O pequeno Julen que caiu num furo de água, em Málaga, pode ter morrido devido a um golpe na cabeça provocado durante o longo e complicado processo de resgate. A tese está inscrita num relatório que foi encomendado pelo dono da quinta onde ocorreu a tragédia.
Este documento que foi assinado por um arquitecto, após ter sido encomendado por David Serrano, o dono da quinta onde estava localizado o furo de água onde Julen morreu, é divulgado pelo jornal espanhol El Mundo. No relatório destaca-se que a criança pode ter morrido não devido à queda, mas a um golpe sofrido na cabeça durante o resgate.
David Serrano é, até agora, o único arguido, suspeito de homicídio por negligência, no âmbito do inquérito judicial que investiga as causas da morte da criança. O homem é amigo da família da criança e encontrava-se no terreno, durante um convívio familiar, quando a criança caiu.
Agora, no âmbito da sua defesa, alegando sempre que “tinha tapado o poço” no dia da tragédia, David Serrano apresenta um documento que avança alegadas provas de que a queda não pode ter sido a causa da morte do menino.
O relatório assinado pelo arquitecto Jesús María Flores Vila baseia-se no “estudo das gravações de vídeo e das informações” existentes, no âmbito do processo de resgate que demorou vários dias, e visa “determinar o número, a sequência cronológica e a natureza das actuações levadas a cabo nas primeiras horas por parte das equipas de salvamento”, como cita o El Mundo.
Uma das principais tarefas, e das mais complicadas, do resgate foi eliminar o tampão de areia que se formou a 73 metros de profundidade, dentro do furo, e que não permitia chegar ao corpo da criança.
No relatório agora divulgado faz-se referência a uma gravação de 25 minutos da primeira câmara robotizada que foi colocada no poço a 13 de Janeiro às 16:50 horas, ou seja, poucas horas depois da queda. Segundo o autor do documento, essas imagens permitem “constatar” que o tampão de areia era “composto principalmente por material desintegrado e não compactado, terra e pequenas lascas de entre 1 e 2 cm de longitude”, num quadro que vai ao encontro da ideia de que seria constituído por despojos das paredes do furo, cuja presença no local seria “recente”.
A gravação permite observar “que se produzem desprendimentos de pequenas pedras e terra, ao contacto com alguma parte do dispositivo, de forma constante”, reforçando a ideia de que o tampão foi “consequência dos desprendimentos” provocados pelos “trabalhos iniciais de resgate”, sustenta o documento.
Numa segunda gravação de vídeo citada pelo relatório, será possível ver que os bombeiros usaram “uma picareta ou sonda de aço com um metro de comprimento e sete quilos de peso, fabricada a partir de uma barra de aço corrugado de 25 milímetros, que foi introduzida atada ao extremo de uma corda”.
Essa picareta de aço pode ter sido, segundo esta tese, a causa da morte de Julen, provocando-lhe um traumatismo crânio-encefálico devido aos golpes executados durante a tentativa de rompimento do tampão.
Cabelos da criança encontrados na picareta
“Os pais ouviram-no chorar durante 30 segundos e é impossível que o menino batesse com a cabeça, já que caiu de pé”, destaca o documento, admitindo que “pode ser que os impactos dessa picareta tenham causado o traumatismo que provocou a sua morte”.
O El Mundo repara como o relatório reforça a ideia de que o menor “sobreviveu à queda” que terá sido “inicialmente rápida”, mas que foi “diminuindo” de velocidade “à medida que aumentava o atrito exercido pela criança contra as paredes da perfuração devido ao enrolamento da sua roupa em torno da cabeça e braços”.
“À medida que o menor descia ia-se desprendendo areia, terra e pequenas pedras das paredes da perfuração devido ao atrito”, sustenta o documento. “Este material caiu juntamente com ele, as pedras maiores primeiro (2-3 cm) e os agregados depois”, acabando “depositados” sobre a roupa enrolada da criança acima da sua cabeça, formando um tampão que teria “uma espessura de entre 10 a 15 cm nas primeiras horas”.
Tendo por base os resultados da autópsia que referem que a criança morreu de um “grave traumatismo crânio-encefálico que afectou a área temporal e fronto-temporal”, alegadamente ocorrido no dia da queda, o relatório nota que “essa zona lateral da cabeça dificilmente poderia receber um impacto dessa magnitude durante a queda”.
Considerando também “altamente improvável” que uma “pedra de maior dimensão” conseguisse “atravessar terra, roupa e mãos” para atingir a cabeça com gravidade, o documento atesta que a acção com a picareta é a “única” possibilidade “física” que poderia ter provocado a lesão.
O relatório contabiliza que foram realizados “10 impactos violentos” com a picareta, destacando a certeza de que os últimos quatro impactos “penetraram, pelo menos, 35 cm no interior” do tampão, “distância superior a que se encontrava a cabeça do menor, com uma força de 50 quilos em ponta“.
Na retirada da picareta, aquando do último impacto, pelas 21 horas do dia do acidente, foram detectados “oito cabelos pertencentes ao menor, três deles com raiz telógena”, sustenta ainda o documento. A presença dos restos biológicos da criança reforça a ideia de que a picareta atingiu a sua cabeça.
O Tribunal de Instrução de Málaga está a investigar as circunstâncias da morte da criança. O El Mundo destaca que a Guardia Civil refuta a tese defendida neste relatório.
Os pais de Julen já foram ouvidos durante o inquérito judicial, tal como David Serrano e a mulher. Os dois casais encontravam-se juntos na quinta quando aconteceu a tragédia.
David Serrano é suspeito de homicídio por negligência já que o furo de água seria ilegal. Além disso, nos dias anteriores ao acidente, foram realizadas obras no local sem as devidas licenças camarárias e questiona-se que o furo não estaria devidamente protegido.
Relatório encomendado a um arquiteto?!
Hahahaaaaa!…
Os espanhóis estão a aprender com os americanos!…
Mas e usar um aspirador para retirar as areias e pedras do tampão????
Eu acho que os espanhóis não foram muito inteligentes neste resgate!
Um aspirador até poderia tirar alguma terra mais solta, mas puxar pedras já é mais complicado.
De qualquer das formas, ia levantar poeira, o que iria também causar a morte.
Lamentavelmente não existiu forma fazer com que o desfecho tivesse sido melhor.
Este caso seria difícil em qualquer parte do mundo. Mais do que criticar respeitem quer a família quer os envolvidos no processo de resgate. Não gostava de estar em nenhuma das situações.
O problema maior está no desleixo das pessoas e das autoridades e essa foi a causa da morte da criança pois esse poço deveria estar devidamente fechado de forma a não ser mais aberto e existem por aí milhares de casos idênticos.
Durante todo o processo de resgate ‘senti’ que o Julen estava vivo; até ao fim todos aqueles dias terríveis. Surpreendi-me com o seu achamento sem vida.
As minhas orações estão com ele e com os seus pais.
AM
ZAP
E que tal mudar o título para “…pode ter morrido…” como aparece logo a a seguir.
Estaria mais conforme o conteúdo da notícia…o relatório é uma visão sobre o que pode ter acontecido.
Cumprimentos
Caro Carlos,
“O relatório diz que Julen morreu”; “Julen pode ter morrido”.
Esta conclusão irá certamente trazer ainda mais dor aos pais…o desfecho teria sido o mesmo, mas saber isto é simplesmente horrível…dói só de ler a notícia, não imagino o que eles estarão a passar…
Ainda não percebeu que esta “conclusão” não faz qualquer sentido e foi encomendada pelo proprietário do poço (ainda por cima, a um arquitecto)?!
O que é certo é que existia um buraco profundo com largura suficiente para cair uma criança ou animal. Dito isto o proprietário tem que ser responsabilizado, tudo o resto é conversa.