A empresária angolana utilizou dinheiro da maior operadora móvel do país para comprar ações da Zon e realizar a fusão entre a Zon e a Optimus, criando a NOS.
Segundo o Público, entre maio de 2012 e agosto de 2013, Isabel dos Santos recorreu sete vezes aos cofres da Unitel SA, a maior operadora móvel de Angola e da qual é presidente do conselho de administração, para garantir os financiamentos com que construiu um pequeno império das telecomunicações em países como Portugal, onde divide o controlo da operadora NOS com a Sonae.
O jornal escreve que estão em causa sete empréstimos a dez anos, com um valor global à volta dos 360 milhões de euros, dinheiro que foi empregue também em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
Em Portugal, no ano de 2012, a sociedade da filha do ex-Presidente angolano, que primeiro se chamava Jadeium e depois passou a designar-se Unitel International Holdings, investiu 177,8 milhões na Zon Multimédia e, no verão do ano seguinte, foram mais 145 milhões para a fusão entre a Zon e a Optimus.
De acordo com o diário, como é presidente do conselho de administração da Unitel SA, Isabel dos Santos assinou as operações tanto do lado de quem emprestou o dinheiro como de quem recebeu.
Questionada pelo jornal sobre se algum dos empréstimos já foi reembolsado, a empresária angolana não quis dar nenhuma resposta. Porém, para a Unitel SA, “todos os empréstimos e transacções financeiras são legítimos e legais e reflectidos nos relatórios de contas da Unitel e encontram-se devidamente auditados pelo auditor externo PwC”.
Já a operadora brasileira Oi, que em 2014 herdou a participação da antiga Portugal Telecom em África e trava há vários anos um braço-de-ferro contra os outros sócios angolanos da Unitel SA devido aos dividendos da operadora, tem uma visão diferente.
“Na visão da PT Ventures os empréstimos feitos à Unitel International Holdings BV, parte relacionada de um dos accionistas da Unitel, não contaram com as devidas aprovações societárias, sendo portanto transacções irregulares“, disse ao jornal fonte da empresa, acrescentando que “foram feitos em condições muito mais vantajosas que aquelas praticadas no mercado”.