Itália aprova ajuda de até 60% para compra de bicicletas

Angelo Carconi / EPA

Itália aprovou uma ajuda de até 60% no valor da compra de uma bicicleta, num máximo de 500 euros, incentivando a mobilidade sustentável e uma alternativa ao transporte público, no contexto da pandemia de covid-19 e para o futuro.

Esta “ajuda à mobilidade” – incluída no decreto de auxílio financeiro aprovado na quarta-feira pelo Governo italiano e para o qual estão destinados 120 milhões de euros – será válida até ao final deste ano e poderá ser usada por todos os habitantes das cidades com mais de 50 mil pessoas.

Além das bicicletas clássicas e elétricas, os italianos poderão comprar com essa ajuda todos os tipos de veículos não poluentes, como trotinetas elétricas ou segways.

Esta é uma forma de “incentivar formas alternativas de mobilidade sustentável ao transporte público”, de acordo com um comunicado do Governo italiano.

Com as novas limitações no uso dos autocarros e do metro, que em Roma, por exemplo, circulam apenas em 25% de sua capacidade, as autoridades querem impedir que a população volte a utilização em grande escala os carros, o meio de transporte preferido pelos italianos. Dois terços da população usava o carro diariamente em 2019, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística italiano.

Cerca de 16,5 milhões de pessoas utilizavam o automóvel para se deslocarem ao trabalho, em comparação com os três milhões que andam a pé ou de bicicleta.

Governo quer estender programa

Embora a vigência da ajuda dure apenas até ao final de 2020, o Governo pretende estender esse programa de ajuda aos anos seguintes, mas dando maior destaque ao transporte público, “contra o uso de veículos altamente poluentes”.

Antes da chegada dos auxílios estatais, muitas cidades já estavam a desenvolver os seus programas para promover o uso de bicicletas, incluindo zonas pedonais nos centros históricos ou a construção de ciclovias.

A cidade de Bari (capital da região de Apúlia, no sul), por exemplo, subsidia a compra de cada nova bicicleta há anos, com valores entre 100 e 200 euros, e dá 25 cêntimos por quilómetro percorrido em bicicleta no trajeto para o trabalho, até atingir 400 euros por mês. No outro extremo geográfico, Milão já começou a construir 50 quilómetros de ciclovias, a fim de disponibilizá-las antes do verão.

O vereador para a mobilidade da cidade de Milão, Marco Granelli, explicou à agência de notícias Efe a motivação para este plano. “O transporte público não poderá abarcar o mesmo número de pessoas e, se todas as viagens forem feitas de carro, vai ser criado um grande problema ambiental”, disse Granelli.

No decreto aprovado, os regulamentos atuais são estendidos para financiar projetos de criação e expansão de ciclovias e vias reservadas ao uso do transporte público.

Para organizações ambientais, no entanto, essas medidas não são suficientes, já que não fornecem uma “estrutura regulatória” ou recursos para tornar efetivo o uso massivo da bicicleta, de acordo com uma declaração das principais associações de ciclistas.

O ministro do Meio Ambiente, Sergio Costa, garantiu que essa medida também serve de apoio a “um setor poderoso da indústria nacional, já que a Itália é o segundo maior produtor de bicicletas do mundo”.

 

A Austrália também registou uma corrida às bicicletas. Os habitantes procuram um transporte alternativo para se deslocarem e os fornecedores não conseguem dar resposta a tantos pedidos. “Somos o novo papel higiénico e toda a gente quer um pedaço. Não conseguimos acompanhar as vendas. O telefone toca sem parar”, disse Grant Kaplan, um dos responsáveis por uma loja de bicicletas em Sydney

ZAP // Lusa

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