O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse esta quarta-feira ser a favor de eleições legislativas antecipadas para acabar com a crise política do país, mas recusou a hipóteses de novo escrutínio presidencial.
“Seria muito bom realizar eleições parlamentares mais cedo, seria uma boa forma de discussão política, uma boa solução pelo voto popular”, disse Maduro em declarações à agência de notícias estatal russa RIA Novosti, no dia em que estão previstos protestos convocados por Juan Gaidó.
Maduro, contudo, rejeita a hipótese de uma nova eleição presidencial. “As eleições presidenciais ocorreram há menos de um ano, há dez meses”, sublinhou.
“Não aceitamos os ultimatos de ninguém no mundo, não aceitamos chantagens. As eleições presidenciais tiveram lugar na Venezuela e, se os imperialistas querem novas eleições, devem esperar por 2025”, avisou o Chefe de Estado venezuelano.
O Presidente da Venezuela reiterou ainda a sua vontade de dialogar com a oposição e que as negociações podem ser mediadas por outros países.
As declarações de Nicolás Maduro à agência noticiosa estatal russa surgem em plena crise política, que se agravou em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Maduro disse à RIA Novosti que está “disposto a sentar-se para conversar com a oposição em prol da paz e do futuro da Venezuela”. A Rússia é um dos países que apoiam Maduro e que se ofereceu para mediar o conflito.
Supremo congelou contas de Guaidó
Também nesta quarta-feira, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela (STJ) proibiu Juan Guaidó, de sair do país, de alienar e hipotecar as propriedades, e bloqueou as suas contas em território venezuelano. As medidas foram anunciadas através do Twitter pelo presidente do STJ, Maikel Moreno.
“A sessão plenária decretou as seguintes medidas cautelares contra Juan Gerardo Guaidó Marques: proibição de saída do país sem autorização, proibição de alienar e hipotecar bens da sua propriedade e bloqueio e imobilização das suas contas bancárias e/ou quaisquer outros instrumentos financeiros no território venezuelano”, lê-se na publicação.
Segundo Maikel Moreno, as medidas vigoram “até que termine uma investigação”.
A decisão do STJ tem lugar horas depois de o procurador-geral designado pela Assembleia Constituinte (composta unicamente por simpatizantes do regime do chefe de Estado venezuelano), Tarek William Saab, ter pedido ao STJ para proibir Guiadó, de deixar o país e para congelar as suas contas bancárias.
Juan Guaidó já reagiu, também no Twitter, e, dirigindo-se aos responsáveis do Supremo Tribunal de Justiça, afirmou que o “regime está na sua etapa final”. O opositor de Maduro pediu aos juízes do Supremo para pensarem na “carreira, no futuro dos filhos e dos netos”, quando tomassem uma decisão sobre o pedido de Saab.
“Este processo é imparável”, escreveu Guaidó, referindo-se ao processo de queda de regime que está a tentar realizar, como presidente da Assembleia Nacional.
Guaidó pede mais sanções à União Europeia
Também nesta quarta-feira, e em entrevista ao diário alemão Bild, o autoproclamado Presidente da Venezuela pediu mais sanções da União Europeia contra o regime de Maduro. “Estamos numa ditadura e deve haver pressão”, disse Juan Guaidó, denunciando um regime “absolutamente corrupto”.
“Precisamos de mais sanções da União Europeia, conforme decidido pelos Estados Unidos”, insistiu o parlamentar de direita.
Guaidó manifestou-se também alarmado com a repressão do regime de Maduro, afirmando que “700 pessoas foram presas durante manifestações somente nas últimas semanas” e que “há 300 presos políticos nas prisões”.
Na entrevista, Juan Guaidó deixou a entender que ele mesmo se considera em perigo: “Todos nós vivemos sob a ameaça de prisão ou mesmo de assassinato, mas isso não nos impede de assumir as nossas responsabilidades”.
A oposição venezuelana manifesta-se esta quarta-feira para tentar convencer o exército a virar as costas para o presidente Nicolás Maduro e reconhecer em seu lugar o adversário Juan Guaidó, impulsionado pelo crescente apoio internacional.
Guaidó pede ainda à população que tome as ruas das 12:00 às 14:00 (16:00 às 18:00 em Lisboa) para paralisar o país, batendo panelas ou segurando cartazes.
Espanha, França, Alemanha e Reino Unido deram a Nicolás Maduro oito dias para convocar eleições e dizem que, se tal não acontecer, reconhecerão Juan Guaidó como “Presidente” da Venezuela para que possa organizar o escrutínio.
ZAP // Lusa
tenho a impressao que o maduro vai cair da arvore ; – )