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Livraria dos EUA retira todos os livros de Harry Potter por causa da polémica opinião de J. K. Rowling sobre a transexualidade

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Daniel Ogren / Flickr

A escritora J.K. Rowling

A livraria Left Bank Books, localizada em Saint Louis, no estado norte-americano do Missouri, decidiu remover todos os livros da saga Harry Potter das suas prateleiras depois das declarações da autora da obra, J. K. Rowling, sobre a transexualidade, que logo se tornaram polémicas.

“Não é como se não lhe estivéssemos a tentar dar o benefício da dúvida e a oportunidade de a entender e de esclarecer a sua posição. Amamos a [J. K. Rowling]. Adoramos as suas histórias. E, mesmo assim, aqui estamos, num mundo invertido, em que a pessoa que escreveu histórias que eram verdadeiras celebrações inclusivas e afirmativas da comunidade, degradada as mesmas pessoas que as leram”, explica Jarek Steele, responsável pela livraria norte-americana, em comunicado citado pelo jornal ABC.

“Os comentários públicos de Rowling sobre pessoas transexuais, especialmente sobre mulheres transexuais, são flagrantes, ofensivos e deliberadamente ignorantes. E não é apenas isso, mas [a autora] tem uma plataforma global para esse fanatismo que o torna ainda mais perigoso”, sustenta o mesmo responsável.

A livraria sublinha que a “a violência contra pessoas transexuais, especialmente contra mulheres transexuais de cor, é um flagelo que se alimenta não apenas das palavras dos nossos políticos, mas das de quem é mais próximo e daquelas cujas palavras chegamos a confiar e amar (…) Como pessoa transexual, estou pessoalmente dececionado, magoado e chateado. Amei estes livros (…) mas agora [a autora] poluiu o que para a nossa família e para a nossa loja era uma experiência maravilhosa”.

Por todos estes motivos, decidiu não expor mais as obras de J. K. Rowling. “Remover estes livros das nossas prateleiras não fará nada para a impedir. Não notará nada. Mas nós iremos, bem como a nossa equipa de pessoas transexuais e os nosso clientes”.

Polémica estalou em junho

Foi no início de junho que a polémica estalou. Através de uma publicação na rede social Twitter, a atenção para a expressão “pessoas que menstruam” referida num artigo de opinião publicado na Devex, e comentou: “Tenho a certeza que costumava haver um nome para essas pessoas. Alguém que me ajude. Wumben? Wimpund? Woomud?“, palavras próximas de “women” — “mulheres” em português.

Tal como frisa o jornal Público, a autora de Harry Potter dá a entender que ali deveria estar a palavra “mulher” e as críticas não se fizeram esperar: “Nem todas as mulheres menstruam e nem todas as que menstruam são mulheres”, contrapõe um comentário assinado pela associação I Support The Girls.

“Há muitas raparigas, pessoas não binárias, rapazes e homens trans que também têm um período menstrual. Reconhecemos que a mudança de linguagem pode ser desconfortável para nos habituarmos a ela. E estamos gratos por autores e artigos inclusivos”.

Daniel Radcliffe, que interpretou a personagem de Harry Potter, também contestou as declarações da autora. “Mulheres transgénero são mulheres”, escreveu no The Trevor Project, um site de prevenção do suicídio entre a comunidade LGBT. “Qualquer declaração contrária apaga a identidade e a dignidade das pessoas transgénero.”

No mesmo texto, lamenta ainda que estes comentários possam  “manchar” a mensagem que é transmitida pela história de Harry Potter. “Se estes livros te ensinaram que o amor é a força mais forte do universo… que ideias dogmáticas de pureza conduzem à opressão de grupos vulneráveis; se acreditas que uma determinada personagem é trans, não binária, ou livre de género, ou que são homossexuais ou bissexuais; se encontraste algo nestas histórias que fez eco em ti e te ajudou em qualquer momento da tua vida — então isso é entre ti e o livro que leste, e é sagrado.”

ZAP //

19 Comments

  1. Isso me parece bem arcaico. A mulher tem a opinião dela, que inclusive está longe de ser uma ofensa… As pessoas deveriam se importar com o que realmente importa do que censurar livros pq simplesmente não concordam com a opinião do autor. Ridículo, medieval, ultrapassado.

    • Concordo! Talvez a dona da livraria seja trans ou lésbica ou gay… Sou homofóbico mas levo minha vida sem interferir nas demais. Espero que não tentem influenciar meu filho nas escolinhas ou na TV dizendo que é normal ser assim, se não, o bicho vai pegar!!! Abraço

  2. Como não há magia nisso, a autora ficou compreensivelmente desnorteada. De certeza, perante quaisquer alterações abruptas na natureza, os seres biológicos necessitam tempo para se adaptarem. Ela não tem este direito?

  3. O que se poderia de esperar de uma livraria de neo-esquerdalhos autoritários?
    Esta gente representa a maior ameaça à liberdade de expressão na atualidade. E o pior é que poucos ainda se aperceberam do poder que vão adquirindo.

  4. ‘Cancel Culture’ em ação. Deixem-se de tretas. Não gostam, não compram. Simples.

    É tão ‘infantil’ os Dems/lefties, a sua narrativa e a ‘cancel culture’ e a ‘turma de Hollywood’ c/ os ‘double-standards’ — crescem e apareçam: façam algo pela vida, e sejam verdadeiros Americanos.

    Têm sempre a possibilidade de ir para os países que consideram o supra sumo de acordo com a ideologia que professam: porque permanecem nos EUA? Rídiculo!

  5. Merica!
    Retirar livros já é questionável; retirar porque a autora deu uma opinião, é mesmo o cúmulo da estupidez e demonstra que há gente que, embora viva no meio dos livros, não tem o mínimo de cultura!!

  6. Também há a história daquel@ alminha que queria ser um pequeno pónei. Gostava dos pequenos póneis, sonhava com eles, vestia-se como um pequeno pónei cor-de-rosa e decidiu trotear o mundo Tiktok com a sua crina multicolor na senda de uns @doktores para a ajudar nuns ajustes ao corpinho. A única coisa que afligia a coitadinha arco-íris eram todos os troles e monstrengos mauzões que deviam ser silenciados ou expulsos do reino encantado por acharem estranha a sua fantasia e terem opinião

  7. Já não se pode ter opinião? Onde está a liberdade de expressão? Ou a liberdade de expressão só conta para um lado?
    Se faço um comentário posso ser considerado racista mas, tenho de aturar comentários de pseudo defensores de pseudo direitos.
    Agora a mulher não pode dizer o que pensa que é logo crucificada.
    Esta moda já mete nojo, … Tenham juízo.

    • A JK Rowling tem tanto direito a expor a sua opinião quanto a livraria tem a decidir que livros vende. A liberdade de expressão protege indivíduos de serem perseguidos pelo Governo pelas suas opiniões, mas isso não se aplica a instituições privadas. Enquanto instituição privada esta livraria tem todo o direito de decidir o que quer e não quer vender, quaisquer que sejam as suas motivações. Pessoalmente, discordo completamente com a decisão da livraria.

      • E quem disse o contrário??
        É óbvio que quem administra a livraria tem toda a liberdade para ser estúpido!!

  8. É como o direito de ver ou não um filme… nunca vi a tão famosa “saga” nem verei! Já vi a Guerra das Estrelas quando era adolescente… não a irei recordar nem ver o que de novo se fez.

    Mas é assim, gostos são gostos… claro que a senhora tem todo o direito emitir a sua opinião como a livraria o direito à censura.

  9. Se a pessoa é transexual é porque não se aceita a si própria; porquê que fica ofendida se não for aceite por outros?
    J. K. Rowling tem todo o direito à sua opinião.

  10. Ainda não entendi porque uma Mulher Trans não se contenta em ser chamada assim e faz questão de ser chamada apenas de “mulher”. Qual o problema de sermos específicos?

  11. O prejuízo é da livraria ! A autora continua a ser adorada e os seu livros comprados… noutras livrarias ! (que assim ganham o que esta está a perder!)
    Como disse, que o prejuízo financeiro lhes sirva de lição… ou não, porque o fanatismo dessa gente pró-aberrações é gigantesca e uma vedadeira doença!

  12. Isto é uma vergonha! Qual é o papel de uma livraria? Vender livros e não fazer política! Nunca se assistiu a tanta censura e ódio como hoje! Há gente que manipula empresas comerciais, cuja maioria não tem quaisquer valores morais para ganhar dinheiro, estarem agora a impor políticas aos seus clientes. Por mim quando sei de alguma empresa que faça uma coisa destas, simplesmente deixo de comprar os seus produtos. Que quisesse ter uma fá ia à igreja! E se quisesse ter uma posição politica, aderia a um partido político. Não admito imposições sejam lá de quem for! Querem mandar na mente dos outros. Ao que isto chegou!

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