Comer “junk food” danifica um cérebro em crescimento

(dr) Envato Elements

Um estudo recente permitiu descobrir vários efeitos prejudiciais da dieta junk food na saúde do cérebro, incluindo o comprometimento da memória de longo prazo.

Junk food é o termo inglês para caracterizar toda a comida não saudável, como guloseimas, chocolates, refrigerantes ou hambúrgueres.

Este tipo de comida não é recomendável para ninguém, especialmente para crianças e jovens, que são os seus principais consumidores.

Recentemente, um estudo levado a cabo pela Universidade do Sul da Califórnia (USC) concluiu que consumir este tipo de dieta durante os anos cruciais do desenvolvimento do cérebro prejudica a memória a longo prazo.

Causado por uma redução de um neurotransmissor associado à doença de Alzheimer, o comprometimento da memória não foi revertido com a mudança para uma dieta saudável no início da idade adulta.

Os cientistas analisaram de que foram uma dieta rica em gordura e açúcar danifica o cérebro de um adolescente, conduzindo as suas investigações em ratos jovens e adolescentes.

“O que pudemos concluir não apenas neste artigo, mas em alguns dos nossos outros trabalhos recentes, é que os ratos que cresceram à base de uma dieta de junk food têm problemas de memória que não desaparecem”, resumiu Scott Kanoski, professor de Ciências Biológicas da USC. “Se alterarmos a sua dieta para uma dieta saudável, os efeitos permanecem até à idade adulta.”

Nas experiências, as cobaias foram alimentadas com uma dieta junk food  desde o 26º dia pós-natal até ao 56º dia pós-natal, em representação dos períodos de desenvolvimento juvenil e adolescente.

Depois, os ratos que seguiam esta dieta alteraram-na para uma mais saudável, uma mudança que foi acompanhada por vários testes, nomeadamente para verificar se a memória episódica dependente do hipocampo havia sido comprometida.

Trata-se da memória de longo prazo de eventos quotidianos que ocorreram em momentos e lugares específicos, como lembranças de uma festa de 7º aniversário, por exemplo.

O teste consistiu em deixar os ratos explorarem novos objetos em locais diferentes. Dias depois, foram reintroduzidos numa cena quase idêntica, que continha um novo objeto.

Os cientistas descobriram que esta dieta prejudicou a memória episódica, um dano que continuou mesmo depois de terem alterado a dieta para uma mais saudável.

Em comparação com os ratos da dieta de controlo, que mostraram familiaridade com a cena, os ratos da dieta junk food mostraram sinais de que não se conseguiam lembrar do objeto que tinham visto anteriormente nem onde o tinham visto.

Como o hipocampo depende da acetilcolina para o funcionamento adequado da memória, e os níveis deste neurotransmissor também tendem a ser particularmente baixos no cérebro de pessoas com doença de Alzheimer, os cientistas estavam particularmente interessados em analisar de que forma esta dieta afetaria os seus níveis.

Chegaram à conclusão de que os animais que cresceram a comer esta dieta gordurosa e açucarada não apresentavam indícios de sinalização de acetilcolina, um mecanismo que os ajuda a codificar e a lembrar de certos eventos.

Também foram verificadas alterações no microbioma intestinal, mas estas foram corrigidas quando a dieta saudável foi introduzida. O facto de a saúde do microbioma ter sido restaurada, mas o comprometimento da memória persistir, sugere que a acetilcolina foi a causa destas deficiências.

Os investigadores só conseguiram reverter os défices de memória com a utilização de medicamentos que imitam a acetilcolina.

O artigo científico com as mais recentes descobertas foi publicado, este mês, na Brain, Behavior, and Immunity.

ZAP //

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