O famoso e polémico quadro “Ivan, o Terrível, com o filho a 16 de novembro de 1581”, foi vandalizado numa galeria de arte, em Moscovo.
Uma das pinturas mais famosas da Rússia, que retrata o czar Ivan, o Terrível, a abraçar o filho moribundo, foi gravemente danificada depois de um homem a atacar com um poste de metal.
A tela, “Ivan, o Terrível e o Seu Filho Ivan a 16 de novembro de 1581”, um óleo em tela pintado por Ilya Repin em 1885, retrata o czar ferido a segurar o próprio filho nos seus braços depois de lhe ter dado um golpe mortal, incidente histórico cuja veracidade alguns nacionalistas russos contestam.
A Galeria Estatal Tretyakov, no centro de Moscovo, revelou que um homem “atacou” a tela pouco antes do horário de fecho, na noite da passada sexta-feira. O indivíduo conseguiu passar por um grupo de funcionários com um dos postes de metal usados para manter o público à volta da pintura, com o qual bateu várias vezes no vidro protetor da obra.
“Como resultado dos golpes, o vidro partiu-se”, referiu a galeria em comunicado. “Os danos foram graves. A tela foi perfurada em três lugares na parte central da obra, que representa a figura do tsarevich, o filho do czar”.
Por sua vez, o quadro foi também seriamente danificado, mas, “por uma feliz coincidência”, os elementos mais preciosos da pintura – a representação dos rostos e das mãos do czar e do filho – não foram danificados.
A mesma tela tinha já sido danificada, em 1913, por um homem mentalmente perturbado, que a cortou com uma faca em três locais. Ilya Repin, que faleceu em 1930 e ainda estava vivo na altura, conseguiu restaurá-la.
Fontes policiais informaram as agências de notícias russas de que o agressor era um homem de 37 anos, residente em Voronezh, a cerca de 460 quilómetros de Moscovo. O indivíduo foi detido e acusado de danificar um artefacto cultural, diz o The Moscow Times.
Alguns meios de comunicação russos adiantam que o indivíduo terá atacado a pintura por achar que a descrição da história russa ali retratada é imprecisa. Os nacionalistas russos, que se opõem a esta pintura, contestam a sua veracidade e já tinham exigido anteriormente que a galeria retirasse o quadro, algo que o Tretyakov se recusou a fazer.
Entretanto, o acusado reconheceu já a gravidade do seu crime. “Eu queria ir-me embora, mas entrei no bufet da galeria e bebi vodka“, justificou-se.