Os principais hospitais da capital do Madagáscar, Antananarivo, estão sobrecarregados com o afluxo de doentes infetados com covid-19. O Presidente da República do país, Andry Rajoelina, disse que chá curava e as pessoas não respeitaram confinamento.
De acordo com a reportagem da agência AFP, citada pela agência Lusa, os diretores das principais unidades hospitalares de Antananaviro alertaram que a disponibilidade para acolher e tratar os doentes infetados está a diminuir, havendo alguns que já só aceitam doentes graves.
O chá aconselhado por Andry Rajoelina – amplamente noticiado na comunicação social e cujos efeitos estão por provar – foi também utilizado em alguns países lusófonos, como a Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau, mas sem que seja conhecido qualquer caso de cura devido a este chá.
“O número de casos está a aumentar, por isso para uma boa gestão dos pacientes, só aceitamos casos graves”, disse à AFP o diretor do hospital Andohotapenaka, na capital malgaxe, Nasolotsiry Raveloson. Este hospital, especializado no tratamento de doentes com covid-19, tem “apenas quatro camas” disponíveis, de um total de 50, acrescentou.
Noutro hospital, o Josephe Raseta Befelatanana, o panorama é idêntico: “Ainda estamos sobrelotados, é impossível libertar camas, por enquanto”, declarou o diretor, Mamy Randria, usando quase as mesmas palavras que o seu colega do Centro Hospitalar Universitário de Anosiala, que também admitiu a “sobrelotação”.
Madagáscar registou oficialmente 7.548 casos de covid-19, incluindo 65 mortes, mas nos últimos dias o país assistiu a um aumento significativo do número de casos.
“Há dois fatores que contribuíram para a propagação desta doença”, explicou o diretor-geral da Saúde malgaxe, Zely Arivelo Andriamanantany. “Primeiro, tivemos o CVO [o chá Covid Organics, apresentado como receita para o novo coronavírus], as pessoas levaram o CVO e depois não respeitaram o isolamento social e, em segundo lugar, o CVO protege durante duas a três semanas”, acrescentou, repetindo a argumentação do Presidente, mas que nenhum estudo oficial confirmou ainda.
// Lusa