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Jornalista venezuelana demite-se por censura a entrevista com Vargas Llosa

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A jorrnalista venezuelana Shirley Varnagy demitiu-se do canal de televisão privado de notícias Globovisión depois de a estação ter censurado parte de uma entrevista ao escritor peruano Mário Vargas Llosa, prémio Nobel da Literatura 2012.

“Não transmitiram a entrevista completa que fiz a Vargas Llosa. Não farei silêncio no meu espaço. Trabalhei na Globovisión até hoje“, escreveu a jornalista na sua conta no Twitter.

Em declarações à imprensa, Shirley Varnagy explicou que a parte não transmitida incluía opiniões sobre a política venezuelana e que o último bloco do programa ‘Shirley’ foi submetido a cortes permanentes.

“A liberdade é a minha forma de paz, devo agradecer às minhas produtoras que lutaram pela pluralidade e a liberdade de vozes”, frisou.

Férreo crítico das políticas do falecido Presidente Hugo Chávez, o escritor Mário Vargas Llosa visitou recentemente a Venezuela para participar num encontro promovido pelo Centro de Divulgação do Conhecimento Económico para a Liberdade (Cedice) e apoiar os protestos que há quase três meses se registam diariamente no país contra o Governo de Nicolás Maduro.

Shirley Varnagy / Facebook

Depois da entrevista, a jornalista Shirley Varnagy "roubou um selfie" ao prémio Nobel peruano Mário Vargas Llosa.

Depois da entrevista, Shirley Varnagy “roubou um selfie” ao prémio Nobel peruano Mário Vargas Llosa.

Na Venezuela são cada vez mais frequentes as queixas de jornalistas de censura na imprensa que, por sua vez, é frequentemente criticada pelo Governo venezuelano.

A Globovisión é um canal privado de notícias da Venezuela fundado em 1994, e transmitindo via satélite para várias operadoras e países da América Latina, Estados Unidos, Caraíbas e Europa, incluindo Portugal.

Crítico do chavismo, o canal passou por uma mudança na linha editorial, em maio de 2013, posicionando-se “mais ao centro” depois de ter sido comprado por três empresários tidos como próximos do chavismo.

A venda abrangeu 80% das acções da empresa, porque os outros 20% tinham sido confiscados pelo Governo, estando em curso acções em tribunais para a sua recuperação.

Pela sua linha editorial crítica do regime, o canal acumulou vários processos administrativos abertos pelo Governo venezuelano que, em várias ocasiões, ameaçou encerrá-lo, além de impor multas através da Comissão Nacional de Telecomunicações.

Uma situação parecida acontece com o consórcio Cadena Capriles, proprietário de vários jornais e revistas, entre eles o diário de maior tiragem do país, Últimas Notícias, que em Junho de 2013 foi comprado por um grupo bancário com ligações ao Governo venezuelano.

A oposição acusa o governo de comprar órgãos de comunicação social para implementar uma linha de pensamento único no país.

/Lusa

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