O Presidente venezuelano, Nicolas Maduro, ordenou o encerramento das passagens de fronteira da Venezuela com o Brasil, e disse que está a avaliar fazer o mesmo na fronteira com a Colômbia.
“Decidi que no sul da Venezuela a partir das 20h00 de hoje (00h00 de sexta-feira em Lisboa) fica encerrada total e absolutamente, até nova ordem, a fronteira terrestre com o Brasil”, anunciou Maduro numa reunião com militares no forte Tiuna de Caracas.
O Presidente da Venezuela referiu ainda que está a ponderar fechar também a fronteira com a Colômbia. Uma parte da ajuda humanitária que os Estados Unidos querem fazer chegar aos venezuelanos encontra-se armazenada em Cúcuta, na fronteira da Colômbia com a Venezuela.
Juan Guaidó, opositor de Maduro e reconhecido por mais de 50 países como Presidente interino do país, prometeu introduzir essa ajuda humanitária na Venezuela no sábado, numa operação para a qual estão mobilizados milhares de cidadãos.
Maduro recusa receber essa ajuda, oriunda dos EUA, dizendo que é “um presente podre” e uma “armadilha”, para justificar uma intervenção militar norte-americana na Venezuela.
Porém, vários venezuelanos entraram no Brasil por Roraima, nomeadamente para comprar mantimentos, relata a imprensa brasileira, o que contraria o anúncio do governador daquele estado, que disse que a fronteira já se encontrava fechada.
“Estamos a correr contra o tempo, o mais rápido possível, para podermos passar antes que a fronteira feche”, disse ao portal de notícias G1 Genson Medina, um venezuelano de 22 anos que comprou mantimentos em Pacaraima. Também o morador da cidade venezuelana de Santa Elena de Uairén, Nelson Rodrigues, confirmou ao G1 que decidiu comprar no Brasil o dobro dos produtos alimentares por precaução.
“Vou levar mais por precaução. Fechar a fronteira é ruim porque nós precisamos de comprar comida aqui”, disse Nelson, numa referência à escassez de comida e medicamentos na Venezuela-
Já Osmar Cardoso, um comerciante brasileiro de 55 anos, afirmou que perdeu a conta ao número de produtos vendidos, declarando que esgotou “tudo muito rápido”.
Militares bloqueiam deputados na fronteira da Colômbia
A Guarda Nacional venezuelana bloqueou a viagem de uma caravana de deputados da oposição a caminho da fronteira com a Colômbia, obrigando os parlamentares a sair do autocarro e a manter um breve confronto com os militares.
Elementos da Guarda Nacional Bolivariana lançaram gás lacrimogéneo e foram empurrando a comitiva no túnel de La Cabrera, que une os Estados de Aragua e Carabobo.
Numa das gravações divulgadas nas redes sociais, é possível ver o deputado Richard Blanco a pedir, aos gritos, aos funcionários que permitam a passagem da comitiva e a perguntar se encontram com facilidade alimentos e medicamentos.
Outras imagens mostram os deputados a atravessar a pé o túnel, mas de imediato autocarros nos quais se faziam transportar usaram o sentido inverso para ultrapassar o bloqueio. No mesmo túnel, um camião foi travado e, de acordo com algumas informações, elementos da Guarda Nacional Bolivariana tentaram furar os pneus com facas.
“Isto é uma tentativa de homicídio, não é possível os nossos polícias chegarem a isto. Este trabalho também o estamos a fazer para vocês”, declarou a deputada Mariela Magallanes citada pela agência Efe.
Os deputados partiram na manhã de quarta-feira de Caracas, capital do país, com destino ao Estado de Táchira, fronteiro com Colômbia, para liderar a entrada de ajuda humanitária que se acumula na cidade colombiana de Cúcuta.
O confronto acontece numa altura em que se aproxima a data-limite anunciada pelo auto-proclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, para a entrada de ajuda humanitária internacional no país.
Apesar da rejeição do Governo de Maduro, que considera a entrada de ajuda humanitária um pretexto para lançar uma invasão armada, há cerca de 700 mil voluntários disponíveis para acolher, em vários postos fronteiriços, ajuda dos EUA e do Brasil.
ZAP // Lusa
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