Irão criou unidade de elite anti-Mossad. 20 agentes (e o líder) afinal eram espiões da Mossad

1

Hossein Zohrevand / Wikipedia

O antigo presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad (ao centro)

O líder dos serviços secretos iranianos é um agente duplo de Israel, diz o antigo presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. A unidade de elite anti-Mossad foi comprometida, e cerca de 20 agentes foram recrutados pelos serviços secretos israelitas.

Segundo o antigo presidente do Irão Mahmoud Ahmadinejad, os serviços secretos iranianos foram infiltrados por espiões israelitas, e alguns dos agentes-chave da unidade de elite anti-Mossad são na verdade agentes duplos da própria Mossad — incluindo o seu líder.

Segundo Ahmadinejad, o líder do grupo encarregado de combater as operações israelitas foi secretamente recrutado pela Mossad, e tem estado a trabalhar contra o Irão.

Esta unidade, originalmente responsável pela monitorização das atividades dos serviços secretos israelitas, terá sido comprometida e começou a enviar para Israel informações sensíveis, conta o The Times of Israel.

Numa entrevista à CNN Turquia, Ahmadinejad revelou que a Mossad tinha recrutado com êxito vários membros das unidades de informação do Irão, incluindo altos funcionários.

O antigo presidente afirma que cerca de 20 agentes iranianos tinham fornecido informações críticas a Israel, atuando como agentes duplos no aparelho de segurança do Irão.

O principal objetivo desta operação israelita, diz Mahmoud Ahmadinejad, era roubar informações relacionadas com o programa nuclear do Irão.

Estas afirmações lançam entre os iranianos sérias dúvidas quanto à segurança e integridade da sua rede de informações, e expõem a sua vulnerabilidade a infiltrações estrangeiras.

Segundo Ahmadinejad, estes agentes estiveram por trás de alguns sucessos importantes da Mossad no Irão, incluindo, em 2018, o roubo de documentos do programa nuclear que foram levados de Teerão para Israel.

O líder da unidade de contra-espionagem e os cerca de 20 alegadas toupeiras israelitas conseguiram fugir do Irão e vivem agora em Israel, diz o antigo presidente iraniano.

Ahmadinejad, um “populista incendiário conhecido pela sua retórica anti-Israel e antissemita” e pela violenta repressão que se seguiu à sua disputada reeleição em 2009, foi impedido pelo Conselho de Guardiões de se recandidatar à presidência nas eleições deste ano, recorda o The Times of Israel.

No passado, outros responsáveis iranianos já se tinham referido à notória capacidade de penetração da Mossad no Irão.

Um antigo ministro iraniano, na altura conselheiro do presidente Hassan Rouhani, disse em 2022 que os altos funcionários de Teerão deveriam temer pela vida devido à “infiltração” da agência de espionagem israelita.

As afirmações de Ahmadinejad surgem numa altura em que Israel está envolvido numa guerra aberta no Líbano contra o Hezbollah, grupo terrorista apoiado pelo Irão, tendo recentemente conseguido vitórias militares significativas — aparentemente com base em operações de espionagem.

Em setembro, milhares de pagers do Hezbollah explodiram no Líbano, provocando a morte de pelo menos 12 dos membros da organização xiita e ferimentos em cerca de 1500, em incidentes que o grupo terrorista atribuiu a Israel — que não confirmou nem negou a responsabilidade.

Na semana passada, as forças armadas israelitas eliminaram quase toda a hierarquia de comando do Hezbollah, incluindo o líder do grupo terrorista libanês, Hassan Nasrallah, morto num ataque aéreo ao seu bunker em Beirute.

Segundo o jornal francês Le Parisien, que cita uma fonte da segurança libanesa, Israel foi avisado por uma toupeira iraniana da chegada iminente de Nasrallah ao seu quartel-general, um complexo de seis edifícios no coração de Dahieh, o subúrbio sul de Beirute.

“Os israelitas fizeram tudo para não falhar o alvo”, diz a fonte libanesa. Imediatamente após a notícia da morte de Nasrallah, os iranianos levaram o seu líder supremo, Ayatollah Ali Khamenei, para um local seguro.

Em julho deste ano, o líder político do grupo terrorista Hamas, Ismail Haniyeh, foi morto numa explosão na casa de Teerão em que estava alojado durante uma visita para assistir ao funeral do presidente iraniano Ebrahim Raisi, que morreu na queda de um helicóptero — cuja causa parece ter sido acidental.

Embora Israel não tenha comentado a morte de Haniyeh, o Irão prometeu retaliar.

Dias depois da morte de Haniyeh, o Irão deteve mais de 20 pessoas por suspeitas de ligação ao seu assassinato, revelou na altura o The New York Times, citando dois iranianos familiarizados com a investigação. Entre os detidos contavam-se oficiais superiores dos serviços secretos iranianos, oficiais militares e pessoal da casa de hóspedes gerida pelos Guardas da Revolução Islâmica.

Os iranianos receavam que o assassinato, tão audacioso quanto humilhante, só tivesse sido possível devido a uma grave falha de segurança entre os altos funcionários da intelligence iraniana, diz o NYT.

Em novembro de 2020, o principal cientista nuclear iraniano, Mohsen Fakhrizadeh, foi assassinado no Irão, no que terá sido um ataque sofisticado ao veículo em que seguia, alegadamente liderado por uma equipa da Mossad — que terá usado uma metralhadora computorizada.

No mês seguinte, o Irão deteve várias pessoas alegadamente envolvidas no assassínio do cientista nuclear. “Há várias evidências de que os sionistas estiveram envolvidos”, disse então Hossein Amir Abdollahian, conselheiro para assuntos internacionais do Parlamento iraniano.

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, acusou na altura Israel de ser responsável pelo ataque e apelou à comunidade internacional para “condenar este ato de terrorismo de Estado”.

Israel é acusado de estar por trás dos assassinatos de uma série de cientistas do programa nuclear iraniano nos últimos 10 anos.

Então como agora, os assassinatos de cientistas nucleares ou de líderes das organizações terroristas parecem ter sido realizados de forma cirúrgica, eficaz e altamente sofisticada, com a ajuda de informação confidencial obtida pelos serviços secretos israelitas.

Estas operações humilhantes têm exposto as fragilidades dos serviços secretos iranianos face à capacidade de infiltração da Mossad nas suas fileiras — que apenas julgávamos que pudesse acontecer nos filmes de Hollywood.

Armando Batista, ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

1 Comment

  1. AEIOU, o Hasham novo Líder do Hezbollah já foi jantar com os peixes no fundo do mar.

    Editar – 

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.