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Milagre no mar. Jovem heroína salva a 46 quilómetros da costa após 21 horas à deriva

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Força Aérea Portuguesa

Helicóptero EH-101 Merlin da Força Aérea Portuguesa resgata jovem desaparecida no Algarve

A jovem Érica Vicente, que esteve 21 horas à deriva no mar, foi encontrada pelo cargueiro ‘MSC Reef’, a 46 quilómetros da costa, e resgatada por um helicóptero da Força Aérea.

Depois de passar a noite no mar em cima de uma prancha de stand up paddle, a dezenas de quilómetros da costa algarvia, apenas com um bikini e um remo, Érica Vicente foi encontrada pelo MSC Reef, um cargueiro de bandeira liberiana, e resgatada pela Força Aérea.

A jovem estava consciente mas em elevado estado de hipotermia. Aos tripulantes do cargueiro – que estava em trânsito, à espera de vez para entrar no porto de Tânger, em Marrocos -, disse o seu nome e onde morava – Setúbal.

Foi encontrada por volta das 17:30 de domingo, a 46 quilómetros do local de onde tinha sido empurrada por um golpe de vento enquanto praticava paddle.

A tripulação do cargueiro contactou as autoridades portuguesas, a quem transmitiu que ‘Kika’, de 17 anos, estava viva. A jovem tinha desaparecido por volta das 20:00 de sábado no mar da praia do Coelho, em Monte Gordo.

A jovem encontrava-se numa prancha de stand up paddle que, empurrada pelo vento, impedia que regressasse ao areal.

Ao final da tarde deste domingo, foi ativado um helicóptero EH-101 Merlin da Esquadra 751 da Força Aérea Portuguesa para o local, que resgatou a jovem e a encaminhou para uma unidade hospitalar.  Na operação esteve também envolvido um avião C-295M da Esquadra 502.

Segundo uma nota publicada no site da Força Aérea, a missão de resgate teve início pelas 17h30 e contou com três horas de voo.  A jovem foi recuperada a 37 quilómetros da costa algarvia e a 56 quilómetros de Faro.

Um vídeo publicado no canal de You Tube da Força Aérea mostra o momento em que Érica Vicente é recolhida do MSC Reef pelo EH-101 Merlin.

Esta foi a segunda jovem a ser resgatada pela Força Aérea durante o fim de semana, recorda a mesma nota, No sábado, um helicóptero EH-101 Merlin resgatou com vida uma jovem de 16 anos desaparecida durante uma prova de caiaque, em Angra do Heroísmo, Açores.

Nasceu outra vez

Érica Vicente esteve desaparecida durante 20 horas, sobrevivendo à noite e ao calor do dia de domingo, depois de ter sido arrastada pelo mar enquanto praticava  Stand Up Paddle, na Praia do Coelho em Vila Real de Santo António.

De acordo com o Correio da Manhã, era o último dia de férias da família e a jovem aproveitou o mar calmo para fazer paddle. Apesar de ter um remo, terá sido traída pelo vento de quadrante norte e foi arrastada para alto-mar.

Segundo Afonso Martins, comandante da Capitania do Porto de Vila Real de Santo António, que coordenou as buscas, ‘Kika’ terá entrado “numa espécie de pânico/susto e não remou“, o que fez com que “o vento lhe pegasse e ela começasse a deslocar-se para Sul“.

“O pai ainda tentou e saltou para a água, mas infelizmente não conseguiu agarrá-la, não teve capacidade física para chegar à prancha”, acrescentou.

As operações de busca envolveram meios da Autoridade Marítima Nacional, Marinha, Força Aérea e Proteção Civil. “O pai pediu ajuda e chegaram diversos meios de socorro e de resgate, mas não conseguiram localizar a rapariga”, reforçou ao Correio da Manhã João Urbano, vendedor de bolas de Berlim.

A área de buscas foi alargada desde Isla Cristina, em Espanha, até Faro, explicou o comandante Afonso Martins. Na ocasião ainda se falou na possibilidade de a prancha ter ficado presa em armações de atum que têm boias.

A família já estava a receber apoio por parte de uma equipa de psicólogos da Polícia Marítima e da Proteção Civil Municipal de Vila Real de Santo António quando recebeu a notícia que a jovem tinha sido salva.

Érica deu entrada no Hospital Distrital de Faro, onde se encontra internada. Cerca das 21:00, Elsa Rocha, diretora da Urgência Pediátrica, referiu que a jovem “está estável, já não se encontra em hipotermia, apresenta-se ainda um pouco confusa”.

“Recorda-se de alguns momentos. Não nos podemos esquecer que esteve na água mais de 20 horas. Passou por muito”, prosseguiu a clínica, reforçando: “Está muito cansada, encontra-se acompanhada pelos pais. Já fez exames”.

Nasceu outra vez“, conclui a diretora hospitalar.

Esta manhã, o diretor clínico do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, Horácio Guerreiro, adiantou que “Kika” está estável e poderá ter alta dentro em 24 a 48 horas.

“A rapariga está algo prostrada, como é natural, depois de tanto tempo sem alimentação, exposta ao sol e com stress, mas está bem, está estável, não está desidratada. Tem manifestações de prostração, está sonolenta e com algumas dores a nível muscular, e cutâneas, mas não tem lesões graves“, afirmou .

Psicologicamente, a jovem “está bem, muito calma“.

“Com tanto tempo no mar, em condições, penso eu, de stress máximo, é normal que seja surpreendente para todos. É preciso um instinto de sobrevivência, um autocontrolo, não entrar em pânico. Esta miúda é uma heroína, sem dúvida nenhuma”, concluiu Horácio Guerreiro.

ZAP //

4 Comments

  1. 17 Anos e a Vida por a frente . Teve sorte , ao tentar a morte . Não será por falta de avisos constantes , por o perigo do Mar nesta altura do Ano , que esta Jovem desconhecia o risco que corria ! . A isso chama-se Inconsciência e irresponsabilidade tanto dela como a dos Pais . Espero que lhe sirva de lição !

  2. Espantado mas nada admirado, constato mais uma vez que para ser HERÓI basta estar vivo mesmo que imaturo, pouco ou nada consciente dos perigos que tanto se divulgam, afoito até à inconsciência e pouco ou nada preocupado com os medos que se causam aos familiares, amigos, conhecidos e população em geral, isto para já não mencionar os custos das buscas e salvamentos que tais situações acarretam!
    Com que então a “piquena”, praticante de tal modalidade, pelos vistos não sabia, ou nem lhe interessava saber, que só aquele corpinho “tão elegante” (pelo menos na foto), seria uma óptima vela para o vento se entreter a empurrá-la na direcção em que soprava?!!!
    Que saudades do tempo em que só se davam medalhas a quem as merecia e nunca para prestígio do “medalhador” ou para as coleccionar como se fazia com as caricas (tampinhas de cervejas e refrigerantes) e só se considerava herói quem realmente sobressaísse da vulgaridade, no bom sentido que era normalmente em prol de terceiros e NUNCA a jovens inconscientes e cretinamente afoitos.
    Pela redacção aqui apresentada também se deveria considerar herói o “escrevinhador que muda os Km a que foi encontrada, como a idade da hErOínA enfim, um retrato fiel dos tempos actuais…

  3. Os heróis distinguem-se por um feito em que outro ou outros são beneficiados com o feito , é pura estupidez dar-se adjetivos a onde não existem .
    Muito jovem e tem uma historia que jamais se ira esquecer , para ela e para os pais foi um alivio significativo .
    Não sou capaz de imaginar tal sofrimento..
    Felicidades pela vida fora que azares ja chegam.

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