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PSP quer mudar lei contra carteiristas. 4,5 milhões de euros roubados só no primeiro semestre

ayyur / Flickr

Agentes da PSP querem alteração à lei para travar furtos contra turistas. Só em Lisboa e só no primeiro semestre do ano, foram roubados 4,5 milhões de euros.

De acordo com a TSF, nos últimos anos o aumento do turismo em Portugal fez aumentar o número de crimes contra turistas. Até setembro deste ano, a PSP deteve 210 carteiristas, mais 82 do que em 2016 e, entre bens materiais e dinheiro, foram roubados 4,5 milhões de euros nas ruas de Lisboa.

Face ao aumento destes crimes, a PSP criou há seis meses uma equipa especializada contra este tipo de crime. Os agentes diluem-se no meio de Lisboa e, vestidos à paisana de calças de ganga e t-shirt, observam por quem por eles passa à procura de sinais.

A postura, o olhar, a maneira de estar – o turista normal não se encosta às pessoas e não olha para as malas dos outros”, diz o agente Fernandes.

Ruas estreitas e movimentadas, seguir colado aos turistas, usar mapas para dissimular o furto, andar em casal e mudar de roupa várias vezes por dia – estas são as estratégias dos ladrões para tornarem a sua identificação mais complicada.

Os polícias, também eles nas ruas à procura de quem ponha a mão em mochilas e bolsos alheios, seguem os mesmos truques para não serem eles identificados – trocam de par, mudam de roupa mas mantêm-se sempre atentos às ruas movimentadas. “Isto é muito difícil acertar no dia certo e na hora certa”, diz o agente Silva, Subcomissário da Divisão de Investigação.

Há procura destes criminosos, esta unidade da PSP chega a percorrer 16 quilómetros por dia e afirmam conhecer bem os caminhos dos carteiristas porque muitos já foram detidos e presentes a um juiz.

Apesar dos esforços dos polícias, o esforço destes acaba por não superar as limitações da lei e os criminosos acabam por sair em liberdade.

O furto nas ruas é considerado simples pela lei que prevê uma pena máxima de três anos sem prisão preventiva até ao julgamento. Segundo a PSP, os carteiristas ficam em liberdade, apenas sujeitos a medidas de coação menores e rapidamente voltam ao ataque aos turistas desatentos.

“Hoje fazemos uma detenção, amanhã sabemos que ele vai a tribunal e à tarde já está cá fora a fazer outra carteira. Para nós é sempre ingrato porque o tempo que demora uma detenção é bastante e depois chegamos a tribunal e quase não é reconhecido o nosso trabalho”, conta a agente Carvalho.

O agente Silva acrescenta ainda que “o facto de ele ser apanhado hoje em flagrante delito não significa que amanhã esteja acusado desse ilícito para efeitos de registo criminal. Pode demorar alguns anos até isto constar do registo criminal“.

Alterar o Código Penal

A maioria dos carteiristas chega a Portugal proveniente do leste europeu e conhece bem as limitações da lei portuguesa e alguns começam a roubar turistas no primeiro dia em que chegam a Portugal.

“Há vários casos de pessoas que poucas horas depois de chegarem a território nacional são logo detidas em flagrante por estarem a praticar crimes contra turistas, na cidade e no aeroporto”, revela o Subcomissário da Divisão de Investigação Criminal.

Contra estes crimes, os agentes da PSP afirmam ser necessário alterar a Lei para que este tipo de furtos na rua passa a prever penas mais pesadas.

“Eu julgo que será mais pacífico aceitar uma alteração legislativa da conduta em concreto que nos dê mais algum tipo de ferramentas para que, de facto, seja penalizado este comportamento”, acrescentou o agente.

ZAP //

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