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Israel e Hamas aceitam reunir-se no Cairo na próxima semana

Mohammed Saber / EPA-EFE

Delegações de alto nível de Israel e do movimento palestiniano Hamas aceitaram reunir-se no Cairo, na próxima semana, para reiterar a trégua mediada pelo Egipto e abordar temas como a reconstrução de Gaza e a troca de reféns.

O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gabi Askenazi, lidera a delegação de Israel neste encontro – sem precedentes – “no princípio da próxima semana”, noticiou a rádio Galatz, emissora oficial do Exército israelita.

Ismail Haniyeh, chefe político do Hamas, vai encabeçar a delegação presente no Cairo “nos próximos dias” para “conversar sobre a estabilização do cessar-fogo em Israel e na Faixa de Gaza”.

De 10 a 21 de maio, 254 palestinianos foram mortos em ataques israelitas na Faixa de Gaza, segundo autoridades locais. Em Israel, disparos de foguetes a partir de Gaza mataram 12 pessoas.

Esta quinta-feira, Israel pediu ao Conselho de Direitos Humanos da ONU para condenar os ataques do Hamas, enquanto a diplomacia da Palestina pediu ao mesmo organismo para investigar a ocupação ilegal israelita.

Para o embaixador de Israel nas Nações Unidas em Genebra, Meirav Eilon Shahar, o Conselho de Direitos Humanos “deve escolher entre uma organização terrorista que glorifica a morte ou uma democracia que valoriza a vida”.

Durante uma sessão para discutir a escalada da violência, Shahar defendeu que os ataques com mísseis contra Gaza pelas Forças Armadas israelitas foram um ato de defesa contra os ataques do Hamas.

“Em 11 dias, aquela organização terrorista lançou mais de 4400 foguetes contra civis israelitas”, argumentou, tendo perguntado à comunidade internacional “o que faria se os foguetes fossem disparados contra Dublin, Paris ou Madrid”.

O embaixador criticou o facto de quase uma em cada três sessões especiais do Conselho de Direitos Humanos ter sido dedicada à situação israelo-palestiniana e de este, “em vez de condenar o Hamas pelas suas atividades terroristas”, ter tido Israel como “alvo”.

Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Palestina, Riyad al Maliki, pediu para que uma missão investigue a ocupação ilegal de Israel em território palestiniano, que denominou de “sistema colonialista”.

Temos de colocar um fim a este apartheid. Temos de terminar este sistema colonialista israelita, permitindo que o nosso povo exerça o seu direito à autodeterminação e à independência”, disse al Maliki.

“Este inferno pode acabar se houver vontade política internacional”, explicou o chefe da diplomacia palestiniana, que pediu ao Conselho para apoiar uma resolução que será votada ainda hoje neste órgão, exigindo, entre outras coisas, a formação da mencionada missão de investigação.

Al Maliki acusou Israel de organizar uma agressão facilitada por políticas que “dão impunidade a um regime covarde e racista, que mata crianças e viola todas as normas do Direito Internacional”.

“Israel é uma potência ocupante. Assim, os palestinianos têm o direito de se defender e de resistir à ocupação”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, que também pediu a imposição de boicotes e sanções políticas e económicas contra Israel.

Depois de 11 dias de confrontos, entre ataques aéreos israelitas e o lançamento de rockets por parte do movimento radical islâmico, o cessar-fogo entre as duas partes parece manter-se.

Controlada pelo Hamas desde 2007, a Faixa de Gaza é um enclave palestiniano sob bloqueio israelita há mais de uma década e onde vivem cerca de dois milhões de pessoas.

Esta escalada de violência, considerada a mais grave desde 2014, começou a 10 de maio, após semanas de tensões entre israelitas e palestinianos em Jerusalém Oriental, que culminaram com confrontos na Esplanada das Mesquitas.

Palestinianos entraram em confrontos com a polícia em resposta às operações policiais israelitas durante o Ramadão e à ameaça de despejo de dezenas de famílias por colonos judeus.

ZAP // Lusa

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