Irão tentou matar político em Madrid num “aviso à Europa”

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Alejo Vidal-Quadras

A justiça espanhola concluiu que o Irão tentou matar o político Alejo Vidal-Quadras, em 2023, em Madrid, como um aviso à União Europeia (UE).

Espanha prepara-se para julgar oito pessoas por, em 2023, tentarem matar Alejo Vidal-Quadras, um ex-dirigente do Partido Popular e fundador do Vox em nome do regime iraniano e como aviso a Espanha e à Europa.

O atentado aconteceu a 9 de novembro de 2023, numa rua de Madrid, e pretendia ser uma “vingança da sua atividade política em favor da resistência iraniana, assim como avisar o Governo de Espanha e a União Europeia de que não devia acolher os movimentos dessa resistência, que o regime iraniano qualifica como terroristas”, lê-se num despacho do juiz da Audiência Nacional, a instância em Espanha que investiga e julga os crimes mais graves.

No documento, datado de 9 de julho, a que a Lusa teve acesso, o juiz processa oito pessoas, de diversas nacionalidades, acusadas de crimes de pertença a associação criminosa e tentativa de homicídio terrorista.

Alejo Vidal-Quadras, hoje com 80 anos, foi atingido a tiro na cara por um homem que abandonou o local numa moto conduzida por outra pessoa e que acabou detido nos Países Baixos, meses mais tarde.

Inicialmente, o suspeito havia fugido para Portugal, segundo as conclusões da investigação judicial contidas no despacho do juiz.

A justiça espanhola lembra o percurso político de Vidal-Quadras, ex-dirigente do Partido Popular de Espanha (PP), sobretudo o período em que foi eurodeputado e vice-presidente do Parlamento Europeu (de 1999 a 2014), marcado pelo apoio à oposição iraniana e pelo ativismo em defesa de diversos movimentos de resistência ao regime de Teerão, como a organização ‘Mujahidines’ do Povo (MEK).

Uma atividade que, como realçou o juiz da Audiência Nacional de Espanha, levou a que fosse conhecido como “o homem do MEK em Bruxelas”.

O alvo estava, por isso, bem definido

No despacho judicial a que a Lusa teve acesso, a justiça espanhola diz que o atentado contra Vidal-Quadras foi encomendado diretamente aos oito acusados de o concretizar por pessoas cuja identidade não conseguiu apurar durante a investigação. Mas não tem dúvidas sobre os objetivos, que passavam por acabar com a vida de “uma personalidade de referência a nível europeu da oposição ao regime iraniano”.

Dias depois do atentado, em 14 de novembro de 2023, surgiu “uma advertência” direta ao governo espanhol e outros países europeus por parte do regime do Irão, realça ainda o despacho, que cita um texto da agência de notícias semioficial iraniana Fars sobre as “consequências graves” para Espanha do apoio à resistência e a opositores iranianos.

O juiz refere ainda que o Irão tem estado envolvido em “operações encobertas” para “perseguir, intimidar e inclusivamente assassinar opositores, dissidentes e vozes críticas” em diversos países europeus, havendo investigações abertas nos Países Baixos, Dinamarca ou Reino Unido.

Alguns dos oito processados, que o juiz da Audiência Nacional de Espanha envia para julgamento, têm antecedentes criminais e/ou estão a ser investigados por outros crimes noutros países, segundo o mesmo despacho.

O julgamento dos oito acusados não tem data para começar e a sua realização depende ainda de alguns procedimentos judiciais em Espanha.

Alejo Vidal-Quadras, que ficou com sequelas físicas do atentado, acusou sempre o regime iraniano de estar por trás do ataque.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. E porque é que este espanhol tinha que meter o bedelho em assuntos internos do Irão? Se não tentasse interferir na vida dos outros não tentavam interferir com a dele.

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