“Não vamos publicar absolutamente nenhuma história de crime, independentemente do quão importante seja”, anunciou a direção do jornal mexicano El Monitor de Parral.
Depois de ter sido alvo de ataques com cocktails molotov, o jornal mexicano El Monitor de Parral anunciou que irá deixar de vender a sua edição impressa e decidiu deixar de publicar trabalhos sobre crimes e sobre questões políticas.
“Não vamos publicar absolutamente nenhuma história de crime, independentemente do quão importante seja”, lê-se no editorial publicado esta quarta-feira, citado pelo britânico The Guardian.
O jornal, que irá manter a sua versão digital, falou num “ataque encabeçado por um grupo de pessoas”, mas não adiantou mais informações sobre o caso. De acordo com o Observador, o gabinete dos procuradores do estado de Chihuahua, onde a redação está localizada, condenou o ataque e prometeu uma “investigação exaustiva”.
O ataque ocorreu antes da meia-noite, quando “pessoas não identificadas atiraram cocktails molotov para o edifício localizado na rua de Cerro, causando danos em diversas partes da estrutura”.
O estado de Chihuahua tem sido conhecido pela violência dos cartéis de droga que lá se formam e este não é o primeiro caso em que um jornal restringe a cobertura de histórias de crimes para evitar a violência dos gangues ou outro tipo de ameaças. Ainda assim é raro que um jornal mexicano deixe totalmente de o fazer e que o anuncie publicamente.
“Custa-me muito porque sempre lutamos por esta liberdade. Mas é preciso acatar a decisão da direção”, comentou o editor Esteban Villalobos Guillén.
Esta quarta-feira, um jornalista que escrevia para uma publicação online foi encontrado morto no sul do México. Rogelio Barragan trabalhou para o Guerrero Now, uma publicação que cobre vários eventos no estado de Guerrero, também dominado pela droga e violência, e o seu corpo foi encontrado no estado vizinho, Morelos.
Desde o início do ano, já foram assassinados nove jornalistas no México.