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Italianos descobrem que pagam “imposto sobre a sombra” desde 1993

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msplanchard / Flickr

Os comerciantes italianos pagam desde 1993 imposto sobre a sombra dos letreiros das lojas

Os comerciantes italianos pagam desde 1993 imposto sobre a sombra dos letreiros das lojas

Entre as inúmeras taxas que afligem os italianos, há uma que indignou uma pequena localidade veneziana: o “imposto da sombra” que, como o seu nome indica, taxa a sombra que os letreiros das lojas projectam sobre as calçadas.

O comerciante Bruno Allegranzi gere desde 1979 uma loja de produtos para família em Conegliano, no nordeste da Itália, em plena região do vinho Prosecco, e a 2 de dezembro do ano passado recebeu uma carta na qual era intimado a pagar uma taxa que até então desconhecia: “o imposto da sombra“.

“Nem sabia do que se tratava, porque já tinha pago o imposto de publicidade. Fui aos escritórios e disseram-me que a projeção dos meus letreiros ocupam solo público, fazem sombra e por isso ocupam solo público”, conta o comerciante à agência EFE.

Allegranzi assegura que se sentiu “alucinado” e num primeiro momento achou que era uma piada já que, nos seus quarenta anos de atividade, nunca tinha recebido notificação similar – apesar de o imposto, de carácter nacional, ter sido introduzido em 1993.

O comerciante suspeita que isso se deve a que anteriormente a taxa ia incluída no grosso do imposto por ocupação do solo público e aparece agora separado, o que chamou a sua atenção.

Allegranzi entrou em contacto com a Confederação Geral de Empresas, Confcommercio, que o informou da origem desta polémica taxa – e que encetou já diversas iniciativas em nome dos comerciantes para pedir a imediata suspensão da imposto da sombra, que considera “surrealista”.

Segundo o presidente da Confcommercio em Conegliano, Luca Ros, este imposto “é aplicado aos letreiros que refletem ou podem refletir a sua sombra sobre o solo público”.

Quer haja sol ou o céu esteja nublado, quer chova ou que seja de noite, no momento de taxar, o que é levado em conta é se a hipotética sombra do letreiro, caso exista, é projectada sobre o solo público.

Em Portugal até já foi recentemente inventado um imposto sobre o sol e a boa vista, mas há que reconhecer que este imposto sobre a sombra dos italianos bate todos os outros impostos em termos de criatividade – e surrealismo.

// EFE

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17 Comments

  1. Sejam honestos: em Portugal NÃO foi inventado nenhum imposto sobre o sol e a boa vista! São factores que entram no cálculo do IMI de um imóvel, isso sim.

  2. Eu acho é que TODOS deveriam pagar imposto de respiração, com desconto para os asmáticos, e acréscimo para quem anda por aí a correr feitos parvos, respirando mais do que a conta.

    • E não só. Todos os que acordam, e só pelo simples facto de acordar, já deviam pagar uma taxa, que é como quem diz uma licença para mais um dia de utilização do planeta terra. Ai acordaste! Paga.

    • Sim, com esta coisa do “aquecimento global” e do CO2, não se admire se qualquer dia começar a pagar mesmo esse imposto da respiração!…
      Os esquemas para sacar dinheiro ao povinho nunca acabam, e a imaginação anda alta, anda.

  3. Em Portugal já existe essa taxa, de corpos balançados sobre a via pública, como são os casos dos toldos, reclames e outros elementos salientes nas fachadas.
    Estamos muito à frente em matérias de taxas e taxinhas!

  4. Estas notícias são de extrema importância, este imposto faz todo o sentido e devia ser implementado em Portugal. Em alguns casos de publicidade bem planeada a informação de uma loja é acessível através da sombra dos seus espaços comerciais e até do seu reflexo, por exemplo, nos vidros e espelhos de automoveis, de lojas circundantes e até nos óculos de quem passa perto. No caso de padarias, pastelaria e afins com porta aberta, o cheiro também poderia entrar na equação e ser taxado conforme a distância e poder de persuasão. Alguns partidos políticos já pensaram no assunto e esperemos que saia algum resultado positivo para todos aqueles que gostam de um passeio sem ruído da publicidade.

    • Pode sempre ir passear para o meio do mato. E nesse caso deveria ser taxado pela realização de ruído em área silenciosa e consequente impacto na fauna local.

  5. O nome ou pretexto pelos quais são cobrados taxas é irrelevante, seja em Itália ou em Portugal ou em qualquer outro país, o assalto é efetuado de qualquer forma, seja pelo governo ou pelos privados de grandes empresas estratégicas e passo a exemplificar:
    A EDP anunciou em tempos que necessitava criar uma taxa que compensasse as perdas sofridas pelos clientes que não pagassem a fatura da luz, houve muita indignação e a medida não avançou com esse nome, então a subida da energia subiu qualquer coisinha mais e voilá, recebe-se o tal valor e até mais do que o previsto, só não é discriminado na fatura do que realmente se trata.
    O facto dos imoveis apanharem mais ou menos sol ou terem melhor o pior vista é a mesma coisa, isso não interessa para nada, o que realmente importa é a necessidade de extorquir mais capital ao pessoal.
    Se eu fosse jornalista e quisesse um titulo que causasse sensação poderia por exemplo dizer que “OS PORTUGUESES SÃO TAXADOS POR UTILIZAR AS PRÓPRIAS CASAS DE BANHO”, não é falso, é de facto o que se passa quando pagamos as taxas dos resíduos domésticos e o próprio IMI de algo que já foi totalmente pago por nós.

  6. Pois os italianos pagam a sombra nós o sol, coisas de políticos muito socializantes e muito amigos do povo para evitarem uns que fiquem branqueados demais outros para que não fiquem esturrados, tudo a bem da saúde pública!.

  7. A brincar…a brincar…
    Se uma procissão paga imposto de circulação na via pública porque não paga um funeral? Ou paga e eu não sei… Ainda era preciso fazer um seguro para a urna…

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