Juul vai pagar 440 milhões para encerrar investigação a marketing para jovens

A Juul chegou a um acordo de 438,5 milhões de dólares (cerca de 441 milhões de euros) com a Procuradoria-Geral de Connecticut, nos Estados Unidos (EUA), encerrando dois anos de investigação em mais de 30 estados, nos quais eram questionadas as campanhas de marketing da empresa.

Nessas campanhas, a Juul incentivava os adolescentes a usar o cigarro eletrónico, conhecido por ‘vaper’. De acordo com a empresa, o acordo não reconhece “qualquer irregularidade” nas campanhas de marketing.

Segundo o procurador-geral de Connecticut, William Tong, citado pelo Washington Post, a investigação revelou que a empresa tinha um sistema de verificação de idade pouco eficaz e que 45% dos seus seguidores no Twitter tinham entre 13 e 17 anos.

Em comunicado, Tong indicou que a Juul “comercializou produtos de ‘vaping’ a jovens menores de idade, manipulou a sua composição química (…), empregou um processo de verificação da idade inadequado e enganou os consumidores acerca do conteúdo de nicotina e da dependência dos seus produtos”.

“Acreditamos que isso ajudará a conter o fluxo de ‘vaping’ por parte dos mais jovens”, disse Tong ao New York Times. Mas “não temos ilusões (…). Continua a ser uma epidemia. Continua a ser um grande problema”.

Além do valor, que será usado para campanhas de consciencialização dos riscos de uso do cigarro eletrónico, o acordo inclui restrições sobre a comercialização dos produtos. A empresa enfrenta centenas de processos movidos em nome de adolescentes que se tornaram dependentes dos produtos de ‘vaping’ da marca.

As autoridades norte-americanas chegaram a proibir da venda dos cigarros eletrónicos da Juul. Mas poucos dias depois, a Food and Drug Administration (FDA) voltou atrás. Na ocasião, a agência reguladora disse que existiam “questões científicas exclusivas do aplicativo JUUL que justificavam uma revisão adicional”.

A Juul vem sendo alvo de escrutínio por parte da FDA e das autoridades de saúde nos últimos anos devido ao seu marketing direcionado aos jovens, incluindo menores de idade. A empresa, que se tornou uma das marcas mais conhecidas no ramo de cigarros eletrónicos, foi criada em 2015 e ganhou popularidade a partir de 2017.

Os estudos desenvolvidos ao longo do tempo têm demonstrado que os efeitos dos cigarros eletrónicos podem ser tão ou mais nocivos do que os comuns. O Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA afirma que a exposição à nicotina dos cigarros eletrónicos prejudica o desenvolvimento do cérebro de jovens.

Os componentes desses cigarros eletrónicos incluem ainda substâncias químicas que podem desencadear cancro e outros consequências para os pulmões.

A empresa suspendeu a venda dos seus cigarros eletrónicos com sabor de fruta, um dos mais populares, em 2019, e reduziu os gastos com campanhas de marketing. Com isso, as vendas passaram de 38 mil milhões de dólares para 5 mil milhões entre 2018 e 2021.

Também em comunicado, a Jull referiu que “os termos do acordo estão alinhados com as práticas comerciais atuais” que a empresa começou “a implementar após o seu reinício”, no outono de 2019.

ZAP //

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