Como Israel está a usar a “Doutrina Dahiya” para destruir o Hamas e o Hezbollah

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Mohammed Saber / EPA

Um idoso palestiniano reage à área destruída após ataques aéreos israelitas em Gaza

A estratégia de Israel para eliminar altos comandantes do Hamas e do Hezbollah assenta na chamada “Doutrina Dahiya” que se baseia no “uso de força desproporcionada” e no “ataque deliberado a civis”.

Israel conseguiu, nesta semana, matar mais um dos líderes do Hamas, Yahia Sinwar, concluindo, assim, a eliminação da cúpula do grupo terrorista. Um triunfo que resulta de uma estratégia militar conhecida como “Doutrina Dahiya” e que é usada por Israel há vários anos sem olhar a meios para atingir os fins pretendidos.

Esta abordagem foi idealizada pelo ex-chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, Gadi Eisenkot, que se reformou em 2019, mas que Netanyahu recuperou para o seu gabinete de guerra como consultor. Um regresso que fez retornar em força uma “doutrina” polémica e destruidora.

O que é a “Doutrina Dahiya”?

Esta estratégia militar israelita baseia-se no “uso de força massiva e desproporcionada” e no “ataque deliberado a civis e a infra-estruturas civis”, como explica o Instituto para o Entendimento do Médio Oriente (IMEU na sigla em Inglês).

O nome vem dos sucessos conquistados por Israel no bairro de Dahiya em Beirute, no Líbano, em 2006, quando a Força Aérea israelita realizou ataques aéreos massivos para atingir o grupo paramilitar libanês Hezbollah.

Acabou por causar a destruição massiva de várias infraestruturas civis, incluindo pontes, portos, sistemas de esgotos e de energia, causando grandes danos à própria economia do Líbano, além da morte de mais de mil civis, muitos dos quais crianças.

Foi uma espécie de “castigo colectivo” a toda a sociedade libanesa pelos actos do Hezbollah que foi atacado como se fosse um Estado.

Israel está a actuar precisamente da mesma forma em Gaza, apesar da violação das leis internacionais que proíbem o uso desproporcionado da força, bem como a definição de civis, e de infraestrururas civis, como alvos.

Causar “um impacto duradouro” e “dissuasor”

Além dos bombardeamentos massivos, Israel também já cortou o fornecimento de vários serviços essenciais a Gaza, incluindo de água e de comida, e criou as chamadas “zonas de morte”, onde qualquer pessoa se torna um alvo militar.

Os ataques sistemáticos a Gaza sucedem-se com a morte de milhares de crianças e de civis, e a destruição de hospitais e escolas. Organizações humanitárias internacionais também acusam Israel de usar a “fome de civis como arma de guerra“.

O objectivo é causar o maior dano possível para “eliminar o Hamas” e “encurralar os palestinianos numa pequena zona no sudoeste de Gaza, onde possam ser mais facilmente controlados”, como analisava o professor Paul Rogers da Universidade Bradford (EUA) num artigo de opinião publicado no jornal britânico The Guardian no final de 2023.

A “Doutrina Dahiya” vai muito para lá de “derrotar um adversário num conflito breve e pretende ter um impacto verdadeiramente duradouro“, com a “destruição da economia e das infraestruturas estatais, com muitas vítimas civis, com a intenção de alcançar um impacto dissuasor sustentado“, considerava ainda Rogers.

A longo prazo, a intenção é “deixar totalmente claro que Israel não aceitará qualquer oposição” e que “as suas forças armadas manterão poder suficiente para controlar qualquer insurreição” e “ameaça”, analisava também o professor.

Em Maio de 2024, o Procurador-Chefe do Tribunal Penal Internacional requereu mandados de detenção contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e contra o ministro da Defesa do país, Yoav Galant, por crimes de guerra e crimes contra a humanidade, incluindo “extermínio”.

A ONU já tinha concluído num relatório publicado em 2019, que as incursões de Israel, nesse ano, em Gaza, foram “um ataque deliberadamente desproporcional concebido para punir, humilhar e aterrorizar uma população civil“, bem como para “diminuir radicalmente a sua capacidade económica local, tanto para trabalhar como para se sustentar, e para lhe impor um sentimento cada vez maior de dependência e vulnerabilidade”.

Susana Valente, ZAP //

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9 Comments

  1. É melhor fazer a doutrina que fizeram no Afeganistão e Iraque e estarem décadas em guerra…. Guerras contra os islm duram séculos caso estas flores de estufa tenham se esquecido, Portugal só os expulsou depois de 7 séculos de batalhas sangrentas por ter deixado não vivos 4 Reis mouros…. Se não cortar a cabeça da Serpente nunca vai acabar. Qualquer tratado de paz é visto como tréguas temporárias de um MÁXIMO de 10 anos para recuperar forças e depois sem aviso, continuar a guerra. De nada por a explicação quem quiser confirmar Livro Reliance of the Traveller, Sharia LAW paginas 604, 605

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  2. Se estes “comentadores” tivessem vivos no tempo que os aliados terem entraram em Berlim e deixado “não vivo” o Hitl iam todos começar a chorar por ele, que ele era vegetariano, gostava de animais e era boa pessoa…. Tenham V na cara, o Sin War aterrorizou e deixou “não vivos” milhares de palestinianos durante 30 anos de terror. Ele era um monstro

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  3. O principal radical continua protegido o primeiro ministro de Israel, em portugal ninguem quer a direita, mas a de Israel tudo apoia vao todos levar, nas algas , ir perto da Covilhã ali naquele zona

  4. Os Talibãs deixaram de ser terroristas para passarem a ser afegãos.
    Hitler queria acabar com os judeus, ao contrário dos cidadãos do Hamas e do Hezbollah.
    Os judeus passaram da condição de vítimas a carrascos de cidadãos do Hamas e do Hezbollah, que defendem a democracia, respeitam a Mulher, não usam civis nem edifícios de escolas e hospitais como “escudo”.
    Então, depois de tantas manifestações contra o genocídio nazista, somos levados a crer que os nazistas estavam certos, como estão os cidadãos do Hamas e do Hezbollah, apoiados pelo Irão, governado em democracia e com muito respeito pelos Direitos Humanos.

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    • Já que tens a mente tão turva com Propaganda pode me dizer quantos jud vivem em Gaza desde que Hmas subiram ao poder? Podes contar jud nas campas (cemitério). Sabes quantos ZERO. Sabes qual era o cstigo de um israelita jud entrar em gaza para fazer turismo? Aprender a voar do quinto andar…. Sabes que os irmandade tem como objectivo o cessar da raça jud@ica para o mao mé voltar. Sabes o que é Califas mundial que eles os da irmandade querem implantar? Sabes como és (não-muckl) dirigido nos livros de lei deles? És uma pessoa não-livre apenas um escr par os servir. desculpa o português a ces é dura aqui

      • Caro Miguel Horta, como sabes, é politicamente incorrecto fazer comentários com a verdade. Logo, para o texto ser publicado, tenho que usar a ironia. Dá um pouco de trabalho, mas… se fizeres esse exercício, vais ter outra opinião sobre o que escrevi. Abraço.

      • Nada justifica um genocídio! Nem a morte de 1000 inocentes pode justificar a morte de dezenas de milhares de inocentes! O que israHell está a fazer é terrorismo puro, com a cumplicidade da europa e dos eua. israHell conseguiu fazer da terra santa um verdadeiro inferno! E, já agora, a Palestina não teve culpa nenhuma da m@rda que a alemanha fez na WWII!

  5. Os nazis tinham uma doutrina militar semelhante.
    Estaline tinha uma política militar semelhante.
    Putin tem uma doutirna militar semelhante.
    Netanyahu tem a quem sair.
    Espero que Haia venha a fazer justiça.

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