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“Obrigado, Moedas”: Câmara de Lisboa acusada de limpeza estranha de cartazes

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Manifestação sobre a habitação está marcada para o próximo sábado. Funcionários da Câmara retiram imagens sobre o evento. “Completamente falso”, reage autarquia.

No próximo sábado vai decorrer uma manifestação pelo direito à habitação, em diversas cidades.

Há, ou havia, cartazes espalhados por Lisboa sobre o evento. Mas a plataforma Casa para Viver, organizadora, denuncia a “limpeza” de cartazes que a Câmara Municipal de Lisboa fez.

Em comunicado enviado ao ZAP, a plataforma repudia esta “repressão” e acrescenta: “Não percebemos porquê: com a crise da habitação a atingir números históricos, é mais do que natural que a população se una (e se organize) para pedir respostas aos seus representantes”.

O foco é o presidente Carlos Moedas: “O que não é natural, mas que tem vindo a revelar-se o modus operandi de Moedas, é fechar e tentar impedir o diálogo da população. Sendo detentor de um cargo público eleito, torna-se ainda mais estranho”, indica a Casa para Viver.

A plataforma avisa que as ordens da autarquia foram iguais nas outras duas manifestações, em 2023: retirar ou rasgar cartazes.

E há outras acusações de repressão: “Portas de associações vandalizadas (uma acção de limpeza chegou mesmo a inundar o interior da associação Sirigaita, nos Anjos), foram (e são) várias tentativas de reprimir a comunicação de uma plataforma que junta dezenas de colectivos — e, por sua vez, centenas de vozes”.

A plataforma acha que estes casos têm “especial gravidade”, numa altura em que – pensavam – já tinha acabado a “poeirenta censura” há 50 anos.

Além disso, lembra, a CNE (Comissão Nacional de Eleições) avisa que as autarquias “não têm competência para regulamentar o exercício da liberdade de propaganda” – e a retirada de cartazes do espaço público tem de ser decretada por ordem do tribunal.

A Casa para Viver acusa Carlos Moedas de fechar os olhos ao que se passa na cidade: “Cada vez mais pessoas a viver em condições precárias, acampamentos em várias zonas da cidade, despejos sem solução na ordem do dia, e o valor das rendas a atingir níveis históricos de tão elevados, sem qualquer travão à vista”.

“Colámos cartazes a agradecer ao Presidente da Câmara no lugar onde os outros foram retirados”, finaliza o comunicado – as imagens podem ser vistas na galeria acima.

A Câmara Municipal de Lisboa respondeu ao ZAP, depois da publicação deste artigo, assegurando que “é completamente falso” que a Câmara “tenha efetuado qualquer limpeza dos cartazes”.

(artigo actualizado com resposta da Câmara de Lisboa)

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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5 Comments

  1. Estes fingem não querer nada com o Chega, mas estão cada vez nais parecidos com eles.
    Por este caminho, não tardam a ultrapassá-los.
    O discurso do Portas não deixa dúvidas.
    Nem sei porque não deixam falar o outro.
    Estarão a guardá-lo para mais tarde, com certeza.
    Mas que triste trio…

  2. Não foi isto e ainda pior que os lisboetas escolheram?
    Estavam à espera de quê?
    Há quem se farte de estar bem, e depois faz escolhas destas.
    Há desejos que nunca se devem pedir, porque podem acontecer
    Aí têm.
    Bom proveito.

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