Isabel dos Santos diz ser vítima de uma “caça às bruxas”

Tiago Petinga / Lusa

A empresária angolana Isabel dos Santos

Em entrevista à Reuters, Isabel dos Santos diz ser vítima de uma “caça às bruxas” planeada para enfraquecer a influência do pai, Eduardo dos Santos.

“Este é um julgamento político, há um Estado perseguidor e magistrados servis e partidários. E depois há uma mulher escolhida para ser exemplo como bode expiatório. Sou eu”, disse a empresária angolana Isabel dos Santos, em entrevista à Reuters. “O que está a acontecer é uma forma de neutralizar qualquer pessoa que possa influenciar uma mudança de rumo dentro do MPLA.”

A empresária sublinha ainda que os procuradores do caso avançaram com a investigação com base em “mentiras, falsos testemunhos e também documentos falsos“.

A filha do ex-Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, acrescentou ainda que não foi contactada antes do arresto para qualquer comentário ou defesa e que soube da ação judicial pelos jornalistas, quando estes lhe pediram para fazer um comentário.

Sobre a Sonangol, a empresária diz que o Presidente angolano, João Lourenço, “pode não ter outra hipótese” que não a de privatizar a empresa. A Sonangol é uma das 175 empresas que integra a lista de companhias que o Governo de Angola planeia privatizar até 2022.

O Tribunal Provincial de Luanda decretou a 30 de dezembro o arresto preventivo de contas bancárias pessoais de Isabel dos Santos, do marido, Sindika Dokolo, e do português Mário da Silva, além de nove empresas nas quais a filha do antigo Presidente detém participações sociais.

O tribunal acusou-os de ocultarem “património obtido às custas do Estado”, sustentando ainda que a filha do antigo Presidente angolano, através do seu sócio Leopoldino Fragoso do Nascimento, estaria a “tentar transferir alguns dos seus negócios para a Rússia”.

O tribunal estima que o valor das perdas para o Estado angolano ultrapassa os mil milhões de dólares, cerca de 894 milhões de euros.