Pelos vistos são estes últimos a precisar de aconselhamento e de serem expostos como maus educadores.

  4. Portugal utiliza formatos de programas que já existem há anos em outros países (“x-factor”, “[país] tem talento”, “big brothel”…. Perdão, é “brother”).
    Isto iria acontecer, tal como outros se seguirão, igualmente, ou mais polémicos…

    • O quê?!
      Portugal não “utiliza” nada!!
      Os canais nacionais compram os programas/franchise às produtoras/distribuidoras – tal como acontece nos canais de todos os países!…
      Neste caso, o Supernanny é da americana Warner Bros, que já o vendeu para mais de 20 países.
      Normalmente é melhor não comprar logo para ver o que o programa vai “render” noutros países/mercados, se bem que, a maioria (tal como este e quase todos os outros reality shows) é apenas lixo televisivo importado!!

  5. Como pode aquela mãe, saber educar a filha? Ela ao tomar atitude de entrar com a filha num programa, onde sabia que tudo ia ser exposto, já aí se vê, como pode aquela mãe querer uma filha com atitudes normais, se ela (mãe) não as tem?…

  6. Alguém com objectividade sobre este tema.
    Concordo em toda a sua resposta.
    E já agora…
    Alguém está preocupado em defender os direitos das chamadas crianças das “telenovelas”?
    Toda a sua exposição e privacidade?
    Será que também sofrem atrocidades nas escolas devido à representação de personagens?
    Só pensarem um pouco?
    Vale apena todo este espectáculo?
    Vi o programa e honestamente, não percebo o alarido.
    Cump

  7. todos sabemos que alguns pais nao sao capazes de dizer “NAO” a um filho ou vao prometendo coisas aos filhos para que se portem bem e assim vao crescendo ate ao dia em que ao ouvirem um nao, ficam desnorteadoe e acaba tudo em tragedia (batem nos pais, ou matam-nos)
    o que se vê no programa foi uma familia que deixou as coisas andarem e chegaram a um pono que ja nao podiam fazer nada
    um dos pais dizer nao e alguem por tras dizer sim-
    o programa vem explorar essa educação que os jovens estao a ter.
    ha pais que ate pensam que as escolas é que devem dar educaçao aos filhos. em casa nao fazem nada e entregam à escola para os educar e term modos de educação para com as outras pessoas.
    a CPCJ so se reocupa com algumas crianças, ha outras familias que nem se aproxima delas nem lhes tiram os filhos. usam dois pesos e duas medidas.
    estas CPCJ em alguns casos deviam ter vergonha

  8. Acho o programa excelente para os dias de hoje ajudar na educação dos filhos, pois infelizmente o que se ver hoje em dia é crianças como a do programa (mal educada, mimada e sem respeito aos pais)
    Sinceramente falando acho que os que estão a se doer com o programa é porque deve ter esses mesmas situações em casa.

  9. A Comissão de Proteção de Menores deveria ter olhos também para outras situações onde as crianças estão em alto risco (para as quais já alertei).
    A lei permite que uma criança com mais de 3 anos, desde que acompanhada de um adulto que se responsabilize, (não tem de ser pai ou mãe) possa assistir a um filme para maiores de 18 anos com violência e sexo explicito!!!!
    As crianças são obrigadas a assistir a algo que lhes deforma o espirito!

  10. O programa expõe as crianças, certo..e as crianças que participam nos outros programas (de culinária, de música, etc..) ou em novelas também não estão expostos? E os pais que colocam fotos dos filhos menores na internet?? Não sei porque é que só este programa é que é mau..é claro que é mau mas existem outros e não vejo ninguém revoltar-se com os outros..inclusive os psicólogos!

  11. O programa pode ser uma boa ferramenta para os pais em apuros.
    Sim, e as outras criancinhas das novelas, do “kusquice book” e outros?
    Há por aqui muita gente hipócrita!!!

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