Do catering ao poder. Líder do Grupo Wagner é uma ameaça para Putin

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Kremlin / Wikipedia

Yevgeny Prigozhin (dir), o cozinheiro-chefe de Vladimir Putin (c)

A influência do líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, tem crescido de vento em popa. O oligarca que se começou por destacar no catering é agora uma ameaça para Putin.

Yevgeny Viktorovich Prigozhin é o oligarca russo responsável pelo infame Grupo Wagner e confidente próximo do Presidente russo, Vladimir Putin.

Prigozhin é conhecido comochef de Putin” porque os seus restaurantes e empresas de catering ofereciam jantares aos quais Putin comparecia com dignitários estrangeiros.

O Grupo Wagner surgiu pela primeira vez na Crimeia após a sua anexação, em 2014, e desde então tem presença na Síria, na Líbia e noutras zonas de África.

Prigozhin sempre negou qualquer ligação ao grupo até setembro de 2022, altura em que admitiu ter criado a empresa paramilitar privada numa publicação na rede social russa VKontakte.

“Eu mesmo limpei as armas antigas, separei os coletes à prova de bala e encontrei especialistas que poderiam ajudar-me com isto. A partir desse momento, no dia 1 de maio de 2014, nasceu um grupo de patriotas, que mais tarde passou a ser chamado Batalhão Wagner”, disse o oligarca no comunicado, publicado pela sua empresa de catering, Concord.

O russo é até procurado pelo FBI “pelo seu alegado envolvimento em conspirações para afetar os EUA, prejudicando e obstruindo a Comissão Eleitoral dos EUA”, lê-se num comunicado da autoridade norte-americana.

Prigozhin será responsável pela proliferação de desinformação, tanto nas eleições dos EUA, como noutros processos eleitorais na Europa.

O jornal Público falou com especialistas que realçam a crescente influência do chef de Putin, que “pode mesmo ser uma ameaça” para o Presidente russo.

Embora seja um confidente de Putin, isso não o impediu de criticar as ações militares de Moscovo na Ucrânia em várias ocasiões. Num encontro em outubro, Prigozhin terá mesmo confrontado Putin pela má gestão no campo de batalha, segundo o The Washington Post.

“A saída da sombra de Prigozhin pode ser vista como uma afirmação de poder”, disse uma fonte do projeto All Eyes on Wagner (AEW), ao jornal português.

Em setembro, Yevgney Prigozhin foi filmado numa prisão a tentar recrutar reclusos para lutar na guerra na Ucrânia. “Ninguém volta a ficar atrás das grades”, prometeu.

Mais recentemente, o Grupo Wagner esteve em destaque pelas piores razões, ao divulgar um vídeo onde é possível ver Yevgeny Nuzhin, soldado russo que acabou por se entregar às tropas ucranianas, a ser assassinado por via de uma marreta.

As imagens foram divulgadas no Telegram pelo Grey Zone, um site ligado ao grupo, com o título “Punição de um traidor”.

A associação do grupo paramilitar ao neonazismo é frequente, assim, como o seu papel para encobrir baixas e custos financeiros nos conflitos em que a Rússia participa.

Citado pelo jornal The Guardian, o dissidente Mikhail Khodorkovsky sublinha que Prigozhin já tem tanto poder quanto alguns dos membros do Governo russo.

“Faz parte do círculo mais próximo de Putin. E no sistema russo é tudo sobre Putin. Só que ele tem-se destacado dos restantes devido ao Grupo Wagner, que, por exemplo, em África funciona como uma extensão de Moscovo, atuando nos locais onde as forças ocidentais fraquejam, como o Mali ou a República Centro-Africana”, descreve Christopher Kinsey, investigador do Kings College, citado pelo Público.

ZAP //

3 Comments

  1. Estes gajos são todos uns heróis. Este cozinheiro, o Medvedev, o Putin… são todos uns valentões… a ladrar de longe. Vão para a linha da frente dar o exemplo de quão fortes e destemidos são… Pois, afinal não passam de uns cobardolas a ladrar ao longe e a mandar os seus compatriotas para a morte. Uns valentes!

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