“Leitura apressada” com “erros de apreciação”. MP responde a juiz da Operação Influencer

4

André Kosters / Lusa

O ex-ministro das Infraestruturas, João Galamba

Os procuradores acusam o juiz Nuno Costa Dias de fazer uma leitura apressada da acusação e não teve em causa os indícios do alegado esquema de corrupção para beneficiar a Start Campus.

O Ministério Público (MP) respondeu às críticas feitas pelo juiz Nuno Costa Dias referentes à acusação da Operação Influencer.

Os procuradores argumentam que só “uma leitura apressada dos factos descritos no despacho de apresentação de arguido” justifica que o juiz de instrução não acredite que João Galamba foi o cérebro do alegado esquema de favorecimentos à Start Campus no licenciamento do centro de dados em Sines, cita o JN.

A resposta surgiu no recurso dirigido ao Tribunal da Relação de Lisboa, onde o MP contesta a decisão de libertar, entre outros, Vítor Escária, o ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro e também Diogo Lacerda Machado, um amigo próximo de Costa.

No centro da controvérsia está a alegada influência exercida por Galamba e outros arguidos em favor da Start Campus, que terá beneficiado de legislação especial para facilitar o licenciamento do centro de dados.

A acusação aponta que a lei em causa foi feita a pensar na empresa, com supostas pressões e incentivos corruptos dirigidos a várias figuras políticas e locais, incluindo o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas.

No entanto, o juiz Nuno Costa Dias teve um entendimento diferente, recusando colocar Escária e Lacerda Machado em prisão preventiva e deixando cair as acusações de corrupção e prevaricação.

“O Ministério Público formula juízos, omitindo a descrição de factos que integrem os elementos de qualquer tipo criminal”, apontou o magistrado, que descreveu ainda como “vagas” e “contraditórias” as suspeitas sobre Galamba e António Costa.

Os procuradores João Paulo Centeno, Hugo Neto e Ricardo Correia Lamas argumentam agora que existem provas substanciais, incluindo escutas telefónicas, que evidenciam o papel de Galamba na concepção de uma “lei à medida” para beneficiar o projecto da Start Campus. Este esquema teria envolvido patrocínios a eventos e associações locais como moeda de troca.

“O juiz incorreu em erro de apreciação quanto aos seguintes aspetos: na apreciação dos elementos típicos dos crimes em apreço e na qualificação jurídica, em abstrato, dos factos que eram descritos pelo MP; na apreciação da prova carreada para os autos e no juízo de indiciação desses factos; na apreciação dos perigos e exigências cautelares verificadas e nas medidas de coação demandadas”, referem.

Os procuradores referem ainda que é claro que houve um acordo para a entrega de 5000 euros à Câmara Municipal de Sines a título de patrocínio da Start Campus ao Festival de Músicas do Mundo em Sines, assim como apoios a equipas de futebol do Clube de Futebol Vasco da Gama de Sines.

O MP entende assim que é “cristalino” que João Galamba foi “na verdade, o autor e verdadeiro mentor dos factos ora em apreço”.

Adriana Peixoto, ZAP //

4 Comments

  1. Se esse “juiz” Nuno Costa Dias, cometeu algum erro tem de ser responsabilizado ou mesmo retirado do processo. Assim da próxima vez, se houver, vai analisar com calma e cabeça tudo. Não tem ninguém que fiscalize o “trabalho” dos juízes? O MP é composto por pessoas com que competências? Advogadas,
    juristas, ou de que área?

  2. Não é apenas o juiz Ivo Rosa com decisões polémicas, há mais. O que isso quer dizer e que consequência tem, não sei, apenas constacto esse facto. Há muitos juizes que não concordam com o MP em coisas obvias ou aparentemente obvias, mas quem conhece os processos saberá e existem recursos para alguma coisa.

  3. há muitos Juízes que comem para absolver os Corruptos e a única razão que vejo para absolverem tantos corruptos, ou são da mesma Família ou os absolvem porque os corruptos podem falar demais sobre ajudas aos Juízes.
    A Justiça em Portugal está mais Corrupta que os Políticos, comem todos do mesmo tacho.

  4. Entendam-se de vez, que os assuntos em causa são demasiado sérios, para serem tratados como bolas de ping-pong, sendo que, em última análise foram os mais sérios que se demitiram dos cargos e continuam à espera de respostas.
    Já o povo, à conta da vossa ligeireza, e do P. R., que finge de morto, está enredado em novas eleições, com sérias probabilidades de nova crise política daí decorrente.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.