A “palhaçada” continua na NBA: encostar um all-star para perder mais vezes

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Kemba Walker (ao centro) no NBA Draft 2011

Kemba Walker deixou os New York Knicks, já a pensar na próxima época – do jogador ou da equipa? O draft estará na origem desta decisão.

A notícia surgiu na quarta-feira passada: a direcção dos New York Knicks chegou a acordo com Kemba Walker para que o jogador não volte aos campos até ao final da presente temporada da NBA.

Walker foi “encostado” – ou sidelined, como se diz em inglês – para poder preparar melhor a próxima época.

O base de 31 anos chegou a Nova Iorque em Agosto do ano passado. Participou em 37 jogos, sempre como titular. No final de Novembro tinha deixado de jogar mas, devido a lesões (Derrick Rose, sobretudo) e a casos de coronavírus, voltou.

Nesse regresso, marcou 29 pontos contra os Boston Celtics (a sua equipa anterior) e impressionantes 44 pontos contra os Washington Wizards. Frente aos Atlanta Hawks, no dia de Natal, conseguiu mesmo um triplo-duplo, chegando aos 10 pontos, 10 ressaltos e 12 assistências nesse duelo. Lesionou-se no joelho, no mês passado.

O seu contrato termina no Verão deste ano e, com o regresso de Derrick Rose, Walker provavelmente iria ficar novamente a ver alguns jogos, em vez de jogar.

A versão oficial, dada pelos Knicks, é que esta decisão de só voltar a jogar em Outubro de 2022 (início da próxima época) foi do próprio jogador. E o clube “apoiou totalmente” essa medida.

No entanto, pode não ter sido bem assim.

O alerta foi dado por Luís Avelãs, especialista e comentador de basquetebol: “Cada equipa sabe de si, mas a NBA tem de olhar a sério para este tipo de palhaçada“.

E explicou, no Twitter: “Competição íntegra não pode assobiar para o lado quando as equipas, só porque sim (e por causa do draft) jogam deliberadamente para nulos ou, pelo menos, não fazem tudo para tentar ganhar“.

Os Knicks ocupam o 12.º lugar na Conferência Este da NBA. Dificilmente chegarão aos play-offs. E isto mexe com a temporada seguinte.

As equipas que não se apuram para os play-offs têm prioridade no draft da época seguinte – o draft é o evento onde se contratam reforços (ou que jogam em universidades, ou que jogam noutros países).

Em Maio haverá um sorteio para determinar quais são as equipas que ficam nos primeiros lugares da lista do draft, determinar quem terá maior leque de escolhas. No fundo, quem ficar no primeiro lugar dessa lista, pode escolher o jogador que quiser na primeira ronda, entre os basquetebolistas disponíveis.

O último classificado tem mais possibilidades de ter a primeira escolha no draft.

Kemba Walker já não está no auge da sua carreira. Mas foi escolhido quatro vezes para a equipa all-star, a melhor equipa da NBA na respectiva época. A última vez foi em 2020, há apenas dois anos, sendo titular no “jogo das estrelas”.

Mesmo assim, e apesar de ser um dos melhores basquetebolistas da equipa, os responsáveis de Nova Iorque terão preferido deixar de contar com o jogador.

Ou seja, o que Luís Avelãs considera é que, mais uma vez (porque este sistema não é novo), a verdade desportiva é colocada em causa: os Knicks deixaram de lutar para vencer nesta época.

“Não fazem tudo para tentar ganhar”, preferem perder jogos e, assim, ter maior probabilidade de escolher bons jogadores para 2022/23.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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