Israel admite invadir Líbano. Há plano para retirar portugueses da região

WAEL HAMZEH/EPA

Soldados libaneses protegem a área no subúrbio sul de Beirute após um ataque militar israelita, em Beirute, Líbano.

“Estamos a preparar a vossa entrada em força”, disse o chefe do Estado-Maior do Exército israelita aos soldados. Luís Montenegro afirmou que existe “um plano para poder retirar cidadãos portugueses que possam estar lá.”

O chefe do Estado-Maior do Exército israelita disse esta quarta-feira aos soldados, durante um exercício na fronteira norte, para se prepararem para uma possível “entrada” no Líbano, onde Israel tem intensificado ataques após o disparo de rockets pelo Hezbollah.

“Podem ouvir os aviões aqui. Estamos a atacar o dia todo, tanto para preparar a área para a possibilidade da vossa entrada, mas também para continuar a atacar o Hezbollah”, disse o general Herzi Halevi, dirigindo-se aos soldados de uma unidade blindada envolvida num exercício na fronteira com o Líbano, de acordo com um comunicado do Exército.

“O objetivo é muito claro: trazer de volta os habitantes do Norte com total segurança. Para isso, estamos a preparar o rumo da manobra (…), a vossa entrada em força, o confronto com os homens do Hezbollah que verão o que são lutadores profissionais, muito competentes e experientes”, argumentou Halevi, nas mesmas declarações divulgadas pelo Exército.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, garantiu ainda que as forças armadas vão continuar a atacar “com força” as posições do grupo xiita libanês Hezbollah até que seja garantido o regresso dos deslocados do norte do território israelita.

O Presidente norte-americano Joe Biden admitiu esta quarta-feira ser possível “uma guerra total”, à medida que os combates entre Israel e o Hezbollah se intensificam, mas esperando ser ainda possível encontrar uma saída para evitar mais derramamento de sangue.

Há plano para retirar portugueses no Líbano

O Governo português tem mecanismos prontos para retirar portugueses que queiram sair do Líbano, afirmou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, salientando que as autoridades portuguesas desaconselham deslocações para este país.

Em resposta aos jornalistas, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, Luís Montenegro afirmou que existe “um plano, uma programação para poder retirar cidadãos portugueses que possam estar lá [no Líbano], de acordo com a evolução da realidade no terreno e também de acordo com a cooperação com outros países parceiros, nomeadamente no âmbito da União Europeia”.

“Nós temos estado em contacto, desde há muito tempo, com todos os portugueses que estão identificados e, portanto, de que nós temos registo que estejam naquele território, e temos mecanismos que estão prontos para poder fazer o apoio que é necessário para a sua retirada”, reforçou, lembrando que “isso também tem uma componente que é individual, as pessoas têm de tomar a decisão”.

“Têm de nos comunicar, e nós temos de enquadrar, seja numa operação que pode acontecer promovida por nós, seja numa operação que também pode acontecer promovida por algum Estado nosso amigo e parceiro, com o qual iremos colaborar, numa perspetiva de naturalmente conjugar os interesses de todos e tirar cidadãos de todas as nacionalidades deste teatro de operações”, completou.

Luís Montenegro manifestou “muita preocupação e apreensão” pelo “aumento da escalada de violência” no Líbano e subscreveu “todos os apelos a um esforço adicional de contenção”.

Interrogado sobre os portugueses que residem neste país, o primeiro-ministro salientou que as autoridades portuguesas desaconselham deslocações para este e outros “locais de maior conflito” e que o Ministério dos Negócios Estrangeiros emitiu uma recomendação nesse sentido.

“Evidentemente, nós não mandamos na vontade das pessoas, mas emitimos essa recomendação, obviamente, porque temos a plena noção de que hoje é mesmo muitíssimo perigoso viajar para aqueles destinos, nomeadamente para o Líbano e para toda a zona envolvente”, acrescentou.

O Exército israelita informou que estava a realizar ataques de “grande escala” no sul do Líbano e no Vale do Bekaa, no leste, bastiões do movimento xiita Hezbollah.

Os ataques ocorreram algumas horas depois de o Exército israelita ter anunciado a interceção de um míssil disparado contra Telavive pelo movimento islamita libanês Hezbollah.

O Exército israelita afirmou ter atingido mais de 280 alvos do Hezbollah, incluindo 60 alvos dos serviços de informação do grupo xiita libanês, bem como vários lançadores de ‘rockets’.

Israel e o Hezbollah têm trocado tiros na fronteira israelo-libanesa desde a ofensiva israelita em Gaza que se seguiu ao ataque do grupo palestiniano Hamas de 07 de outubro de 2023.

As forças israelitas aumentaram nos últimos dias a intensidade dos ataques no Líbano, fazendo recear o alastramento do conflito.

Um ataque na segunda-feira matou mais de 500 pessoas no Líbano, o número mais elevado de vítimas mortais desde a última guerra entre o Hezbollah e Israel em 2006.

Já nesta quinta-feira, o Exército israelita anunciou ter atacado ao longo da noite 75 alvos militares do Hezbollah no sul do Líbano e na região de Bekaa (leste).

Os aviões de guerra israelitas “atacaram durante a noite cerca de 75 alvos terroristas do Hezbollah na região de Bekaa e no sul do Líbano, incluindo depósitos de munições, lançadores prontos a disparar (contra o território israelita), edifícios militares, terroristas e infraestruturas terroristas”, indicaram os militares de Israel em comunicado.

Um ataque aéreo de Israel matou pelo menos 23 sírios – a maioria mulheres e ciranças – em Younine, no Líbano. O ataque decorreu durante a madrugada, disse à agência Reuters o presidente da câmara local, Ali Qusas, à Reuters.

Refira-se que o Líbano tem cerca de 1,5 milhões de sírios que fugiram da guerra civil na Síria.

 

ZAP // Lusa

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