L’Incendie II, da portuguesa Vieira da Silva, leiloada por 1,9 milhões de euros

(dr) Sotheby's

“L’Incendie II, ou le Feu” de Maria Helena Vieira da Silva

L’Incendie II, uma das pinturas mais importantes de Maria Helena Vieira da Silva, foi leiloada esta terça-feira em Londres, no Reino Unido, por 1,9 milhões de euros.

A pintura L’Incendie II, ou Le Feu (1944), de Maria Helena Vieira da Silva, foi leiloada por 1,635 milhões de libras, cerca de 1,939 milhões de euros, num leilão promovido pela Sotheby’s, em Londres. A base de licitação para a obra era de 1,4 milhões de euros.

Esta é uma das obras mais relevantes da pintora portuguesa, criada durante o exílio no Brasil devido à II Guerra Mundial.

A tela permaneceu na coleção pessoal da artista até ao início dos anos 90, quando foi oferecida a uma das suas amigas mais próximas. L’Incendie II foi executada durante o exílio da artista no Rio de Janeiro, para onde fugiu em 1940 com o marido judeu, o pintor Árpád Szenes, para escapar à perseguição nazi, e de onde regressou a Paris somente em 1947.

Durante este período, Vieira da Silva produziu vinte e uma telas, três das quais foram executadas em 1944.

“Escuras e introspetivas, essas pinturas tornaram-se diários visuais através dos quais a artista podia refletir sobre a guerra que assolava a Europa, assim como o seu próprio estado de espírito turbulento”, refere o catálogo.

Em L’Incendie II, a artista pintou uma composição iridescente, na qual inúmeras figuras humanas e casas se transformam em chamas, remetendo para os horrores da guerra, num estilo que varia entre a figuração e a abstração, e sugere comparações com a pintura dos séculos XVI e XVII de Hieronymus Bosch e El Greco e a contemporaneidade de Jackson Pollock.

Uma versão diferente da mesma série, L’Incendie 1, foi leiloada a 6 de março de 2018, pela Christie’s, pelo valor recorde de 2,05 milhões de libras (2,3 milhões de euros no câmbio da altura).

Nascida em Lisboa, em 1908, Maria Helena Vieira da Silva mudou-se para a capital francesa quando tinha 19 anos para poder estudar durante uma época de grande atividade artística, tendo acabado por se instalar na cidade, onde morreu em 1992.

Ao todo, foram esta terça-feira a leilão 42 lotes, incluindo obras de Banksy, Grayson Perry, Jean-Michel Basquiat, Gerhard Richter, Yves Klein ou Francis Bacon. Em destaque esteve “The Splash”, de David Hockney, arrematado por um valor recorde de 24,1 milhões de libras (28,1 milhões de euros), quase oito vezes o valor alcançando num leilão em 2006, quando foi vendido por 2,9 milhões de libras.

ZAP // Lusa

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