Lavrov disse que Hitler tinha “sangue judeu”. Israel e Ucrânia disparam críticas

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unisgeneva / Flickr

Serguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia

As declarações de Sergei Lavrov sobre Hitler e o judaísmo geraram uma forte reação de vários líderes políticos ucranianos e israelitas.

Durante uma entrevista ao canal italiano Rete 4, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, disse que Hitler também tinha origens judaicas. Tanto Israel como a Ucrânia criticaram as declarações do diplomata russo.

Lavrov foi questionado pelo jornalista sobre a justificação russa para a invasão à Ucrânia, que se baseia na “desnazificação” do país, mencionando a ascendência judaica de Volodymyr Zelenskyy.

“Quando eles dizem ‘que tipo de desnazificação é esta quando somos judeus’, eu acho que Hitler também tinha origens judaicas, portanto isso não importa. Durante muito tempo, ouvimos as pessoas sábias judias dizer que os maiores antissemitas são os próprios judeus”, atirou Lavrov.

Mykhailo Podolyak, conselheiro do Presidente ucraniano, foi um dos mais críticos na sua reação às declarações do ministro russo.

“As declarações diretas e antissemitas de Lavrov […] são a prova de que a Rússia é a sucessora da ideologia nazi. Tentando rescrever a história, Moscovo está simplesmente à procura de argumentos para justificar os homicídios em massa de ucranianos”, escreveu Podolyak no Twitter.

Por sua vez, Volodymyr Zelenskyy realçou que as declarações de Lavrov mostram que Moscovo “se esqueceu” ou “nunca aprendeu” as lições da Segunda Guerra Mundial.

“O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia disse, abertamente e sem hesitação, que os maiores antissemitas estavam supostamente entre os próprios judeus. E que Hitler, supostamente, tinha sangue judeu. Como é que tal poderia ser dito nas vésperas do aniversário da vitória sobre o nazismo?”, questionou Zelenskyy, numa mensagem de vídeo no Telegram.

Já o ministro dos Negócios Estrangeiros, Yair Lapid, considerou os comentários “imperdoáveis”.

“É uma declaração imperdoável, escandalosa, um terrível erro histórico, e esperamos um pedido de desculpas”, disse Lapid, numa entrevista ao site israelita YNet. O ministro israelita disse ainda que ia convocar o embaixador russo em Israel “para uma reunião de esclarecimento”.

“Os judeus não cometeram suicídio no Holocausto. O nível mais baixo de racismo contra os judeus é acusar os próprios judeus de antissemitismo”, acrescentou Lapid.

Também o primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, lamentou os comentários de Sergei Lavrov.

“Mentiras como estas têm o objetivo de acusar os próprios judeus dos crimes mais horrorosos da História que foram cometidos precisamente contra eles”, disse o líder do Governo israelita.

Daniel Costa, ZAP //

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