Quando já não restam veados no menu, os lobos do Alasca têm um jantar inesperado

Os lobos dizimaram a população de veados, mas não abandonaram a ilha quando ficaram sem comida. Em vez disso, começaram a comer lontras.

Um novo estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences descobriu que, quando já não há mais veados que possam comer, os lobos do Alasca optam por uma presa inesperada.

Quando os lobos começaram a colonizar uma ilha no estado norte-americano, em 2013, a natureza criou uma experiência natural.

“Isto deu-nos uma grande oportunidade para estudar as dinâmicas predador-presa entre os lobos e os veados. Estávamos interessados em ver como a população de lobos iria impactar a população de veados e previmos que os lobos acabassem por comer todos os veados e que depois saíssem da ilha, dado estarem separados do continente por apenas 1,5 quilómetros”, explica Roffler Gretchen

A primeira parte da previsão confirmou-se: a população local de veados, que oscilava entre os 120 e os 200, caiu a pique. Mas em vez de saírem para zonas com mais comida, os lobos optaram por um mudar o menu do banquete e começaram a atacar lontras marinhas, explica o ZME Science.

As lontras marinhas são elas próprias grandes predadores no ecossistema perto da costa, enquanto que os lobos são predadores terrestres. É, por isso, bastante surpreendente ver estes dois animais a cruzar os seus caminhos e um a ser devorado pelo outro.

Os autores fizeram esta descoberta após colocarem coleiras com GPS em vários dos lobos, que são uma espécie em risco de extinção, e ao analisarem as suas fezes. Os resultados mostraram que, em 2015, os veados foram a principal presa dos lobos, representando 75% da sua dieta.

Em 2017, os lobos já se tinham virado para as lontras marinhas, que já compunham 57% da sua dieta, enquanto que os veados caíram para 7%. Este padrão manteve-se até 2020, quando terminou o período de análise do estudo.

Os dados de GPS mostram ainda que os lobos passam agora mais tempo perto da costa. “Eles estão à procura de lontras e a caçá-las quando elas estão em terra. É muito improvável que as lontras sejam vulneráveis aos lobos quando estão no oceano”, explica Taal Levi, professor na Universade do Oregon.

Esta mudança no ecossistema promete mais estudos futuros. Os autores ainda não notaram mudanças nos comportamentos das lontras, mas é provável que esta caça dos lobos as obrigue a passar mais tempo no mar para se protegerem, mesmo quando preferem descansar e conservar a sua energia em terra.

Adriana Peixoto, ZAP //

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