João Leão antecipa subida dos salários médios e rejeita que polémica com o ISCTE o prejudique na eleição para o MEE

José Sena Goulão / Lusa

O ministro das Finanças, João Leão

Antigo governante destaca o grande esforço feito por Portugal e pela Europa no sentido de responder à crise da inflação.

João Leão, antigo ministro das Finanças, não considera que a atual conjuntura económica seja uma ameaça aos rendimentos dos portugueses, já que as condições são, ainda assim, “muito favoráveis” à recuperação económica. Numa entrevista ao jornal Público e à Rádio Renascença, o antigo governante recusou-se a comentar a estratégia seguida pelo atual Governo, mas destacou o “esforço significativo” que tanto Portugal como a Europa fizeram para fazer face ao “choque muito negativo” de “aumento dos preços da energia e das matérias-primas”.

“Se olharmos para as medidas a nível europeu nos combustíveis, falamos de medidas massivas. As pessoas podem não sentir, mas são medidas muito exigentes. Portugal conseguiu ir ainda mais longe na parte da eletricidade. Tem a ver com o acordo com Espanha, mas também com a aposta que temos nas renováveis.” Ainda assim, e confrontado com a perda do poder de compra, Leão sublinha que os “mais vulneráveis têm que ser protegidos“. “Há medidas específicas para isso às quais o Orçamento de Estado vem acrescentar respostas mais de longo prazo.”

Perspetivando o futuro, o antigo responsável diz que há margem para as medidas continuarem, apontando para um “aumento bastante significativo, a médio prazo, dos salários médios. Considera ainda exequível, mesmo à luz da atual crise, o aumento de 20% do salário médio até ao final da legislatura, um objetivo traçado há alguns meses, antes de a guerra na Ucrânia começar. “Há aqui alguma incerteza sobre o efeito desta crise e da inflação. É uma incerteza que aconselha alguma prudência na análise. Mas temos condições de médio prazo muito favoráveis ao aumento dos salários, porque temos uma população mais qualificada, temos mais investimento e temos um emprego já mais estabilizado.”

Na entrevista, João Leão abordou ainda a possibilidade da polémica questão do financiamento do Iscte poder interferir com a sua eleição para o Mecanismo Europeu de Estabilidade, recusando qualquer influência. “Nunca houve qualquer questão sobre o assunto e nós já expressámos todos os esclarecimentos. Não tive qualquer intervenção sobre o assunto. Houve muitas entidades que foram financiadas pelo Ministério das Finanças.”

ZAP //

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