A Polícia Judiciária (PJ) está a investigar o assassinato de um jovem encontrado morto num poço, após uma denúncia de que teria sido assassinado por outros jovens. A vítima será Lucas Miranda, de 15 anos, e pode ter sido morta por elementos de um gangue juvenil de que faria parte.
Lucas Miranda, de 15 anos, está desaparecido desde Outubro passado, altura em que fugiu de uma instituição para onde foi enviado pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ).
A entidade agiu depois de a mãe adoptiva do jovem ter alegado dificuldades em lidar com ele, devido às agressões de que era alvo. Lucas Miranda teria problemas psiquiátricos e estaria a ser medicado, mas a pandemia terá piorado a situação clínica do jovem.
Nesta quarta-feira, a PJ descobriu o que poderá ser o corpo do adolescente no fundo de um poço, em Palmela, num terreno próximo ao Centro Tabor, em Setúbal, onde Lucas Miranda estava institucionalizado. Mas só a autópsia vai confirmar se de facto é ele ou não.
O Correio da Manhã (CM) relata que a PJ chegou ao local depois de uma denúncia feita pelo pai de um outro menor que lhe terá contado que viu o jovem a ser assassinado e os alegados homicidas a atirarem o corpo para o poço.
Os autores do crime serão “três amigos” de Lucas Miranda que pertencerão a um gangue juvenil, conforme afiança o mesmo CM.
Esta é a pista principal que a PJ está a seguir nas investigações, apontando para que a causa da morte possa ser uma guerra entre gangues.
Lucas Miranda estaria associado a um gangue “referenciado pelas autoridades policiais”, como aponta o CM, acrescentando que estes jovens teriam uma guerra com outro gangue juvenil do Vale da Amoreira, no concelho da Moita.
Nos últimos tempos, o adolescente de 15 anos aparecia em fotografias divulgadas nas redes sociais, com vários jovens e com armas. Ele terá protagonizado alguns “episódios de violência na companhia deste grupo”, destaca ainda o CM.
“Autoridades nunca o procuraram”
A mãe adoptiva do jovem, Jessica Nova, que o acolheu com apenas 2 anos de idade, revelou no programa “Linha Aberta” da SIC que nos últimos meses, com as limitações da pandemia, o jovem tornou-se violento.
Jessica Nova confessou que tinha algum “receio” dele sozinho, mas mais ainda por saber que andava “em grupos, alguns deles armados”.
“Tenho 1,50 metros e ele mais de 1,70 metros. Já não o consigo controlar”, lamentou, justificando assim o facto de ter pedido a ajuda das autoridades num processo que levou Lucas Miranda a ser de novo institucionalizado.
Em apenas 15 dias após ter chegado ao Centro Tabor, Lucas Miranda fugiu seis vezes. A última das quais foi a 15 de Outubro, não tendo voltado a ser visto desde então.
As “autoridades nunca o procuraram”, chegou a acusar a mãe adoptiva no programa da SIC.
O corpo agora descoberto no poço a 150 metros do Centro Tabor estava em avançado estado de decomposição. Estava envolto num lençol, o que indicia que terá sido morto noutro local e arrastado para ali, como atesta ainda o CM.
Entretanto, o Barreirense, clube de futebol onde Lucas Miranda jogava, lamenta a morte do jovem atleta.
“Nunca poderemos entender o porquê de um menino de 15 anos ter que partir e deixar toda uma vida por viver”, frisa o clube nas suas redes sociais.